Crónicas publicadas no jornal Notícias de Coura desde outubro de 2012
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
Obrigado Ronaldo!
terça-feira, 13 de dezembro de 2022
Vamos é ver a bola
terça-feira, 29 de novembro de 2022
O discurso
A importância de um discurso é inegável. Podendo ser definido como uma simples comunicação, envolve não só quem o profere, os seus ouvintes e o tema, mas também algo que pode fazer toda a diferença, a forma e a convicção de quem discursa. E se alguém não concordar oiça por favor a declamação de “A nêspera que fica deitada” por Mário Viegas (basta procurar no Youtube). Na voz de muitos mortais seria mais um texto absurdo, na voz certa, até a lista telefónica se pode tornar interessante!
Vem este assunto a respeito da último discurso de António Guterres!
A discursar na Cimeira Climática da ONU, Guterres começou por afirmar “O
mundo está a perder a corrida contra a crise climática, mas estou esperançoso
por vossa causa. Têm sido implacáveis ao pedir contas aos decisores.” Parou
uns segundos e deu-se conta que aquele era o discurso errado… e afirmou-o
perante a plateia que riu com tal sinceridade: “Acho que me deram o discurso
errado!” O irónico da situação é Guterres estar perante os decisores, nunca
poderia estar esperançoso da sua causa, nos últimos tempos estas grandes
“conferências climáticas” limitam-se a enumerar os problemas existentes, a
assumir os erros cometidos, a estabelecer metas e ações a levar a cabo bem como
definir prazos, mas os anos vão passando e os problemas agravam-se. Guterres é
uma personalidade carismática, até quando se engana cria momentos
inesquecíveis, quem não se lembra de quando era 1.º Ministro e se baralhou nas
contas do PIB e terminou a dizer: “é fazer a conta!” Não poderemos estar mais de acordo quando Guterres
diz que o mundo está a perder a corrida contra a crise climática, já nos
devemos mostrar algo preocupados quando diz estar esperançoso por causa dos
jovens.
Em Portugal, os últimos dias têm sido marcados pelos
protestos de alguns jovens que se manifestam em escolas e universidades pelo
fim dos combustíveis fósseis, a demissão do Ministro da Economia e o fim dos
exames nacionais. (Esta parte dos exames deixou-me a pensar, será que querem
mesmo acabar com eles para se poupar papel? Ou querem uma alternativa aos
mesmos para entrar no ensino superior? Seja uma ou outra, eu concordo.)
Quando entrevistados por alguns órgãos de comunicação social,
muitos dos jovens ficaram baralhados, não sabiam sequer a razão pela qual
estavam a protestar. Um dos jovens que foi à televisão pediu a demissão do
Ministro da Economia pois o plano de resiliência tinha “fósseis por todo o
lado”! É importante os jovens protestarem, a causa é nobre, mas era bom que
soubessem do que estão a falar, dar tempo de antena a discursos destes é um
absurdo. Um outro jovem afirmava não ser preocupante faltar às aulas e perder a
formação, “de que serve a formação sem planeta”? Até posso ser tentado a
concordar, mas também tenho o direito de ficar preocupado com o futuro do
planeta, com jovens assim. Obviamente que estes entrevistados não são o espelho
da maioria (espero eu), o que é aborrecido é as televisões escolherem sempre os
menos preparados, já parecem aqueles entrevistas de rua onde os entrevistados
são sempre os que não sabem nada do assunto, ou são gagos, ou são estrangeiros
e não falam português! Fica aqui um conselho aos jovens: protestem, causas não
vos faltam, mas estudem-nas e escolham depois um porta-voz, daqueles capazes de
convencer um careca a comprar um pente e produtos para o cabelo!
A importância do discurso é primordial, assim fez Biden quando nos últimos dias chamou camaradas aos Republicanos quando ainda não tinha garantida a maioria no Senado; assim fez Lula da Silva quando disse ir ser o Presidente de todos os brasileiros, quando ainda estava receoso daquilo que poderiam fazer, e fizeram, os apoiantes radicais de Bolsonaro perante a derrota. Assim fez também o Ministro da Economia, António Costa Silva, quando afirmou estar solidário e disponível para ouvir os ativistas. Faça-o Sr. Ministro, mas antes disso envie-lhes por favor o Plano de Recuperação e Resiliência para que os jovens o possam ler, só dessa forma podem ter argumentos para o questionar e sugestões para lhe apresentar.
Crónica publicada na edição 444 do Notícias de Coura, 22 de novembro de 2022.
terça-feira, 15 de novembro de 2022
Alarmes nas latas de atum
No dia em que o Brasil escolhe o seu próximo presidente, dirão alguns que escolhe o “pior de dois males”, ainda sou tentado a esperar pelo dia de amanhã para escrever a minha crónica, mas não o vou fazer. Já na última edição cumpri a minha obrigação com dois dias de antecedência (e eram dois artigos!). Cumprir as obrigações antes do prazo dá um alívio gratificante, chego à segunda-feira com mais tempo livre e sem aquela sensação de “tem de ser hoje, ou amanhã de manhã!”. Vamos ver por quantas semanas o conseguirei fazer.
Já tinha o assunto destinado para
esta crónica desde que li e ouvi as notícias sobre o tema que dá título à mesma.
É assustador saber que os supermercados estão a colocar alarmes nas garrafas de
azeite, nas latas de atum, no bacalhau, no salmão e até nas salsichas. Mais do
que assustador, é triste ouvir que são os mais idosos a roubar para dar de
comer aos filhos, e algumas mães que se veem nessa necessidade para alimentar
os filhos. Roubar para comer é um sintoma preocupante da grave crise social que
se aproxima. Estranhei tanto esta medida que tive a preocupação de verificar
quando fui às compras, e é mesmo verdade, já não são só as garradas de whiskey
e os vinhos mais caros que têm alarmes. Qualquer dia, ou colocam alarmes em
tudo, ou têm de colocar um segurança em cada corredor para vigiar os
compradores. A inflação é galopante, tive a curiosidade de comparar os preços
de alguns produtos que comprei há um ano com os atuais, bens essenciais como
água, leite, massa, atum, pão e manteiga, aumentaram todos mais de 40%, alguns
deles chegaram quase aos 100% de aumento, como por exemplo a massa que passou
de 0,49€ para 0,89€.
As notícias que diariamente podemos
ler são preocupantes, a taxa de inflação aproximou-se dos 17% no último mês; no
segundo trimestre deste ano o número de insolvências particulares registou um
acréscimo de 15%; as portagens podem subir mais de 10% em janeiro; o aumento do
salário mínimo pode ser incomportável para muito setores da economia; a Rússia
bloqueou a exportação de cereais; há cada vez mais pedidos de ajuda, não só das
famílias mas até de muitas instituições; o BCE (Banco Central Europeu) voltou a
aumentar as taxas de juro; os preços dos combustíveis continuam altos, baixam
duas ou três semanas, mas sobem logo a seguir para valores iguais aos que se
registavam antes das diminuições… enfim, é desgraça atrás de desgraça.
Enquanto isso, debate-se no
Parlamento o Orçamento de Estado para 2023. Debate-se apenas por obrigação,
seja ele qual for, tem a aprovação garantida pela maioria absoluta que os
Portugueses deram ao Partido Socialista. Curioso o facto de ter sido aprovado
na generalidade exatamente um ano depois do chumbo anterior e que provocou
eleições antecipadas. Os deputados que restam do PCP e do BE ainda devem estar
hoje a pensar: - “O que fomos nós arranjar.”.
Em suma, o governo apresentou algumas
medidas para apoiar as famílias com créditos à habitação, uma taxa sobre os
lucros extraordinários de algumas empresas e a atualização de pensões e
salários. Estes aumentos são um autêntico truque, uma vez que vão ser
completamente absorvidos pela inflação. E enquanto os trabalhadores vão fazendo
contas à vida, o Estado vê as receitas fiscais aumentarem 21,6% face ao mesmo
período do ano passado. Costuma-se dizer que “O Estado somos todos nós”, mas
perante estes valores começa a ser difícil acreditar.
Se me fossem permitidas duas
sugestões, eu aconselhava taxar os bens essenciais com a taxa de IVA de 0%, até
a inflação estar controlada e as taxas de juro voltarem a valores a rondar o
1%. Aconselhava também a não meter mais 1 cêntimo na TAP, e a distribuir esses
milhões pelos portugueses. Mas a TAP sempre foi um poço sem fundo, um problema
que ninguém quer resolver. Talvez à semelhança do novo aeroporto… afinal, isto
anda tudo ligado.
terça-feira, 1 de novembro de 2022
Dez anos de crónicas
Foi a 23 de outubro de 2012 que foi publicada a minha primeira crónica no Notícias de Coura. Os primeiros textos não tinham título, mas logo no primeiro bem lhe podia ter chamado: Escrever sobre tudo e nada! Começava logo com aquela minha mania de, não sabendo o que escrever, ou não tendo um assunto suficientemente rico que me permitisse escrever mais de uma página, deambular por vários assuntos, e justificar as razões pelas quais não os aprofundava. Perceberam desde cedo os leitores que mesmo sem assunto, eu conseguia sempre safar-me e cumprir a minha obrigação de escrever pelo menos uma página e meia! Para esta crónica já há muito que tinha planos, eu sabia que em outubro deste ano se cumpriam dez anos de crónicas, e nada melhor do que lembrar algumas delas:
As Comédias do Minho, fevereiro de
2013: Ainda hoje me
surpreende como é possível existir uma companhia de teatro desta magnitude, tantos
projetos de qualidade e com tantos profissionais fantásticos envolvidos, um
exemplo daquilo que deviam ser algumas das prioridades de quem nos governa.
Coisas que me irritam, maio de 2014: Escrevia eu nesta crónica sobre três
coisas que me irritavam, as pipocas no cinema, as luzes dos flashes no teatro e
as crianças a chorar nos espetáculos. Hoje irritam-me menos, deixei os palcos,
e já não frequento espetáculos com a regularidade que Coura me proporcionava!
Um título que me encheu de alegria,
março de 2015:
Ficava eu nesta altura feliz por saber das obras que se avizinhavam na escola
secundária de Paredes de Coura. Depois dessas, outras obras vieram e mudaram
completamente a escola que em 2006 conheci. As condições físicas das escolas
não são o mais importante, mas que ajudam, ajudam!
Campeões, julho de 2016: Finalmente a seleção A de futebol
ganhava um grande título, o Europeu de futebol. Alegria ainda mais intensa por
ser contra a França, e em Paris. Hoje, os críticos de Fernando Santos continuam
a ser muitos e a afirmar que ainda agora não sabem como fomos campeões da
Europa. Quem me dera ver Portugal campeão do Mundo, mesmo sem saber como!
O autocarro, março de 2017: o autocarro do município continua a
ser uma das suas melhores imagens, onde passa continua a fazer virar cabeças,
os desenhos alusivos às tantas “coisas” de Coura não deixam ninguém
indiferente.
As provas de aferição, maio de 2018: Suspensas durante a pandemia, as
provas de aferição voltaram, e em força. Continuo a achá-las um perfeito
disparate, não aferem absolutamente nada que os Professores não saibam.
Continuam a ser um desperdício absoluto de recursos financeiros e humanos.
Ainda nenhuma medida foi tomada com base nos resultados obtidos. Mas pelos
vistos, o importante é aferir.
Obrigado Mister, dezembro de 2019: Jorge Jesus levava o Flamengo à
vitória na Taça dos Libertadores e era campeão do Brasil. Depois do que lhe
aconteceu na academia do Sporting e das lágrimas que derramou quando deixou
Portugal, era justo que vivesse tal felicidade. Depois disso fez uns quantos
disparates, mas não apagam a alegria que deu a milhões de brasileiros, e
certamente a milhares de portugueses.
O perigo da Cidadania, setembro de
2020: Escrevia eu
nesta altura sobre aqueles dois alunos de Famalicão que reprovaram na
disciplina de Cidadania por falta de assiduidade, pois os pais não aceitavam
que tais conteúdos fossem abordados com os seus filhos. A situação ainda hoje
não está ultrapassada. Em breve, e se a proposta do PS (que obviamente será
aprovada na Assembleia da República), entrar em vigor, as crianças vão poder
escolher qual a casa de banho que querem usar (rapazes ou raparigas).
Certamente os Pais de Famalicão vão proibir as suas crianças de as frequentar,
nunca se sabe quem lá poderão encontrar.
Orienta-me aí uma vacina, fevereiro
de 2021: Começavam a
chegar as vacinas contra a Covid-19 a Portugal e, começavam os esquemas
fraudulentos de arranjar vacinas para a família e os amigos. Foi necessário
colocar um militar a tomar conta do processo para repor a dignidade do processo.
Em boa hora, Vice-Almirante Gouveia e Melo.
Dez anos de crónicas, outubro de 2022: Parabéns a mim por chegar aos 10 anos como correspondente do NC. Obrigado ao Diretor pela confiança e aos leitores pela paciência.
Crónica publicada na edição 442 do Notícias de Coura, 25 de outubro de 2022.
terça-feira, 18 de outubro de 2022
O desespero de Putin
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
O perigo das crianças no futebol.
terça-feira, 20 de setembro de 2022
A 125 azul!
terça-feira, 9 de agosto de 2022
Será desta que vou falhar?
terça-feira, 26 de julho de 2022
Um país outra vez a arder
terça-feira, 12 de julho de 2022
A Jéssica é apenas mais uma
terça-feira, 28 de junho de 2022
Cavaco, Sócrates e Rendeiro.
segunda-feira, 20 de junho de 2022
A América.
No passado dia vinte e quatro de maio, um jovem de dezoito anos entrou armado numa escola do Texas e matou dezanove alunos e dois professores. Desde 2013, foram mais de cinquenta os massacres em escolas dos Estados Unidos.
Na América, aquela que tantas vezes é
chamada da “terra das oportunidades” é mais fácil comprar uma arma do que
adotar um animal de estimação, basta ter 18 anos e ir a uma loja. Muitos destes
atacantes são depois abatidos pela polícia ou cometem suicídio. Nada que repare
os danos que fazem em poucos minutos e que prolongam para a eternidade em dezenas
de famílias. Surgem depois as tentativas de explicar as razões: jovens
problemáticos que sofreram abusos, famílias mal estruturadas, situações de
bullying. Comum é o facto de serem tipicamente indivíduos desequilibrados do
ponto de vista mental e que, e aqui está na minha opinião o fator decisivo,
terem a oportunidade, ou seja, têm acesso fácil a armas de fogo.
No Texas, qualquer pessoa pode comprar uma arma a partir dos dezoito anos, basta apresentar o documento de identificação para verificar se o cadastro está limpo, preencher um formulário, escolher a arma e pagar. Tão simples quanto ir comprar um maço de cigarros. Na via pública, a partir dos 21 anos, qualquer cidadão pode carregar consigo uma arma de fogo, sem qualquer tipo de restrição ou licença necessária.
Muitos países têm pessoas com desequilíbrios e problemas mentais, mas estes tiroteios só acontecem com frequência nos Estados Unidos. Porquê? Perguntou indignado o Presidente dos Estados Unidos Joe Biden, acrescentado: “Por amor de Deus, quando vamos enfrentar o lobby das armas?”A resposta pode muto bem ser dada pelos acontecimentos posteriores ao massacre. No fim-de-semana seguinte ao dia do ataque, realizou-se a convenção anual da National Rifle Association, entidade que há mais de um século defende o direito dos cidadãos dos Estados Unidos à posse e porte de armas de fogo. Haverá melhor exemplo da força do lobby? Vários membros desta entidade são políticos influentes, o que justifica a razão do Congresso não conseguir aprovar leis para controlar as armas. Neste evento, discursaram o Governador e o Senador do Texas e, o ex-Presidente Donald Trump. Ninguém esperaria nada diferente, Trump defendeu o fim da proibição de armas em zonas escolares, acrescentado que todas as escolas deviam ter uma só entrada, cercas fortes, detetores de metal e um guarda armado à porta. Já em tempos ele defendeu que cada professor devia ser portador de uma arma.
Voltando ao massacre e ao jovem assassino, soube-se mais tarde que já tinha utilizado as redes sociais para dizer que iria realizar tiroteios e violar raparigas. Não foi levado a sério. Apesar das ameaças e das denúncias, o perfil do jovem nunca foi fechado nem sequer as autoridades informadas. Falhou o algoritmo. A mim, o Facebook já me bloqueou por ter usado a palavra “maricas” numa crítica que fiz aos líderes europeus pela falta de coragem em enfrentar Putin. Para piorar tudo isto, falharam também as autoridades policiais que demoraram mais de uma hora a entrar na escola.
Quando é que tudo isto acabará? Nunca. É um trágico exemplo do que é um lobby e da força dos interesses económicos. A América. A tão badalada terra das oportunidades é a terra onde só se pode beber álcool aos vinte e um anos, mas pode-se comprar uma arma aos dezoito. A América, a terra onde tantos Pais vão levar os filhos à escola, e vão mais tarde buscar um cadáver. A América, uma terra que em tempos desejei conhecer, mas que cada vez menos me encanta.
Crónica publicada na edição 434 do Notícias de Coura, 07 de junho de 2022.
terça-feira, 7 de junho de 2022
Futebol, Festival e Fátima.
Esta era uma daquelas crónicas que me preparava para intitular de Coisas Dispersas 2. Só depois de escrever sobre o futebol e o festival é reparei nas iniciais, o terceiro F não foi difícil de aparecer, surgiu como que… por magia!