terça-feira, 13 de novembro de 2018

E chegou o inverno

1 - Brasil a arder!

Tal como era previsível, Bolsonaro é o novo Presidente do Brasil. Confirmaram-se os piores receios de meio mundo, o povo brasileiro atreveu-se a eleger um homem da extrema direita. São estes os perigos da democracia, dar a voz ao povo tem esta contrariedade, especialmente para quem perde! Enquanto escrevo esta crónica oiço nas notícias um cidadão brasileiro revoltado afirmar: “Resistência… Bolsonaro: o povo brasileiro não vai-se curvar a você!”; alguém lembre a este cidadão que, o povo já se curvou, mais de 55% do povo votou em Bolsonaro!
Mas será que o Brasil estará perdido? Não me parece… a América também elegeu Trump, os piores cenários foram previstos e… não se conseguem vislumbrar esses demónios pintados por quem perdeu. A eleição destas duas “personagens” conseguiu uma coisa: abanou as consciências! Em 2002 o mundo abanou quando em França, Jean-Marie Le Pen, candidato nacionalista, foi à 2.ª volta, obrigando todos os outros a unirem-se para o derrotar. Nos dias de hoje, nas Américas, eles ganham eleições. A Europa que se prepare…
Cá por terras lusas, continuamos a ouvir determinados “arautos de esquerda, fiéis defensores do pluralismo e da tolerância”, indignar-se agora com Bolsonaro… infelizmente continuam sem “dizer qualquer coisinha” sobre regimes como os da Venezuela e de Cuba.

2 - Remodelação no Governo.
Depois do reaparecimento das armas de Tancos, aquelas que um dia o Sr. Ministro da Defesa disse que “no limite, pode nem ter havido furto nenhum”, e do memorando que ninguém diz conhecer, eis que finalmente Azeredo Lopes pede a demissão. Aproveitando a boleia, o 1.º ministro António Costa faz uma remodelação, substituindo os ministros da Defesa, Economia, Cultura e Saúde. Percebe-se. Da Cultura ninguém quer saber (o que já não é novidade); da Economia ninguém conhece o Ministro (quem manda afinal é Mário Centeno), e na Saúde tem havido greves atrás de greves, já para não falar nas demissões dos chefes de serviço de hospitais inteiros. Por falar em greves, manifestações e funcionários insatisfeitos… Tiago Brandão Rodrigues safou-se… afinal vai tudo bem na educação.

3 – Afinal quem são os bandidos?
Há uns dias, a Polícia prendeu uns bandidos suspeitos de roubos violentos a idosos na zona do grande Porto (cerca de 30 assaltos violentos e mais de meio milhão de euros e bens). Depois de lhe ter sido decretada prisão preventiva pelo juiz de instrução, os bandidos fugiram de uma cela do Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Vinte e quatro horas depois a Polícia voltou a capturá-los e… partilhou uma fotografia dos bandidos, presos. E “prontos”… o país encheu-se de gente boa, tolerante, compreensiva e bondosa… “coitadinhos dos bandidos, isto não se faz.” Mais… o agente que tirou as fotografias será alvo de um inquérito-crime por violação do segredo de justiça e, pior, a advogada dos bandidos também o vai processar.
Sobre tudo isto muito me apetecia escrever, mas com palavras tão fortes que não me atreveria a enviá-las para publicação. Deixo-vos uma frase que em tempos ouvi e nunca esqueço de um polícia brasileiro, o Delegado Sivuca: “bandido bom é bandido morto, e enterrado em pé para não ocupar muito espaço.”

* O autor escreveu Polícia com letra maiúscula e a negrito. É uma pequena forma de lhe demonstrar apreço e agradecimento.

Crónica publicada na edição 351 do Notícias de Coura, 06 de novembro de 2018.