Há uns dias, o
“ainda” Comendador Joe Berardo foi à Assembleia da República para ser ouvido na
comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de
Depósitos. Sobre tudo isto, apetece-me enumerar meia dúzia de considerações:
1. Joe Berardo
tem pouca memória e autonomia, lembra-se de muito pouco, só responde depois de
ouvir o que o seu advogado lhe diz, e ainda se justifica dizendo que tem
dislexia.
2. Joe Berardo
justifica as enormes dividas que contraiu, aliás, contraíram as “sociedades ou
fundações” onde ele “manda”, como uma vontade em ajudar os bancos! Fantástico!
“Sacou dinheiro a um banco, para ajudar outros que estavam em dificuldades!” E
agora, estão todos a “arder”! Este empresário beneficiou de favores da banca
dominada pelo Estado, e ainda os acusa de ser incompetentes na atribuição dos
créditos ao não avaliar devidamente o risco. Os bancos foram coniventes e
incompetentes, a CGD concedeu milhões de euros em crédito para a compra de
ações e onde a garantia eram as próprias ações! Ações que depois perderam
valor, e quando mais garantias lhe foram pedidas, novas ações foram dadas… e
assim sucessivamente, num esquema verdadeiramente “manhoso”.
3. Joe Berardo
ri, de forma aliviada, para não dizer descarada, ao dizer que não tem dívidas!
Quem tem dívidas são as sociedades, onde ele manda! Mas quem tem de pagar? Ele?
Não! E então as obras de arte? Podem ser penhoradas? Berardo ri de novo… Hi,
Hi, Hi. Goza, com uma enorme desfaçatez, com milhões de portugueses.
4. Esta comissão
de inquérito mostrou-se indignada. Quase todos os dirigentes políticos se
mostraram chocados. Até o Senhor Presidente da República (que se encontrava
calado há mais de uma semana), veio a terreno lamentar tais declarações. Eu,
como muitos portugueses (se calhar porque não percebemos nada disto), até
achamos que Berardo falou aquilo que eles mereceram ouvir. Mas então, só agora
se mostram indignados? Só agora é que acordaram para este tipo de esquemas que
se calhar sempre existiu? O regime democrático está cheio de gente que
beneficiou de esquemas destes, e de outros parecidos. Quando Joe Berardo acusa
os gestores bancários de incompetência, se calhar quer dizer corrupção, mas
como sabemos que ele sofre de dislexia, talvez ande a trocar as ideias.
5. A coleção
Berardo vai manter-se no CCB (Centro Cultural de Belém) até 2022. O acordo já
foi assinado por este governo, e será automaticamente renovado, a menos que uma
das partes o denuncie. Vamos ver se próximo governo, certamente de António
Costa, o vai fazer ou não.
6. Há poucos
dias soubemos que o Estado Português perdeu cerca de cento e setenta obras de
arte, entre elas quadros de Vieira da Silva e fotografias de Gérard
Castello-Lopes. Já nada me surpreende neste meu país, Berardo continua a viver
à custa das suas fundações, daqui a uns anos alguns quadros vão desaparecer,
Berardo nunca será obrigado a pagar nada, pois nada tem. (Pelos vistos tem uma
garagem… mas se calhar, nem um quadro do “menino da lágrima” lá tem… santa
pobreza)!
E aqui ficam
meia dúzia de considerações! Acho que Berardo não merecia tamanho esforço, mas
na falta de melhor, foi o que consegui escrever.
Sobre outros
assuntos da atualidade, nada de novo. O Benfica foi campeão, e foi-o
justamente. O meu Chaves desceu de divisão, embora tenha ficado triste, foi
justo, quem vende os melhores jogadores arrisca-se a jogar pior, e foi o que
aconteceu. Em termos eleitorais, tudo espectável: o PS ganhou as eleições, o BE
está bem vivo, o PSD a desaparecer, do CDS já pouco resta e o PCP tem
urgentemente de ser ligado à máquina. Em Paredes de Coura, o PS chega quase aos
50%. A culpa é da autarquia! Aqui que ninguém me ouve, “Gostava muito que o
governo central tivesse o mesmo respeito e consideração pela educação e
cultura, que a autarquia de Paredes de Coura tem por aquilo que é seu. Portugal
seria definitivamente melhor.”
Crónica publicada na edição 365 do Notícias de Coura, 11 de junho de 2019.