terça-feira, 27 de outubro de 2015

Três anos depois, o que fica?

Foi há 3 anos que saiu a minha crónica no Notícias de Coura. 

Nesse primeiro texto lembro-me de chegar ao fim consciente das dificuldades em escolher o tema e de ter andado perdido por parágrafos dispersos, porventura sem sentido. Três anos depois, continuo com o mau hábito de deixar as coisas para o fim, mas com confiança na minha capacidade de resolver sempre o problema. Um dia vai correr mal, eu sei. Nessa altura, o melhor que me poderá acontecer é ficar com assunto para um próximo texto, caso ele venha a existir. 
Depois de 33 textos creio ter chegado a altura de fazer um balanço, um breve resumo daquilo de que fui escrevendo. (Eu sei que alguns leitores estão a pensar que eu não tenho assunto e me vou entreter com o que já escrevi para mais uma vez me salvar. Por acaso até tinha imensos assuntos: o resultado das eleições e as negociações em curso para a formação do governo; as bombásticas declarações do presidente do Sporting que incendiaram, o já de si inflamável, mundo do futebol ou até a história surreal da manipulação do software dos carros da Volkswagen.) 
Ao longo destes três anos debrucei-me muitas vezes sobre a temática da educação. Exultei com a notícia das obras na escola secundária (que já estão concluídas e dão outra qualidade de trabalho a professores, alunos e funcionários), zanguei-me com a ideia das escolas formatarem os alunos com currículos nacionais pouco flexíveis às realidades locais, irritei-me com o facto de cada vez se dar mais importância ao português e à matemática (reconheço a sua relevância, mas não para representarem quase 50% do currículo), justifiquei o vício da internet e do facebook, apesar dos perigos que estas tecnologias podem representar, as suas vantagens são imensamente superiores. É reconhecida a necessidade de se apostar na formação nas novas tecnologias de informação e comunicação desde os primeiros anos de escolaridade; na Escola Básica de Paredes de Coura a aposta começa logo no 3.º ano, e isso deixa-me muito satisfeito. 
Em determinada altura, atrevi-me a escrever um título enigmático: “Beethoven em Paredes de Coura”. Alegrava-me dessa maneira a aposta do município em trazer a música clássica às escolas do concelho. 
Em duas oportunidades ousei escrever sobre a “marca” do concelho, aquilo que lhe dá nome, o Festival. Nada mais poderá ser dito, a cada ano que passa mostra ser uma referência nacional e internacional. Se há coisa que não podem perder, é o festival rock! 
Certa vez, chamei Biblioteca Itinerante à Biblioteca Aquilino Ribeiro. E porquê? Pela possibilidade dos leitores requisitarem “internet móvel”, e levarem para casa a maior das enciclopédias! Sobre o Teatro, manifestei a minha alegria em viver numa terra onde habitam “as Comédias do Minho”. Paredes de Coura já me deu muito, o teatro é uma das que eternamente lhe irei agradecer. 
Nas páginas deste vosso jornal pude ainda lembrar o Rei Eusébio, questionar a fé aquando do acidente com peregrinos a caminho de Fátima, lamentar o atentado ao jornal Charlie Hebdo e até desabafar sobre algumas das coisas que me irritam. 
Sobre política escrevi se calhar mais do que deveria, até para bem da minha saúde. Depois destas eleições, vou pensar seriamente se o devo voltar a fazer, começo a ficar muito irritado e revoltado com o tema que tenho medo de ser injusto ao pensar que na política vale tudo, que são todos iguais, e que cada um busca apenas o seu próprio bem. 

E neste parágrafo me aproximo do fim de mais um texto. Prometo só voltar a fazer um balanço daquilo que escrevo daqui a outras trinta e três crónicas, se continuar a merecer a confiança do diretor do jornal e a paciência dos leitores. A ambos, muito obrigado por me permitirem fazer parte da vossa vida.

Crónica publicada na edição 281 do Notícias de Coura, 20 de outubro de 2015.