terça-feira, 18 de junho de 2019

Joe Berardo, o artista!


Há uns dias, o “ainda” Comendador Joe Berardo foi à Assembleia da República para ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Sobre tudo isto, apetece-me enumerar meia dúzia de considerações:
1. Joe Berardo tem pouca memória e autonomia, lembra-se de muito pouco, só responde depois de ouvir o que o seu advogado lhe diz, e ainda se justifica dizendo que tem dislexia.
2. Joe Berardo justifica as enormes dividas que contraiu, aliás, contraíram as “sociedades ou fundações” onde ele “manda”, como uma vontade em ajudar os bancos! Fantástico! “Sacou dinheiro a um banco, para ajudar outros que estavam em dificuldades!” E agora, estão todos a “arder”! Este empresário beneficiou de favores da banca dominada pelo Estado, e ainda os acusa de ser incompetentes na atribuição dos créditos ao não avaliar devidamente o risco. Os bancos foram coniventes e incompetentes, a CGD concedeu milhões de euros em crédito para a compra de ações e onde a garantia eram as próprias ações! Ações que depois perderam valor, e quando mais garantias lhe foram pedidas, novas ações foram dadas… e assim sucessivamente, num esquema verdadeiramente “manhoso”.
3. Joe Berardo ri, de forma aliviada, para não dizer descarada, ao dizer que não tem dívidas! Quem tem dívidas são as sociedades, onde ele manda! Mas quem tem de pagar? Ele? Não! E então as obras de arte? Podem ser penhoradas? Berardo ri de novo… Hi, Hi, Hi. Goza, com uma enorme desfaçatez, com milhões de portugueses.
4. Esta comissão de inquérito mostrou-se indignada. Quase todos os dirigentes políticos se mostraram chocados. Até o Senhor Presidente da República (que se encontrava calado há mais de uma semana), veio a terreno lamentar tais declarações. Eu, como muitos portugueses (se calhar porque não percebemos nada disto), até achamos que Berardo falou aquilo que eles mereceram ouvir. Mas então, só agora se mostram indignados? Só agora é que acordaram para este tipo de esquemas que se calhar sempre existiu? O regime democrático está cheio de gente que beneficiou de esquemas destes, e de outros parecidos. Quando Joe Berardo acusa os gestores bancários de incompetência, se calhar quer dizer corrupção, mas como sabemos que ele sofre de dislexia, talvez ande a trocar as ideias.
5. A coleção Berardo vai manter-se no CCB (Centro Cultural de Belém) até 2022. O acordo já foi assinado por este governo, e será automaticamente renovado, a menos que uma das partes o denuncie. Vamos ver se próximo governo, certamente de António Costa, o vai fazer ou não.
6. Há poucos dias soubemos que o Estado Português perdeu cerca de cento e setenta obras de arte, entre elas quadros de Vieira da Silva e fotografias de Gérard Castello-Lopes. Já nada me surpreende neste meu país, Berardo continua a viver à custa das suas fundações, daqui a uns anos alguns quadros vão desaparecer, Berardo nunca será obrigado a pagar nada, pois nada tem. (Pelos vistos tem uma garagem… mas se calhar, nem um quadro do “menino da lágrima” lá tem… santa pobreza)!
E aqui ficam meia dúzia de considerações! Acho que Berardo não merecia tamanho esforço, mas na falta de melhor, foi o que consegui escrever.
Sobre outros assuntos da atualidade, nada de novo. O Benfica foi campeão, e foi-o justamente. O meu Chaves desceu de divisão, embora tenha ficado triste, foi justo, quem vende os melhores jogadores arrisca-se a jogar pior, e foi o que aconteceu. Em termos eleitorais, tudo espectável: o PS ganhou as eleições, o BE está bem vivo, o PSD a desaparecer, do CDS já pouco resta e o PCP tem urgentemente de ser ligado à máquina. Em Paredes de Coura, o PS chega quase aos 50%. A culpa é da autarquia! Aqui que ninguém me ouve, “Gostava muito que o governo central tivesse o mesmo respeito e consideração pela educação e cultura, que a autarquia de Paredes de Coura tem por aquilo que é seu. Portugal seria definitivamente melhor.”


Crónica publicada na edição 365 do Notícias de Coura, 11 de junho de 2019.