terça-feira, 11 de agosto de 2020

Jesus voltou


Desta vez não deixei a crónica para o último dia. Embora seja no último dia do prazo que esteja a fazer a revisão, já a escrevi há dois dias! Grande vitória! Desta vez não foi preciso pensar muito nem fazer grandes pesquisas na Internet em busca de assunto, desde que foi anunciado o seu regresso que eu senti que Jesus me ia salvar! Salvou-me, mais uma vez, ao dar-me assunto para mais uma crónica. E provavelmente não vai ser a última. Desta vez não são os Reis Magos que vão levar ofertas a Jesus, desta vez é Jesus que traz riqueza, salvação e motivação. Podemos olhar para Jesus como a fonte destas três riquezas: 

1. Fonte de riqueza para a comunicação social 

Desde que foi para Benfica, Jorge Jesus tornou-se uma figura de destaque nas capas dos jornais e nos noticiários televisivos. Algumas vezes pelas coisas engraçadas que dizia, muitas vezes pelos méritos desportivos que alcançou (e muito bem), e algumas vezes também pelas polémicas! Se os méritos alcançados no Benfica foram muitos, no Flamengo foram ainda mais, pois apenas lá esteve pouco mais de um ano. Todos estes méritos tiveram o merecido destaque mas, foram as polémicas que mais alimentaram a “feroz” comunicação social desportiva: desde os títulos perdidos naquele ano em que quase ganhava tudo e acabou por não ganhar nada, até à mudança para o eterno rival Sporting. Ainda hoje há benfiquistas que não se coíbem de dizer que Jesus foi um traidor. O pior nem foi sequer ter ido treinar o rival (até porque o Benfica continuou a ter sucesso desportivo), o pior foi mesmo a “sombra” de Jesus que continuou a pairar no Estádio da Luz, sempre que os resultados desportivos eram piores, o nome de Jesus vinha logo à baila. A imprensa desportiva não tem de se preocupar tão cedo em arranjar assunto, e não importa se esta segunda passagem de Jesus pelo Benfica vai correr bem ou mal, de uma forma ou de outra, terão sempre conteúdo. 

2. Fonte de salvação para o Presidente 

Pouco depois de ter sido constituído arguido pelo Ministério Público no âmbito do caso Saco Azul relacionado com crimes de fraude fiscal, e numa altura em que vieram a público algumas escutas telefónicas comprometedoras para o Presidente do Benfica no caso da Operação Lex, Luís Filipe Vieira contrata Jorge Jesus, numa verdadeira jogada de mestre. Mesmo que pudesse contratar Jürgen Klopp ou Pep Guardiola, nenhum deles traria a projeção e teria tanto destaque como Jorge Jesus. Basta ver que desde que se tornou oficial o regresso de Jesus, ele tem estado presente em todas as edições dos jornais desportivos, em grande parte das edições dos jornais generalistas, em todos os noticiários televisivos. Conhecem alguém, ou até outro assunto, com tamanho destaque nos últimos tempos? Desta forma o Presidente do Benfica viu “serem esquecidos” os seus problemas com a justiça, bem como os problemas com a oposição interna no seu clube. 

3. Fonte de motivação para os adeptos 

Embora ainda possa vencer a Taça de Portugal, esta será sempre uma época de fracasso desportivo para o clube, mas já ninguém parece importar-se, agora que o salvador voltou. Embora ainda haja alguns adeptos descontentes, a maioria está desejosa que o novo ano desportivo comece. Até aqui Luís Filipe Vieira jogou acertadamente, nenhum outro treinador traria tamanha esperança. Obviamente que se o campeonato não começar bem e se o acesso à Liga dos Campeões não tiver sucesso, as vozes discordantes serão imensas mas, como diz o provérbio, “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”! 



* Mais uma vez não resisto a uma nota de rodapé! O autor até nem gosta do Benfica, é adepto do Desportivo de Chaves e quando este não está na 1.ª divisão torce pelo atual campeão, o Porto. Mas o autor sempre gostou de Jorge Jesus. O autor ficou triste quando viu Jorge Jesus no aeroporto, de lágrimas nos olhos a abandonar Portugal. O autor festejou quando Jorge Jesus ganhou a Taça dos Libertadores do outro lado do mundo. O autor compreende perfeitamente o desejo do treinador em voltar, especialmente em voltar ao seu país.



Crónica publicada na edição 392 do Notícias de Coura, 4 de agosto de 2020.