terça-feira, 13 de junho de 2017

Outras coisas que me irritam

Foi em maio de 2014 que me aventurei a escrever uma crónica sobre esta temática. Embora as mesmas me continuem a irritar, a sua frequência tem diminuído. As pipocas no cinema não me têm irritado (mas a verdade é que não tenho ido ao cinema); o choro dos bebés nos espetáculos de teatro também tem diminuído (provavelmente as crianças cresceram e já lá não vão); os flashes das máquinas fotográficas nos espetáculos de teatro… permanecem (e das duas uma, ou os infratores são surdos, ou é mesmo uma questão de educação). 
Para assinalar os 3 anos desta crónica (na verdade é porque não sei mesmo o que escrever), resolvi voltar ao tema. Há imensas coisas que me irritam, provavelmente é porque eu sou facilmente irritável, se calhar sou eu que estou errado, se calhar eu é que sou tão irritante que tudo me parece insuportável. O que mais me irrita são as pessoas, algumas pessoas. Escrever sobre elas seria dar-lhes demasiada importância, e pior, não teria interesse nenhum para os leitores, a não ser para elas pelo que, fica para outra ocasião! (Nesta altura olho para cima e vejo escritos já 2 parágrafos, suspiro de alívio e penso: estou quase salvo, mais uma crónica quase pronta). Vamos lá então a algumas irritações: 

1. Gemidos no ginásio.
Não é bem que me irritem, na verdade provocam-me de tal maneira vontade de rir que tenho medo de um dia destes alguém julgar que estou de alguma maneira a gozar com a tonalidade dos sons produzidos ou pior, com os músculos salientes e invejáveis do “cantor”. Não consigo reproduzir por escrito tais sons, mas, já todos vocês devem ter visto uma cena parecida, alguém que em frente a um espelho, levanta objetos pesados, “gemendo” ao ritmo do levantar dos braços, do baixar do corpo, do esticar das pernas. Nunca percebi se a produção do som ajuda na concretização do exercício, se calhar ajuda. (Quando nos magoamos também gritamos e choramos, pois isso alivia a dor… acho eu!) Espero bem que “estes” frequentadores do ginásio não sejam leitores dos meus textos, senão quando me encher de coragem para lá voltar ainda vou ouvir: “Tu tens é inveja, fraquinho!” 

2. Condutores da faixa do meio na autoestrada.
O assunto tem sido muito noticiado nalguns órgãos de comunicação social, e mesmo assim há quem insista em conduzir na faixa do meio. Poderão pensar que a faixa da direita é para os lentos mas, quando vão só eles na estrada, são eles os lentos. Irrita-me viajar na faixa da direita, ser obrigado a cruzar duas faixas para ultrapassar e depois voltar à direita. Nem me atrevo a apitar ou a fazer algum sinal e gritar “Vai prá direita ò condutor!”, provavelmente teria uma resposta inaudível, face à velocidade das viaturas. A solução é eliminar as três faixas, pois com apenas duas a probabilidade de circular na do meio é… reduzida. 

3. Condutores que me apitam por parar no STOP.
Nesta altura os leitores deverão estar a pensar: “A ti irritam-te todos os condutores, deves pensar que és o melhor condutor do mundo!”. Não penso. Até porque o mundo é muito grande! Eu até entendo que por vezes parar é aborrecido, eu até vejo muitas vezes que não vem nenhum carro de nenhum dos lados mas, ensinaram-me que o sinal de STOP é mesmo para parar, e eu paro. Tenho este mau hábito, que é que querem? Peço-vos que mais ninguém me grite: “Para que é que paraste ò burro… não vês que não vem ninguém!” 
“E pronto, é isto”, como diz o outro! E com três irritações apenas, se escreve a crónica deste mês. Entretanto, agora que o texto termina, batem-me à porta outros temas interessantes: o fantástico fim de semana em que Portugal recebeu o Papa Francisco e em que Salvador Sobral ganhou a Eurovisão (não refiro o Benfica campeão porque… sou adepto do Chaves); as “surreais” provas de aferição de expressões a que as crianças do 2.º ano de escolaridade foram sujeitas; o desempenho sempre surpreendente do Presidente Trump… enfim, tantos assuntos interessantes e fui escrever sobre as minhas irritações. Desculpem-me desta vez. “Não se irritem com o autor, ele anda assim por causa dos medicamentos!”

Crónica publicada na edição 319 do Notícias de Coura, 06 de junho de 2017.