Algures na
Jamaica (bairro), ali na margem sul, a poucos quilómetros da capital do país, a
polícia é chamada a intervir perante alguns desacatos. Lá chegada, é recebida à
pedrada e com violência. Tudo o que partir daí saltou para as redes socias é do
conhecimento de todos: os polícias são racistas, são uns brutos que só sabem
bater e tudo isto é justificado pelo tom de pele dos envolvidos. Permitam-me
algumas considerações, aliás, deixem-me lá registar alguns factos, pois perante
factos não poderá haver argumentos, e assim, deixo aqui meia dúzia de
considerações e tenho mais uma crónica escrita, a poucos minutos de esgotar o
prazo que sempre consegui cumprir.
1.º) A polícia
apenas reagiu à violência com que foi recebida. Talvez tenha exagerado? Talvez.
Mas quem consegue dar a outra face perante uma agressão? Até hoje apenas Deus proferiu
tais palavras… a atuação da polícia em nada pode ser considerada racista. Não
sou eu que digo isto, são palavras da presidente da Associação de Moradores do
Bairro da Jamaica, em declarações à Rádio Renascença.
2.º) Pouco
depois de tais acontecimentos, e sem conhecer os factos ou vendo apenas a parte
das filmagens em que se vê a atuação da polícia, Joana Mortágua, deputada do
Bloco de Esquerda, partilhou imediatamente o vídeo classificando-o de
“violência policial” e exigindo responsabilidades.
3.º) A cereja no
topo do bolo veio depois por parte de Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo e
que partilhou um texto no Facebook apelidando a polícia de “bosta da bófia”.
Mais, depois disto Mamadou Ba queixou-se que foi ameaçado e que iria pedir
proteção policial… (Até me apetecia sugerir-lhe que não vale a pena… de nada
lhe valerá pedir proteção à bófia… segundo ele… uma bosta.)
4.º) Mas a
história ainda consegue piorar… logo no dia a seguir, “uns cromos” da extrema
direita fazem um direto onde confrontam Mamadou Ba… “Ouve lá… lá por seres Assessor
na Assembleia da República, estás a ser pago com o meu dinheiro… 200 mil euros…
lá por seres contratado pelo Bloco de Esquerda… tens de saber respeitar os
portugueses…”. Enfim… nem sei o que escreva… mas esta malta da extrema direita,
cá para mim, tem é inveja dos 3 contratos de prestação de serviços que o
Mamadou Ba assinou com a Câmara de Lisboa, no valor de mais de 191 mil euros,
mas por 4 anos… coisa pouca, isso dá por ano… (é fazer as contas!)
5.º) E vamos lá
colocar mais um pouco de gasolina no fogo… sim, porque isto piora a cada
parágrafo. Assistimos a ataques a algumas esquadras, arremesso de cocktails
molotov, carros e caixotes do lixo incendiados. Sabe-se, entretanto, que no dia
dos confrontos houve um polícia que teve de ser assistido no hospital com o
lábio rebentado. Segundo declarações do detido, “eu estava a fugir à detenção e
a minha mão bateu no lábio do Sr. Agente.” (Curiosa esta associação… já em
1984, andava eu na 4.ª classe, cada vez que falhava a tabuada a minha cara ia
de encontro à mão do Sr. Professor…)
6.º) Para
terminar em beleza, agora não com uma cereja em cima do bolo, mas com uma
“carrada de chantily e frutos secos”. Na Assembleia da República, já se
esperava que a extrema esquerda condenasse a polícia, e a extrema direita os
moradores (isto se estas extremas lá estivessem representadas), mas eis senão
quando António Costa é questionado sobre se condena ou não os acontecimentos… e
responde… “A senhora só me pergunta isso por causa do meu tom de pele.”
Assunção Cristas pode não ter muitas qualidades, tem uma seguramente, a de
conseguir irritar profundamente o Sr. 1.º Ministro ao ponto de o fazer dizer
coisas que, nem me atrevo a qualificar. E depois, o Santana Lopes é que só
dizia disparates…
7.º) Ups… já
chega, não preciso de esticar mais o assunto, já tenho linhas suficientes para
mais esta crónica. Preferiria ter escrito sobre a fantástica conquista para
Portugal com a realização das Jornadas Mundiais da Juventude em 2022, e sobre a
presença mais do que justificada do Sr. Presidente da República no Panamá,
embora criticada pela Associação Ateísta Portuguesa. Enfim, esperemos que nada
de estranho entretanto ocorra para eu voltar a ter dificuldade em arranjar
tema.
Crónica publicada na edição 357 do Notícias de Coura, 05 de fevereiro de 2019.