terça-feira, 27 de março de 2018

Inutilidades

1. Um carro no espaço. 
No passado mês de fevereiro o foguetão gigante Falcon Heavy descolou rumo ao espaço. Este foguetão pertence à empresa SpaceX, que espera com ele realizar missões para Marte no futuro. A bordo, um carro elétrico, Tesla, vermelho, o qual foi deixado numa órbita próxima de Marte. Todos os grandes progressos partem de “mentes loucas”, neste caso Elon Musk, multimilionário, presidente da SpaceX e dirigente da Tesla. Tudo isto me parece uma grande parvoíce, uma extravagância de alguém com muito dinheiro e que não tem ideia de quanto podia mudar na Terra com o dinheiro que “foi queimar” para o espaço. Obviamente que, se for encontrado por um homenzinho verde com um só olho, ele vai fartar-se de rir! Já agora, no momento em que este artigo está a ser escrito o carro já está a cerca de 9 milhões de km da Terra. Podem acompanhar a sua localização aqui: http://www.whereisroadster.com/ 
Nesta coisa das “mentes loucas”, milionários extravagantes e visionários que mudam o mundo, há um que de facto dificilmente terá rival neste mundo, Steve Jobs, ele sim “louco o suficiente para pensar que podia mudar o mundo, e de facto, mudou.” 

2. Rede móvel 4G na Lua. 
A Vodafone, a Audi e a Nokia vão levar comunicações móveis à Lua em 2019. O objetivo é permitir a transmissão de vídeos de alta-definição da superfície lunar. Está previsto que o equipamento (que será lançado por um foguetão da SpaceX!), entre em funcionamento em 2019. Em percebo alguma da importância da exploração espacial, e o interesse deste tipo de missões para o trabalho de cientistas e instituições académicas, mas efetivamente custa-me aceitar que se gaste tanto dinheiro no espaço, quando há tanto por fazer na Terra. Perdoem-me citar o exemplo mas, vamos ter rede 4G na Lua e na Terra há locais onde nem sequer rede de telefone há, já para não falar em coisas bem mais importantes como por exemplo água potável. Em fevereiro, na Sertã, uma idosa morreu depois de cair inanimada no chão. O marido, teve de percorrer 2 km a pé para pedir ajuda, pois o telefone fixo continuava sem funcionar depois dos incêndios do verão. E isto, em Portugal. Imaginem só o que se passará nos países subdesenvolvidos. Resta-nos a esperança de que em 2019, pelo menos na Lua, isto não acontecerá. 

3. Professores armados na sala de aula. 
Na América (não comecem já a rir por favor), um ex-aluno de uma escola secundária da Florida abateu a tiro 17 alunos com uma arma de fogo. Lembrem-se que na América só se pode comprar álcool aos 21 anos, para comprar armas há Estados que nem exigem sequer uma idade mínima. Trump, (por favor, não é para rir), vai reunir com os representantes da indústria dos videojogos, segundo alguns responsáveis políticos, estes jogos funcionam como estimulantes de alguns dos acontecimentos violentos que têm manchado a história da América. Num encontro com professores, pais, políticos e autoridades, Trump ouviu um dos presentes sugerir que os professores deviam ter licença de uso e porte de arma. Nalgumas das tragédias em solo americano, muitos professores têm morrido a tentar salvar os alunos, se calhar se tivessem uma arma as coisas teriam sido diferentes. Esta medida parece-me absurda, mas não me admirarei se vier a ser concretizada. Afinal, estamos a falar da América. 

4. Animais nos Restaurantes 
Os animais de companhia podem a partir de maio acompanhar os donos a almoçar ou jantar, nos estabelecimentos que assim os aceitarem. Esta lei é um exemplo perfeito do que uma coligação política provoca, muitas vezes o partido que governa tem de ceder a uma extravagância de um partido extremista. A nossa sorte é que por certo imperará o bom senso dos proprietários da maioria dos estabelecimentos comerciais. Eu entraria em pânico se de repente se sentasse a almoçar ao meu lado alguém com uma cobra ou uma aranha gigante. Imaginem só o que seria por exemplo para um porco, acompanhar o seu dono ao restaurante e ficar ao lado de alguém que se estivesse a deliciar com umas costeletas do cachaço! Seria no mínimo, traumatizante. Quem escreve isto é alguém que adora animais, que gosta mais dos animais que de muitos seres humanos, mas que tem o bom senso para perceber que não é com “legislação ridícula” que se mudam comportamentos e que se faz com que os direitos dos animais sejam respeitados.

Crónica publicada na edição 337 do Notícias de Coura, 20 de março de 2018.