terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Em jeito de balanço.

Pressionado pelo prazo com que esta crónica tem de ser escrita, e depois de uma hora em busca de inspiração, não me resta outra alternativa que não seja fazer um balanço do ano que findou.

Política
O PS ganhou as eleições e António Costa continua como 1.º Ministro (mais do que expectável). Desta vez não foi preciso assinar papéis com BE e PCP (mais do que previsível, a geringonça só foi positiva para o PS). O PSD continua em crise, Luís Montenegro tenta mais uma vez o assalto ao poder, e mais uma vez vai-lhe correr mal! Rui Rio parece-me sério e honesto demais para político, ainda mais como líder da oposição, dificilmente terá sucesso se continuar agarrado aos seus princípios. O CDS-PP voltou a ser o partido do táxi, estando em processo de escolha do novo motorista. Populista ou não, André Ventura arrisca-se a ter sucesso. Basta ouvir os debates para perceber quem tem o dom da palavra e, é curioso que sempre que fala em corrupção na política, ninguém o questiona ou contraria! Até Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República e político com largas décadas de experiência, caiu no ridículo de chamar a atenção a André Ventura por este usar vezes demais a palavra “vergonha”. Que vergonha Sr. Presidente, que vergonha.

Educação
Pela primeira vez na história da democracia um Ministro da Educação é nomeado para um segundo mandato. Tiago Brandão Rodrigues entra definitivamente na história. Infelizmente para os professores, 2019 fica marcado pelas inúmeras agressões a professores, quase todas ocorridas dentro do espaço escolar e, imagine-se, uma delas assumida em direto para um noticiário televiso! Perante isto, do Ministério da Educação não se ouviu uma palavra. Já quando foi um professor a agredir um aluno, o Ministério da Educação veio logo a publico condenar a mesma. É bom saber o respeito e consideração que nos têm. Pessoalmente, 2019 marca o ano em que deixei Paredes de Coura, treze anos depois. Saudades? Claro que sim. Treze anos é muito tempo, “muitos dias, muitas horas a sonhar” como canta o outro! Saudades das pessoas, só temos saudades da terra por causa daqueles que conhecemos, daqueles que fizeram parte da nossa vida e que ficam para sempre no nosso coração. (Tenho muitos courenses aqui comigo). Mas a mudança faz bem, muito bem. Citando John Kennedy, “o conformismo é carcereiro da liberdade e inimigo do crescimento”.

Alterações climáticas
O ano fica definitivamente marcado pela mobilização dos jovens na luta pela justiça climática. Greta Thunberg, a jovem sueca que resolveu começar a faltar às aulas para colocar o tema nas bocas do mundo, teve o mérito de o conseguir, sendo até escolhida pela revista Time como a personalidade do ano. Obviamente que poucos conseguem deixar de andar de avião para ir de veleiro, seja como for, todos nós somos responsáveis, todos temos a obrigação de zelar pela proteção do ambiente. Ainda assim, os nossos jovens mobilizam-se quando determinada manifestação pelo ambiente lhes permite faltar às aulas, experimentem marcar um evento destes num fim-de-semana, ou no verão, na altura dos festivais, e veremos onde está a determinação. E para aqueles que ainda não acreditam muito nas alterações climáticas, aqui ficam dois exemplos: o primeiro em Portugal, as cheias na região centro que fizeram ruir os diques do rio Mondego e inundaram extensas áreas agrícolas e habitacionais; o segundo, os incêndios na Austrália, ativos desde setembro e que já consumiram milhares de hectares de florestas, terrenos agrícolas e habitações, matando milhões de animais, é um continente literalmente a arder. As imagens de satélite são assustadoras. E se no caso português tudo poderia ter sido evitado pois a culpa é definitivamente do homem (falta de manutenção dos diques e desinvestimento nas infraestruturas de controle e manutenção do caudal do rio), já na Austrália, a culpa já não é só do homem enquanto nação, a culpa aqui já é da espécie humana que tão maltrata o planeta em que vive.

Feliz ano de 2020 a todos!

Crónica publicada na edição 378 do Notícias de Coura, 14 de janeiro de 2020.