Não foi por
falta de ideias que esta é a crónica que escrevo mais tardiamente. Vai ser
enviada na manhã do dia seguinte ao prazo que sempre cumpri. Lamento-me tantas
vezes da falta de ideias que agora, a fartura fez nascer a confiança de poder
“deixar para hoje, aquilo que devia ter feito ontem”.
Pensei em
escrever sobre educação, mas está demasiado fresca em mim alguma revolta pela
forma como os professores têm sido tratados por este governo. Em tempos escrevi
uma crónica intitulada “Está bem Sr. Ministro”, não deixarei que Tiago Brandão
Rodrigues deixe o cargo sem lhe dedicar uma: “Está mal Sr. Ministro”.
Passou-me pela
cabeça voltar ao tema de Pedrógão Grande, depois da tragédia dos incêndios, a
vergonha de ver fechados em armazéns os bens que a solidariedade dos
portugueses fez chegar à população necessitada. Faltam-me adjetivos para
qualificar o Sr. Valdemar Alves, presidente da Câmara de Pedrógão Grande. E já
agora, para o qualificar a ele e todos quantos neste país têm responsabilidades
e poderes para “correr com ele”.
O terceiro tema
que mereceu a minha ponderação para uma crónica foi… Conan Osiris! Este
excêntrico cantor, compositor, criador, venceu o festival da canção e é já um
dos favoritos à vitória na Eurovisão. A canção Telemóveis estranha-se, depois
volta-se a estranhar e assim sucessivamente. Talvez um dia pegue na letra e
arranje um poeta para a declamar… “Eu parti o telemóvel, a tentar ligar para o
céu… pra saber se eu mato a saudade, ou quem morre sou eu.”
E depois de
apresentar todos os temas, vamos lá ao escolhido, o Sr. Dr. Juiz Neto de Moura.
(Oh Professor, tanta conversa e vai gastar tempo a escrever sobre isto?
Sinceramente!) Depois de há uns tempos ter desvalorizado um caso de violência
contra mulheres dando como exemplo o apedrejamento de mulheres adúlteras, agora
o Sr. Dr. Juiz mandou retirar a pulseira eletrónica a um homem que rebentou o
tímpano da mulher ao soco, dizendo ainda que agora, “qualquer normal discussão é logo tratada como violência doméstica”.
Muitas vozes de indignação se levantaram, e não era para menos. Ricardo Araújo
Pereira, humorista, socorreu-se da Bíblia para dizer que, “Uma advertência destas faria sentido se for enrolada, enfiada no rabo
do juiz.”
Mariana
Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda escreveu que “A presença de Neto Moura nos tribunais portugueses é uma ameaça à
segurança das mulheres”. Bruno Nogueira, humorista (o meu favorito), bem ao
seu estilo perguntou: “Como é que um
animal irracional de um juiz destes anda à solta num tribunal? Não precisa de
uma pulseira, é de uma coleira e de uma trela e um açaime, já agora.” E
muitas mais vozes se exprimiram contra as decisões do Sr. Dr. Juiz. Foram
tantas e tão mordazes que, Neto de Moura fez saber que vai processar
jornalistas, humoristas e políticos que, na esfera pública, criticaram as suas
decisões judiciais. O seu advogado vai ter imenso trabalho!
Estava tentado a
tecer também algumas considerações sobre o Sr. Dr. Juiz, mas depois do que já
li, admito que nada de diferente me ocorre, tirando a vontade de dizer meia
dúzia de asneiras. Espero que o Sr. Dr. Juiz não leia o Notícias de Coura e
nenhum dos seus leitores lhe faça chegar este texto, não vá ele lembrar-se de
processar também “tipos anónimos que escrevem para jornais”. Se tal acontecer, sustentarei
a minha defesa em dois aspetos:
1.º Escrevi
sempre “Sr. Dr. Juiz”, sinal de respeito e consideração pelo Magistrado, e até
lhe dediquei o título da presente crónica. Ah e tal, mas isso foi a fingir,
dirão vocês! Não, em Tribunal direi que foi a sério, e como no Tribunal se fala
a verdade, é isso que valerá.
2.º Justificarei
tudo isto com a necessidade de escrever alguma coisa para esta crónica, na
falta de ideias (!), socorri-me da polémica do momento.
E assim termino.
São 7 horas da manhã de terça-feira, dia 5 de março. A crónica que normalmente é
enviada segunda-feira à noite, segue dentro de momentos, hoje… dia de Carnaval!
Fiquem bem!
Crónica publicada na edição 359 do Notícias de Coura, 12 de março de 2019.