terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O inverno continua quente

1 – Sporting… outra vez!
Numa tarde de domingo, Bruno de Carvalho (Ex-Presidente do Sporting) e Mustafá, líder da Juve Leo (Claque do Sporting), são detidos. Nessa tarde o Sporting jogava com o Chaves para o campeonato. A claque ficou tão abalada que não compareceu ao jogo. Mais interessante… retirou as faixas de apoio à equipa quando soube da prisão do seu líder. Mas que claque é esta?! Mas apoiam a equipa ou o líder?! Isto é revelador do “tipo de gente” que faz parte deste tipo de associações. Mais tarde, quando para espanto de todos Mustafá não é preso preventivamente, mostra-se indignado por lhe chamarem terrorista e traficante, apesar de ter sido indiciado por 58 crimes, um deles de tráfico de droga. Uns dias mais tarde, sabe-se que Mustafá declara rendimentos anuais de 2000€, paga 600€ de renda mensal por um empréstimo de uma casa na Aroeira, tem um Peugeot avaliado em 17000€ e conduz um BMW. Por tudo isto, vai ter de pedir apoio judiciário, ou seja, vai ser o Estado a providenciar-lhe um advogado. Um dia alguém me disse que só podiam ter este tipo de vida 3 tipos de pessoas: traficantes, ladrões, ou tipos cheios de sorte que tinham recebido valentes heranças. O Mustafá é um tipo cheio de sorte!

2 – Uma vergonha de país.
O país fica chocado ao ver imagens de uma estrada no meio de duas pedreiras, entre Borba e Vila Viçosa. O país fica a conhecer esta estrada “assustadora” fruto da tragédia que se abateu sobre alguns pobres desgraçados que lá passavam e trabalhavam na tarde em que a mesma ruiu. É inadmissível que possa existir uma estrada destas num país que se diz desenvolvido. Tal como noutras tragédias, ninguém é responsável, nem os donos das pedreiras, nem as autarquias, nem o governo. É o habitual. Pobres daqueles que morreram. O atual Presidente da Câmara diz que tudo era seguro (viu-se) e que não sabia de nada, mas pelos vistos já tinha sido informado da perigosidade da estrada há cerca de 4 anos. Os donos das Pedreiras dizem ter as licenças todas e até estudos que comprovam a segurança da estrada, (é caso para perguntar quem são os autores destes estudos… pois deviam também ser responsabilizados). O Estado, afirma-se inocente. Claro, o Estado nunca tem culpa. O Estado até afirma, e com razão, que passou a competência de gestão das estradas para as autarquias. O que o Estado se esquece de dizer é que nunca pagou as compensações prometidas e devidas para que as autarquias pudessem manter as estradas minimamente em segurança. Mas todos nós compreendemos… o Estado não tem dinheiro para estas coisas, é mais importante financiar alguns bancos (levados à falência por uma cambada de vigaristas), bem como sustentar algumas PPP’s, habilidades de anteriores governantes.
Mas não é só isto que envergonha o país. Em Sabrosa morre uma família de 5 pessoas, duas crianças e três adultos. Tinham um gerador pois andavam a construir aos poucos a sua casa e ainda não tinham eletricidade. Pessoas trabalhadoras, crianças educadas, boas alunas. O Estado Português devia ter vergonha de saber que existem pessoas a viver nestas condições. O Estado Português que acolhe refugiados e lhes garante sustento durante meses e meses, devia lembrar-se mais dos seus. (Depois admiram-se que os movimentos radicais, nomeadamente os da extrema direita, ganhem cada vez mais votos). E se me perguntarem se acho mal que o Estado Português receba refugiados, obviamente que não acho mal. Acharei sempre mal se o fizer em detrimento dos seus.

Para terminar os tópicos que deviam envergonhar o país, vamos às declarações do Sr. Ministro do Ambiente, quando “mandou” a maior parte das famílias mudar a tarifa elétrica para a mais baixa potência energética, para assim poderem ter o IVA a 6%. Tenha vergonha Sr. Ministro. Tenha vergonha. Parece que aprendeu com o outro e mandou os Portugueses emigrar. Mais vale mudar o IVA dos combustíveis para a taxa mais baixa e mandar os Portugueses comprar candeias a petróleo. Mas já estamos habituados a isto, hoje em dia os Ministros podem dizer qualquer “alarvidade” que ninguém se indigna. Até estava para escrever aqui algumas delas, mas mais vale guardá-las. Assim fico com título para outra crónica: “Os Ministros dizem cada coisa”.
Vou ficar por aqui. Ainda estava a pensar falar sobre as touradas, o IVA de 6%, a defesa da tradição e o sofrimento dos animais. Mas é melhor não. Como puderam ler, estou demasiado zangado com o país. Tenho medo de ferir suscetibilidades… tenho receio da reação do IRA (Intervenção e Resgate Animal) ou de alguma ganadaria ou grupo de forcados.

Crónica publicada na edição 353 do Notícias de Coura, 04 de dezembro de 2018.