domingo, 17 de janeiro de 2021

Esperança em 2021!

Escrevi a minha última crónica no início de dezembro de 2020 e nem me lembrei que provavelmente seria a última do ano. Perdi a oportunidade de desejar a todos os leitores do Notícias de Coura um Feliz Natal e umas boas entradas em 2021. Aqui fica o pedido de desculpa. 

Sendo esta a primeira crónica do novo ano, não me foi difícil escolher um tema, partilhando com os leitores mais do que desejos, partilho as esperanças que tenho para 2021. 

Esperança na Vacina 

Todos o desejamos. Todos tivemos um ano diferente, muitos dos portugueses um ano muito difícil fruto das condicionantes económicas que a pandemia provocou. Estamos todos a ficar cansados das medidas de confinamento, da falta do abraço dos que amamos e que nos vemos obrigados a estar afastados. Temos de ser corajosos, aguentar este sofrimento mais alguns meses e esperar que a vacinação comece a produzir os efeitos esperados. Creio que a partir do momento em que os grupos de risco estejam vacinados, especialmente a população mais idosa, todos iremos respirar de alívio, e embora o façamos ainda atrás das máscaras, certamente estaremos mais perto de ver a luz ao fundo do túnel. Com mais uns meses de sacrifício, talvez no outono seja atingida a tão desejada imunidade de grupo e possamos começar a voltar à normalidade. 

Esperança na Bazuca 

Estranho termo este, escolhido “não sei por quem”, para definir os muitos euros que vêm aí da União Europeia para ajudar à retoma da economia. Desde 1986 têm entrado muitos milhões em apoios à economia, estranhamente as coisas mais visíveis são as inúmeras autoestradas (muitas delas quase vazias) e alguns grandes estádios de futebol (e sobre estes é melhor nem tecer considerações). A economia portuguesa não soube aproveitar tudo isto, com tantos apoios à modernização da economia não devíamos estar tão atrasados economicamente, nem tão dependentes do exterior. Mas todos sabemos que nestas coisas dos “fundos comunitários” há sempre malta que se farta de ganhar dinheiro, criando empresas que duram apenas meia dúzia de anos. Faz-me lembrar alguns projetos agrícolas das décadas de 80/90, recebia-se dinheiro para plantar macieiras, uns anos depois recebia-se dinheiro para arrancar as macieiras e plantar nogueiras, e assim sucessivamente enquanto houvesse projetos elegíveis e terrenos suficientes! Espero por isso que o governo tenha a coragem política de apoiar verdadeiramente as empresas que pretendam criar postos de trabalho e que tenham planos de negócio suficientemente sérios para se aguentarem por muitos anos. Portugal vai receber cerca de 26,3 mil milhões de euros, num instrumento de apoio “temporário e irrepetível”, nas palavras da líder da Comissão Europeia. Vamos ter esperança que seja desta que o nosso país aproveita. 

Esperança no regresso 

São inúmeros os regressos que desejamos, mesmo sabendo que já me restam poucas linhas, aqui deixo alguns: o regresso do público aos estádios de futebol, o regresso dos concertos e dos festivais de música (principalmente do melhor de todos!), o regresso dos jantares de família e amigos, o regresso das procissões e das grandes manifestações religiosas, o regresso das festas populares nas nossas aldeias e vilas, o regresso do sorriso dos alunos nas salas de aula, o regresso das feiras e mercados apinhados de gente, o regresso de tantas e tantas coisas às quais não dávamos tanto valor e das quais temos tantas saudades. 

Que 2021 nos possa trazer de volta tudo o que por momentos deixamos em suspenso.

Crónica publicada na edição 401 do Notícias de Coura, 12 de janeiro de 2021.