terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O inverno continua quente

1 – Sporting… outra vez!
Numa tarde de domingo, Bruno de Carvalho (Ex-Presidente do Sporting) e Mustafá, líder da Juve Leo (Claque do Sporting), são detidos. Nessa tarde o Sporting jogava com o Chaves para o campeonato. A claque ficou tão abalada que não compareceu ao jogo. Mais interessante… retirou as faixas de apoio à equipa quando soube da prisão do seu líder. Mas que claque é esta?! Mas apoiam a equipa ou o líder?! Isto é revelador do “tipo de gente” que faz parte deste tipo de associações. Mais tarde, quando para espanto de todos Mustafá não é preso preventivamente, mostra-se indignado por lhe chamarem terrorista e traficante, apesar de ter sido indiciado por 58 crimes, um deles de tráfico de droga. Uns dias mais tarde, sabe-se que Mustafá declara rendimentos anuais de 2000€, paga 600€ de renda mensal por um empréstimo de uma casa na Aroeira, tem um Peugeot avaliado em 17000€ e conduz um BMW. Por tudo isto, vai ter de pedir apoio judiciário, ou seja, vai ser o Estado a providenciar-lhe um advogado. Um dia alguém me disse que só podiam ter este tipo de vida 3 tipos de pessoas: traficantes, ladrões, ou tipos cheios de sorte que tinham recebido valentes heranças. O Mustafá é um tipo cheio de sorte!

2 – Uma vergonha de país.
O país fica chocado ao ver imagens de uma estrada no meio de duas pedreiras, entre Borba e Vila Viçosa. O país fica a conhecer esta estrada “assustadora” fruto da tragédia que se abateu sobre alguns pobres desgraçados que lá passavam e trabalhavam na tarde em que a mesma ruiu. É inadmissível que possa existir uma estrada destas num país que se diz desenvolvido. Tal como noutras tragédias, ninguém é responsável, nem os donos das pedreiras, nem as autarquias, nem o governo. É o habitual. Pobres daqueles que morreram. O atual Presidente da Câmara diz que tudo era seguro (viu-se) e que não sabia de nada, mas pelos vistos já tinha sido informado da perigosidade da estrada há cerca de 4 anos. Os donos das Pedreiras dizem ter as licenças todas e até estudos que comprovam a segurança da estrada, (é caso para perguntar quem são os autores destes estudos… pois deviam também ser responsabilizados). O Estado, afirma-se inocente. Claro, o Estado nunca tem culpa. O Estado até afirma, e com razão, que passou a competência de gestão das estradas para as autarquias. O que o Estado se esquece de dizer é que nunca pagou as compensações prometidas e devidas para que as autarquias pudessem manter as estradas minimamente em segurança. Mas todos nós compreendemos… o Estado não tem dinheiro para estas coisas, é mais importante financiar alguns bancos (levados à falência por uma cambada de vigaristas), bem como sustentar algumas PPP’s, habilidades de anteriores governantes.
Mas não é só isto que envergonha o país. Em Sabrosa morre uma família de 5 pessoas, duas crianças e três adultos. Tinham um gerador pois andavam a construir aos poucos a sua casa e ainda não tinham eletricidade. Pessoas trabalhadoras, crianças educadas, boas alunas. O Estado Português devia ter vergonha de saber que existem pessoas a viver nestas condições. O Estado Português que acolhe refugiados e lhes garante sustento durante meses e meses, devia lembrar-se mais dos seus. (Depois admiram-se que os movimentos radicais, nomeadamente os da extrema direita, ganhem cada vez mais votos). E se me perguntarem se acho mal que o Estado Português receba refugiados, obviamente que não acho mal. Acharei sempre mal se o fizer em detrimento dos seus.

Para terminar os tópicos que deviam envergonhar o país, vamos às declarações do Sr. Ministro do Ambiente, quando “mandou” a maior parte das famílias mudar a tarifa elétrica para a mais baixa potência energética, para assim poderem ter o IVA a 6%. Tenha vergonha Sr. Ministro. Tenha vergonha. Parece que aprendeu com o outro e mandou os Portugueses emigrar. Mais vale mudar o IVA dos combustíveis para a taxa mais baixa e mandar os Portugueses comprar candeias a petróleo. Mas já estamos habituados a isto, hoje em dia os Ministros podem dizer qualquer “alarvidade” que ninguém se indigna. Até estava para escrever aqui algumas delas, mas mais vale guardá-las. Assim fico com título para outra crónica: “Os Ministros dizem cada coisa”.
Vou ficar por aqui. Ainda estava a pensar falar sobre as touradas, o IVA de 6%, a defesa da tradição e o sofrimento dos animais. Mas é melhor não. Como puderam ler, estou demasiado zangado com o país. Tenho medo de ferir suscetibilidades… tenho receio da reação do IRA (Intervenção e Resgate Animal) ou de alguma ganadaria ou grupo de forcados.

Crónica publicada na edição 353 do Notícias de Coura, 04 de dezembro de 2018.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

E chegou o inverno

1 - Brasil a arder!

Tal como era previsível, Bolsonaro é o novo Presidente do Brasil. Confirmaram-se os piores receios de meio mundo, o povo brasileiro atreveu-se a eleger um homem da extrema direita. São estes os perigos da democracia, dar a voz ao povo tem esta contrariedade, especialmente para quem perde! Enquanto escrevo esta crónica oiço nas notícias um cidadão brasileiro revoltado afirmar: “Resistência… Bolsonaro: o povo brasileiro não vai-se curvar a você!”; alguém lembre a este cidadão que, o povo já se curvou, mais de 55% do povo votou em Bolsonaro!
Mas será que o Brasil estará perdido? Não me parece… a América também elegeu Trump, os piores cenários foram previstos e… não se conseguem vislumbrar esses demónios pintados por quem perdeu. A eleição destas duas “personagens” conseguiu uma coisa: abanou as consciências! Em 2002 o mundo abanou quando em França, Jean-Marie Le Pen, candidato nacionalista, foi à 2.ª volta, obrigando todos os outros a unirem-se para o derrotar. Nos dias de hoje, nas Américas, eles ganham eleições. A Europa que se prepare…
Cá por terras lusas, continuamos a ouvir determinados “arautos de esquerda, fiéis defensores do pluralismo e da tolerância”, indignar-se agora com Bolsonaro… infelizmente continuam sem “dizer qualquer coisinha” sobre regimes como os da Venezuela e de Cuba.

2 - Remodelação no Governo.
Depois do reaparecimento das armas de Tancos, aquelas que um dia o Sr. Ministro da Defesa disse que “no limite, pode nem ter havido furto nenhum”, e do memorando que ninguém diz conhecer, eis que finalmente Azeredo Lopes pede a demissão. Aproveitando a boleia, o 1.º ministro António Costa faz uma remodelação, substituindo os ministros da Defesa, Economia, Cultura e Saúde. Percebe-se. Da Cultura ninguém quer saber (o que já não é novidade); da Economia ninguém conhece o Ministro (quem manda afinal é Mário Centeno), e na Saúde tem havido greves atrás de greves, já para não falar nas demissões dos chefes de serviço de hospitais inteiros. Por falar em greves, manifestações e funcionários insatisfeitos… Tiago Brandão Rodrigues safou-se… afinal vai tudo bem na educação.

3 – Afinal quem são os bandidos?
Há uns dias, a Polícia prendeu uns bandidos suspeitos de roubos violentos a idosos na zona do grande Porto (cerca de 30 assaltos violentos e mais de meio milhão de euros e bens). Depois de lhe ter sido decretada prisão preventiva pelo juiz de instrução, os bandidos fugiram de uma cela do Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Vinte e quatro horas depois a Polícia voltou a capturá-los e… partilhou uma fotografia dos bandidos, presos. E “prontos”… o país encheu-se de gente boa, tolerante, compreensiva e bondosa… “coitadinhos dos bandidos, isto não se faz.” Mais… o agente que tirou as fotografias será alvo de um inquérito-crime por violação do segredo de justiça e, pior, a advogada dos bandidos também o vai processar.
Sobre tudo isto muito me apetecia escrever, mas com palavras tão fortes que não me atreveria a enviá-las para publicação. Deixo-vos uma frase que em tempos ouvi e nunca esqueço de um polícia brasileiro, o Delegado Sivuca: “bandido bom é bandido morto, e enterrado em pé para não ocupar muito espaço.”

* O autor escreveu Polícia com letra maiúscula e a negrito. É uma pequena forma de lhe demonstrar apreço e agradecimento.

Crónica publicada na edição 351 do Notícias de Coura, 06 de novembro de 2018.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

O verão continua quente!

1- A estupidez das praxes
Na Universidade de Évora, um jovem foi filmado com a cara no chão em cima de farinha e mãos debaixo dos joelhos. À volta dele, vários estudantes tentam impedir a cena de ser filmada. Na Universidade da Beira Interior, dois jovens foram levados durante a noite para o meio da serra, foram despidos, obrigados a rastejar e ainda agredidos. A primeira situação foi já denunciada pelo Bloco de Esquerda, sobre a segunda, já foi feita queixa nas autoridades. De uma vez por todas alguém com autoridade tem de tomar medidas para que estas situações não se repitam. Esta “cambada de atrasados”, que sob a proteção do traje académico humilha, agride e maltrata os caloiros tem de uma vez por todas ser banida das universidades. E se não forem as próprias universidades a “dar-lhe guia de marcha”, tem de ser o governo. Um país que se diz civilizado não pode permitir que estas coisas aconteçam. Há mil e uma maneiras de integrar os caloiros no espírito académico, deixem de ser atrasados. (Perdoem-me a linguagem violenta, mas este assunto irrita-me profundamente.)


2 – O sorteio do juiz

Ivo Rosa vai ser o juiz de instrução do processo Marquês, aquele em que está acusado o antigo 1.º Ministro, José Sócrates, e envolvidos também Ricardo Salgado e Armando Vara. A designação do juiz foi feita por sorteio e através de um computador. A sorteio estavam apenas 2 juízes, Ivo Rosa e Carlos Alexandre. Nos primeiros minutos o programa bloqueou, mas depois acabou por responder e deixar de fora Carlos Alexandre, o juiz que acompanhava o processo, e que José Sócrates já tinha tentado afastar do processo algumas vezes por considerar imparcial. Os advogados dos acusados já se mostraram satisfeitos com a escolha do juiz, afirmando mesmo, “finalmente neste processo há um juiz legal…”, eu quase apostava que esta frase foi dita em português, com sotaque do Brasil! Experimentem lá!
Mais… já há quem faça piadas até com o nome do juiz. Lá por ter o apelido Rosa isso não deveria ter nenhuma conotação política, até porque José Sócrates já não é filiado no PS. A satisfação da defesa deve-se provavelmente ao facto de o juiz ser conhecido como “o juiz arquivador”. São vários os processos, bem conhecidos e mediáticos, onde este Sr. Juiz iliba toda a gente. Neste país é tudo gente honesta, o Ministério Público é que vê maldade e corrupção em todo o lado. (https://blasfemias.net/2018/09/29/ivo-rosa-o-juiz-arquivador/)


3 – Que Brasil é este?

Depois de Lula da Silva ter sido impedido de se candidatar à presidência, e impedido também de dar entrevistas, parte do Brasil, e do mundo, está assustado com as sondagens. O candidato, alegadamente da extrema direita, Jair Bolsonaro, corre a passos largos para a vitória. Mas será assim o homem tão radical? Vejamos algumas das suas propostas: - Metralhar a Rocinha (forma eficaz de acabar com o tráfico de droga na maior favela do Brasil), provavelmente os traficantes fugiam todos e os inocentes eram abatidos; - Porte de armas de fogo, isentas de taxas, para o “cidadão de bem” pois segundo ele, “Você não combate violência com amor, você combate com porrada, pô”; - Pretende colocar um militar no Ministério da Educação, e lutar contra a distribuição de material didático sobre sexualidade, aquilo a que chamou, “o kit gay”, pois como afirmou, “Seria incapaz de amar um filho homossexual, preferia que ele morresse num acidente do que se me aparecesse com um bigodudo"; - Em vários discursos como deputado, defendeu “a esterilização dos mais pobres como forma de conter a criminalidade e a miséria”… enfim… não vale a pena gastar mais linhas… é assustador. - Como pode o povo estar a pensar a votar num candidato assim? Pode, pois pode… ali perto, outro povo das Américas votou num candidato chamado Donald Trump. E apenas porque me atrasei a escrever esta crónica, tive a oportunidade de ver há alguns minutos uma notícia onde Trump, diz estar apaixonado por Kim Jong-Un.
E por falar em loucos*, deixo-vos uma frase de Albert Einstein: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”


* O autor refere-se a Albert Einstein como louco, no sentido da imprevisibilidade e do descontrolo. Só assim poderia ter tido a ousadia de pensar em mudar o mundo, e a coragem de o fazer.



Crónica publicada na edição 349 do Notícias de Coura, 9 de outubro de 2018.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Verão quente

1- Marine Le Pen
Marine Le Pen fazia parte da lista de oradores da próxima Web Summit. Fazia. Agora já não faz. Foi “desconvidada”! A culpa foi do Bloco de Esquerda, que devidamente acompanhado pelo PCP se insurgiu pelo facto de um evento patrocinado pelo Estado Português proporcionar um palco de atuação para uma senhora apelidada de fascista, racista, e até nazi. Obviamente que ela não o admite, diz apenas ser nacionalista e querer uma França, dos Franceses. O Bloco de Esquerda, nomeadamente a sua líder Catarina Martins podia também ser mais interventiva quando por exemplo o seu parceiro de coligação, o PCP, defende regimes como a Síria e a Coreia do Norte, quando membros do seu partido defendem uma Lisboa para os Lisboetas e compram prédios de milhões de euros para alugar a turistas (esta habilidade do Robles dava uma crónica!), ou quando em 2017 a Banda do Exército atuou nas comemorações do Dia da Venezuela, num evento com “evidente conteúdo político”. Por fim, Catarina Martins esquece-se que não é boa prática calar as ideias que são contra aquilo que defendemos, o efeito costuma ser contrário. Quanto à ideia da organização em convidar a Senhora Le Pen, não creio que tivesse sido uma infeliz ideia, a celeuma que levantou acabou por dar ainda mais visibilidade ao evento, e ao nosso país, embora neste caso o saldo não tivesse sido positivo.

2 – Monchique
Infelizmente, Portugal continua a ser notícia por causa dos incêndios. Monchique andou a arder durante uma semana, foi o maior incêndio da europa e queimou quase trinta mil hectares. Felizmente, não se registaram vítimas mortais. Ainda assim, não me parece que António Costa tenha sido muito feliz quando falou em “sucesso da operação”, opinião contrária à do Presidente da Câmara de Monchique que afirmou “não haver razão nenhuma para falar em vitória, pois falhou tudo, desde o planeamento ao combate”.

3 – SPORTING
Infelizmente também, as trapalhadas e as confusões para os lados de Alvalade continuam. A culpa é de quem? Como já seria de esperar, Bruno de Carvalho. O homem não deixa de surpreender pela negativa. Primeiro aparece em Alvalade com uma decisão de um tribunal para assumir de novo a presidência, depois envia mensagens de incentivo e apoio aos jogadores antes de um jogo de futebol, assinando-a como: “o vosso presidente”. O homem não está bem, decididamente, não está. A bem da instituição Sporting, prendam-no, internem-no, paguem-lhe umas férias num país remoto… mas por favor tirem esta personagem de cena. Noutros tempos, a comunicação social já teria deixado de lhe dar tempo de antena, mas hoje em dia as audiências ganham-se com coisas destas, e ele sabe muito bem disso.

4 – FESTIVAL
Do Festival de Paredes de Coura não sobra muito para dizer. Foi um sucesso, é sempre, e provavelmente sempre será! Seja como for, há coisas a melhorar, e isso fica evidente nalguns vídeos e fotografias que se viram pelas redes sociais, e falo do estacionamento. Ficou evidente que Paredes de Coura não tem condições para receber milhares de viaturas. Ficou evidente também, que ninguém se coibiu de estacionar em todos os passeios que encontrou e até a Avenida de Cenon ganhou uma faixa de estacionamento a meio! Acredito que as autoridades não tenham tempo para multar toda a gente, mas que deviam multar alguns, isso deviam. Defendo que deve haver tolerância, sem dúvida, mas nenhum evento justifica que se suspendam determinadas regras.

Crónica publicada na edição 347 do Notícias de Coura, 11 de setembro de 2018.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Apontamentos dispersos

1. Mundial de Futebol
A nossa seleção já voltou. Não foi uma prestação brilhante, não será ofensivo dizer que foram cumpridos os serviços mínimos. Em jeito de brincadeira, ouvimos dizer que logo no jogo em que Portugal jogou bem, perdeu. Ainda assim, outros mais favoritos que nós foram também eliminados nos oitavos de final, Argentina e Espanha. O Brasil, esse eterno favorito, pouco mais longe chegou, e a Alemanha, aquela seleção que no fim ganha sempre, ficou-se logo pela fase de grupos. Que vergonha… a seleção campeã do Mundo ser logo eliminada… pois, a culpa foi dos videojogos! Segundo o jornal Bild, os jogadores alemães passaram muitas horas a jogar videojogos e não descansaram como deviam! (E ainda se queixam vocês das crianças!)
Ah… quase me esquecia! Deste mundial fica uma coisa: Ronaldo marcou três golos à Espanha… em jeito de vingança depois de ser condenado pelas finanças do país vizinho!

2. Cristiano Ronaldo
No momento em que escrevo esta crónica Ronaldo ainda não chegou a Itália. Mas vai chegar. Tudo indica que vai ser jogador da Juventos. Muitos milhões?!?! Não me parece… é um investimento mais do que justificado, o retorno da venda de camisolas com o n.º 7 em breve o alcançará. E depois… é o melhor jogador do Mundo. Deixar Espanha é a atitude certa, já não é a primeira vez que o Real Madrid trata assim as suas estrelas, o clube não suporta que elas se atrevam a brilhar mais do que ele!

3. Bruno de Carvalho
Pensei que não voltava a escrever nada sobre esta personagem.
Depois de ter sido destituído da presidência do Sporting com mais de 70% dos votos, Bruno de Carvalho escreveu umas “alarvidades” no Facebook e desapareceu durante uns dias. E agora, voltou. Os candidatos à Presidência do Sporting já são quatro, um deles, Bruno de Carvalho. E isto… pode ser muito mau sinal. A ver vamos…

4. Greve de Professores
Estamos em greve às reuniões de avaliação. Já lá vão três semanas de greves, pelo menos na minha escola. Estou a ficar farto. Farto de ir para a escola, esperar por reuniões que sei que não vão acontecer. Em causa estão os 9 anos, 4 meses e 2 dias que o Ministério da Educação, aliás, o Governo Português quer apagar da minha (nossa) carreira. Não me vou alongar em justificações. Aproveito estas linhas para enviar um recado ao Sr. Ministro da Educação e à sua Secretária de Estado: Cumpram o que colocaram no Orçamento do Estado. Não se atreva a vir dizer que “houve erros de perceção mútua”. Não faça de mim(nós) parvos. O texto é claro, o Governo aceitou escrever na declaração de compromisso que recuperava “o” tempo de serviço. Percebeu?! (“o”: artigo definido que tem como objetivo individualizar, destacar ou determinar algo de maneira precisa). Aceite lá esta pequena lição de português de um professor de informática. Palavra dada é palavra honrada. (Ou não?!)

5. Milagre
Tailândia. Doze crianças e o seu treinador de futebol entram numa caverna depois de um treino. A chuva bloqueia a entrada. São encontrados com vida dez dias depois. Numa operação extremamente difícil começam a ser resgatados por mergulhadores. O pesadelo chegou ao fim há poucos minutos, foram todos salvos. (Aqui fica o motivo pelo qual só terminei esta crónica por volta da hora de almoço, terça-feira, dia dez de julho.)

Crónica publicada na edição 345 do Notícias de Coura, 17 de julho de 2018.

terça-feira, 26 de junho de 2018

O direito à vida

A eutanásia permanece uma questão fraturante, por um lado temos quem a defende justificando-o com o fim do sofrimento dos doentes, por outro, aqueles que defendem que a vida humana é inviolável e está acima de qualquer outra coisa.
Pegando no argumento dos últimos, de facto assim é, e assim está na nossa Constituição, artigo 24º, n.º 1, “A vida humana é inviolável.” Interpretando o artigo à risca podemos dizer que, sendo inviolável, ninguém a pode violar, nem mesmo o seu detentor. Desta forma, é lógico também dizer que a vida, a nossa vida, não é um direito pleno, pois dela não podemos dispor livremente. Temos ainda os argumentos daqueles que afirmam que a eutanásia é um ato de cobardia, daqueles que não têm a coragem de sofrer, pois segundo alguns o avanço da medicina já permite controlar a dor durante muito tempo.
Perante este último argumento arrisco-me a perguntar:
- Será aceitável controlar a dor anos a fio?
- Será aceitável sujeitar o corpo a tratamentos constantes, muitos deles dolorosos, para prolongar a vida? (- E que vida? Não será antes uma “estranha forma de vida”?)
Não me parece que seja. Mais, arrisco mesmo afirmar que não é, nem que para tal me tenha de socorrer da Constituição, e do n.º 2 do seu artigo 25º, “Ninguém pode ser submetido a tortura…”
Mas, mais dolorosa que esta dor física, será certamente a dor psicológica, aquela que os medicamentos dificilmente aliviam, e essa dor, não é exclusiva dos doentes em fase terminal. Afeta também, e muito, aqueles que os amam e pouco ou nada podem fazer para lhes aliviar o sofrimento, aqueles que os acompanham durante muitos anos e, quando o fim chega e termina o sofrimento dos seus doentes, permanece o deles. E, apesar de verem esse sofrimento atenuado pelo fim do sofrimento do outro, vão continuar a vivê-lo na saudade, e muitas vezes na revolta de pouco terem feito para o evitar, ou no mínimo aliviar.
Que a vida é um direito todos estamos de acordo. Mas um direito pleno, não. Não é.
Na Europa, há já quatro países, Holanda, Bélgica, Suíça e Luxemburgo, onde é permitida a eutanásia, ou a morte assistida. 
Em Portugal o assunto foi a votos há poucos dias na Assembleia da República. Ficou tudo na mesma.
No nosso país continua a existir o “dever de viver”, não o “direito de viver”.

Crónica publicada na edição 343 do Notícias de Coura, 19 de junho de 2018.

terça-feira, 29 de maio de 2018

As provas de aferição

Uma das primeiras medidas deste governo na área da educação foi a de acabar com os exames do 4.º e 6.º anos. Muitos argumentos se poderiam apresentar, contra e a favor, não me vou alongar nos mesmos, sob pena de estender esta crónica até ao final do verão! Nessa altura, muita gente foi buscar o “país da moda”, a Finlândia. Lá não há exames, mas tudo o resto não se compara a Portugal, portanto se querem copiar a Finlândia, copiem tudo. Outras vozes, mais preocupadas com o bem-estar das crianças, alegaram que os exames deixam as crianças nervosas e em stress. Esquecem-se que vivemos num mundo competitivo, a avaliação do que fazemos é uma constante da nossa vida e vai ser um choque bem grande para muitos alunos quando se virem “abandonados” no mundo real, sem as paredes protetoras da escola, e sem o “facilitismo” com que foram habituados. Ainda sobre esta matéria do fim dos exames, falava há uns dias com um professor de matemática que me confessava que “os alunos sabiam cada vez menos, e que desde que os exames de 4.º e 6.º tinham acabado era gritante a falta de conhecimentos de alguns.” Fiz-lhe ver as vantagens de tal prática… desde o fim dos exames o número de alunos retidos diminuiu drasticamente, houve escolas que logo nesse ano viram chegar a zero o número de retenções no 4.º ano. Mais, lembrei-lhe que não se devia preocupar com o facto de os alunos “saberem ou não saberem”, o que importa é haver poucas negativas, o que importa é que o número de alunos retidos se aproxime rapidamente do zero. Afinal, para que “diabo” precisam eles da matemática. Ainda há uns dias fui a uma loja comprar dez unidades de determinado artigo, e o funcionário pegou na calculadora e lá me disse quando tinha a pagar! Acham mesmo que é preciso perder tempo a recordar como se multiplica um número por dez?! 

Voltando ao presente, realizaram-se no início do mês as provas de aferição do 2.º ano, expressões artísticas e físico-motoras. Nas expressões físico-motoras os meninos tiveram de saltar, atirar uma bola contra a parede e agarrá-la, controlar uma bola com os pés, enfim, um sem número de habilidades cujo resultado convém mesmo aferir, não vá o Governo lembrar-se de desinvestir nas áreas físicas e canalizar essas horas para a matemática, o português, o inglês e as ciências. (Desde que me lembro de ser professor, há apenas vinte anos, que a preocupação dos sucessivos governos são essas áreas, as expressões eram, são e continuarão a ser o parente pobre do ensino, as disciplinas da 3.ª divisão, como sabiamente costuma dizer uma professora que conheço. Depois, têm a ousadia de escrever que “a escola mata a criatividade dos alunos”, como querem que seja diferente quando 75% do currículo é composto de disciplinas presas a conteúdos “pouco significativos”!?) 

Já a prova de expressões artísticas foi muito mais engraçada, cantar uma canção, improvisar uma dramatização, pintar uma caixa de ovos, enfim, coisas que ouvi dizer, não vi, portanto não posso aprofundar! 

O que vi foi que no dia da prova de expressões artísticas, por certo por falta de condições da escola, mais de 200 alunos ficaram em casa, pois na escola só estiveram os alunos do 2.º ano, pouco mais de 60. A assegurar a realização das provas estiveram cerca de 40 professores, entre professores vigilantes, aplicadores, suplentes, coadjuvantes, secretariado de exames e técnicos informáticos, entre as 8 e as 15 horas aproximadamente. Alguns alunos ficaram sem aulas, pois muitos destes professores tinham aulas, mas como é óbvio, as provas de aferição são mais importantes. Espero bem que todo este trabalho tenha alguma utilidade, que se consiga mesmo “aferir” como estão as “expressões” no 2.º ano de escolaridade, sob pena de tudo isto ser um desperdício de dinheiro público. E também nas que se avizinham, pois ainda vamos ter mais provas de aferição nos 5.º e 8.º anos, educação musical, educação visual, educação física… e depois as da 1.ª divisão, matemática e português! Não será por falta de “aferição” que o sistema educativo não melhora! 

* Toda esta crónica é pura invenção do autor, qualquer semelhança entre ela e a realidade terá de ser mera coincidência. A invenção desta história foi provocada pela constante falta de inspiração do autor na hora de escrever os textos e cumprir o prazo acordado com o Diretor do jornal para envio dos mesmos. (Podia ter escrito sobre o festival Eurovisão da canção… mas nem me lembrei)!

Crónica publicada na edição 341 do Notícias de Coura, 22 de maio de 2018.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Bruno, o presidente

O Sporting tinha acabado de perder em Madrid 2-0 com o Atlético, na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa. O jogo começou com uma perda de bola infantil de um jogador do Sporting e que deu o primeiro golo para os espanhóis. Terminou quase da mesma forma, com um jogador do Sporting a falhar de forma incrível um golo que colocaria o resultado em 2-1. 
Desiludido, zangado, revoltado e “à procura de protagonismo”, Bruno de Carvalho, o Presidente dos Leões abre o Facebook e… BOMBA! 
Tal qual um comentador televisivo/treinador, afirma que os defesas do Sporting fizeram aquilo que os avançados do Atlético não conseguiram, critica as opções de remate dos jogadores, “em vez de fuzilar para a esquerda, tenta colocar em jeito, mas sem força, para o lado direito”, acusa os jogadores que levaram cartão amarelo de o fazerem propositadamente e por fim, sobre o falhanço do seu jogador escreve, “desperdiçou um golo feito com um remate para o céu quando só se pedia um simples encosto”. Depois de tudo isto, é caso para perguntar: - Porque razão não entra para o campo o Presidente? 
Os jogadores não gostaram de ser criticados/atacados publicamente pelo seu Presidente, servem-se do Instagram e partilham um comunicado de revolta. Bruno de Carvalho não está com meias medidas, chama-lhes “meninos mimados”, dizendo que o Sporting não é “a república das bananas”, e suspende imediatamente todos quantos o partilham! 
E agora? Quem é que vai jogar contra o Paços de Ferreira? A equipa B?! 
E foi aqui que entrou em campo Jorge Jesus. Obviamente que o treinador tinha de estar do lado dos jogadores; obviamente que Jorge Jesus não iria assumir os comandos da equipa se não fosse com os jogadores principais. O resultado viu-se em campo, jogadores e treinador aplaudidos, Presidente vaiado. Mesmo depois disto, e da dor de costas, Bruno de Carvalho não resistiu e foi à sala de imprensa ainda antes do treinador adversário e voltou a disparar, chamando ingratos a quem o assobiou e lhe chamou nomes.
Entretanto, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral afirmou que o Presidente não tem outra saída que não a demissão, Bruno de Carvalho ripostou chamando-lhe traidor. Dias depois, e com o Presidente mais ou menos afastado, provavelmente a cuidar da filha recém-nascida, o Sporting faz o jogo da segunda mão em casa frente ao Atlético de Madrid, ganha 1-0, é eliminado, mas “cai de pé” segundo as palavras de Jorge Jesus. Segundo constou, no dia seguinte o Presidente enviou uma mensagem de parabéns aos jogadores, não se coibindo de escrever que se jogassem sempre assim não tinham sido eliminados nem estavam em 3.º lugar no campeonato. Ah… e pelos vistos a mensagem não foi enviada aos jogadores que, nas palavras do Presidente, são os instigadores de tudo isto. 
Entretanto, a equipa de andebol dedicou uma vitória ao Presidente, apontando assim algumas farpas à equipa de futebol. Enfim… isto parece um argumento de uma novela, mexicana ou portuguesa, tanto faz. 
Para terminar, o tempo vai passando, o Sporting já só está dependente de si mesmo para chegar ao segundo lugar do campeonato e está a um jogo de atingir a final a Taça de Portugal. Se estes dois objetivos forem atingidos eu não tenho dúvidas de quem vai afirmar ter sido o responsável: Bruno de Carvalho. Certamente irá afirmar que o Sporting mudou, desde o puxão de orelhas aos jogadores. Eu até o percebo, não lhe percebo é a forma. Vamos ver por quanto mais tempo será ele o Presidente. Não creio que muito… o Sporting, enquanto instituição, não pode continuar a estar dependente dos seus comportamentos. A cotação das ações foi suspensa, o valor de alguns jogadores por certo baixou, o desejo deles irem embora aumentou… enfim… o futuro do Sporting está em causa. Se Bruno de Carvalho fosse verdadeiramente sportinguista, na hora em que escrevo esta crónica já não devia ser o Presidente. Vamos esperar pela hora a que os leitores a estiverem a ler. 

* O autor do artigo não é adepto do Sporting e até nutre uma simpatia especial por um clube que, fruto dos poucos títulos ganhos nos últimos anos, continua a mostrar que tem os adeptos mais fiéis. O autor tem alguns amigos sportinguistas, alguns ferrenhos, mas todos boas pessoas. 

Crónica publicada na edição 339 do Notícias de Coura, 24 de abril de 2018.

terça-feira, 27 de março de 2018

Inutilidades

1. Um carro no espaço. 
No passado mês de fevereiro o foguetão gigante Falcon Heavy descolou rumo ao espaço. Este foguetão pertence à empresa SpaceX, que espera com ele realizar missões para Marte no futuro. A bordo, um carro elétrico, Tesla, vermelho, o qual foi deixado numa órbita próxima de Marte. Todos os grandes progressos partem de “mentes loucas”, neste caso Elon Musk, multimilionário, presidente da SpaceX e dirigente da Tesla. Tudo isto me parece uma grande parvoíce, uma extravagância de alguém com muito dinheiro e que não tem ideia de quanto podia mudar na Terra com o dinheiro que “foi queimar” para o espaço. Obviamente que, se for encontrado por um homenzinho verde com um só olho, ele vai fartar-se de rir! Já agora, no momento em que este artigo está a ser escrito o carro já está a cerca de 9 milhões de km da Terra. Podem acompanhar a sua localização aqui: http://www.whereisroadster.com/ 
Nesta coisa das “mentes loucas”, milionários extravagantes e visionários que mudam o mundo, há um que de facto dificilmente terá rival neste mundo, Steve Jobs, ele sim “louco o suficiente para pensar que podia mudar o mundo, e de facto, mudou.” 

2. Rede móvel 4G na Lua. 
A Vodafone, a Audi e a Nokia vão levar comunicações móveis à Lua em 2019. O objetivo é permitir a transmissão de vídeos de alta-definição da superfície lunar. Está previsto que o equipamento (que será lançado por um foguetão da SpaceX!), entre em funcionamento em 2019. Em percebo alguma da importância da exploração espacial, e o interesse deste tipo de missões para o trabalho de cientistas e instituições académicas, mas efetivamente custa-me aceitar que se gaste tanto dinheiro no espaço, quando há tanto por fazer na Terra. Perdoem-me citar o exemplo mas, vamos ter rede 4G na Lua e na Terra há locais onde nem sequer rede de telefone há, já para não falar em coisas bem mais importantes como por exemplo água potável. Em fevereiro, na Sertã, uma idosa morreu depois de cair inanimada no chão. O marido, teve de percorrer 2 km a pé para pedir ajuda, pois o telefone fixo continuava sem funcionar depois dos incêndios do verão. E isto, em Portugal. Imaginem só o que se passará nos países subdesenvolvidos. Resta-nos a esperança de que em 2019, pelo menos na Lua, isto não acontecerá. 

3. Professores armados na sala de aula. 
Na América (não comecem já a rir por favor), um ex-aluno de uma escola secundária da Florida abateu a tiro 17 alunos com uma arma de fogo. Lembrem-se que na América só se pode comprar álcool aos 21 anos, para comprar armas há Estados que nem exigem sequer uma idade mínima. Trump, (por favor, não é para rir), vai reunir com os representantes da indústria dos videojogos, segundo alguns responsáveis políticos, estes jogos funcionam como estimulantes de alguns dos acontecimentos violentos que têm manchado a história da América. Num encontro com professores, pais, políticos e autoridades, Trump ouviu um dos presentes sugerir que os professores deviam ter licença de uso e porte de arma. Nalgumas das tragédias em solo americano, muitos professores têm morrido a tentar salvar os alunos, se calhar se tivessem uma arma as coisas teriam sido diferentes. Esta medida parece-me absurda, mas não me admirarei se vier a ser concretizada. Afinal, estamos a falar da América. 

4. Animais nos Restaurantes 
Os animais de companhia podem a partir de maio acompanhar os donos a almoçar ou jantar, nos estabelecimentos que assim os aceitarem. Esta lei é um exemplo perfeito do que uma coligação política provoca, muitas vezes o partido que governa tem de ceder a uma extravagância de um partido extremista. A nossa sorte é que por certo imperará o bom senso dos proprietários da maioria dos estabelecimentos comerciais. Eu entraria em pânico se de repente se sentasse a almoçar ao meu lado alguém com uma cobra ou uma aranha gigante. Imaginem só o que seria por exemplo para um porco, acompanhar o seu dono ao restaurante e ficar ao lado de alguém que se estivesse a deliciar com umas costeletas do cachaço! Seria no mínimo, traumatizante. Quem escreve isto é alguém que adora animais, que gosta mais dos animais que de muitos seres humanos, mas que tem o bom senso para perceber que não é com “legislação ridícula” que se mudam comportamentos e que se faz com que os direitos dos animais sejam respeitados.

Crónica publicada na edição 337 do Notícias de Coura, 20 de março de 2018.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A super Nanny está de volta

O Tribunal ordenou à SIC que usasse filtros na cara das crianças. Como a solução era tecnicamente impossível a estação televisa resolveu cancelar o programa. Mas agora ele está de volta! A SIC vai transmitir a versão americana do programa, no fundo, uma versão igual à portuguesa, mas no país do Tio Sam, ou do Tio Trump! 
Mas voltando um pouco atrás, deixa-me lá tecer algumas considerações sobre a Super Nanny portuguesa: 

1) A versão portuguesa do programa teve apenas dois episódios, 1,18 milhões de espetadores no primeiro e 1,25 milhões no segundo (dados da GfK analisados pela Marktest/MediaMonitor). Era, portanto, um sucesso, tal como seria de esperar, programas deste tipo têm sempre assistência garantida em Portugal (e mais não digo para não me armar em esquisito, eu mesmo acabei por ver o 2.º programa para ter possibilidade de falar dele!). 

2) A base do programa assenta em famílias com crianças cujos comportamentos não são controlados pelos pais e que, com a orientação de uma especialista (a Super Nanny), se pretende ajustar. Ah… a família em causa recebia uma quantia simbólica, cerca de 1000 euros, coisa insignificante nos dias de hoje. 

3) Durante o programa e perante as atitudes das crianças (poderia chamar-lhe malcriações, mas não vale a pena), a Super Nanny dava conselhos, mandava as crianças para o “local do castigo” durante x minutos de cada vez (sendo x o número de anos da criança). 

4) Pergunto eu: Mas algo do que ali se via é novidade? Que algumas crianças refilam/ralham com os pais quando as suas vontades não são satisfeitas? Quais de nós não viram já pequenos “pirralhos” aos gritos e a rebolarem no chão de algumas lojas gritando pela compra de um brinquedo, ou de um doce? 

5) Depois da transmissão do primeiro programa imensas vozes (entre elas a sempre atenta Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças) se revoltaram contra o programa, defendendo a imagem das crianças expostas, alegando que o programa violava os direitos das crianças a serem protegidas na sua vida privada. Reis Novais, constitucionalista, assegura que “Há limites que não se podem ultrapassar; os pais não têm o domínio total sobre o direito à imagem e à privacidade dos filhos.” (Os Pais têm é a obrigação plena de satisfazer as necessidades/vontades das crianças.) 

6) Sinceramente, acho absurdas e não justificadas estas falsas preocupações. Como já escrevi, nada daquilo que vimos é novidade. Quem conhece aquelas crianças sabe por certo que elas são assim, quem não as conhece, duvido que as reconheça na rua passados alguns dias. A rapidez com que o Tribunal ordenou o cancelamento da transmissão dos programas é assinalável. Devia ser assim também nos casos de violência doméstica. Nos últimos tempos têm sido vários os episódios de mulheres assassinadas por maridos violentos, em situações que os tribunais tinham conhecimento. (Poderia chamar vergonhosas a essas situações, mas não o vou fazer). 

7) Além de tudo isto, só vê o programa quem quer, o mesmo se passa com as “Casas dos Segredos” e as “Quintas das Celebridades”, ouve-se imensa gente a falar mal, mas as audiências são sempre assinaláveis! 

8) Para terminar, e para o fazer de forma provocatória vou rematar: “Acho muito bem que o programa tenha sido cancelado. É uma violência expor a vida privada da criança e a sua intimidade. O programa é contrário ao superior interesse da criança… o direito de refilar com os pais, de levantar a mão, de fazer birras na defesa daquilo que lhe interessa. Deixem lá as crianças serem assim como são…” 

Crónica publicada na edição 335 do Notícias de Coura, 20 de fevereiro de 2018.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Salvo pelo que não me agrada

Hoje é segunda-feira, dia quinze de janeiro. Lembrei-me ao final da tarde que me esqueci de no fim de semana pensar o que escrever para a minha crónica no Notícias de Coura. Sentei-me no sofá depois do jantar e andei perdido durante quase três horas à procura de temas atuais sob os quais pudesse ter uma opinião, ou criticar como muitas vezes faço. O que me aparece não me motiva: 

1. Eleições para a liderança do PSD: nada de novo, nem de muito surpreendente, Rui Rio vai liderar o partido, em condições normais perderá as eleições legislativas para António Costa, que provavelmente não terá maioria absoluta mas formará governo com o apoio do PSD. (Os partidos que apoiam a geringonça de esquerda por certo perderão peso na Assembleia). Decorrida meia legislatura começará a “cheirar a poder” ao PSD e nessa altura, virão à batalha os nomes sonantes que agora apenas foram falados, como Marques Mendes, Luís Montenegro ou quem sabe José Eduardo Martins. De nada adiantará a Rui Rio obter alguma vitória eleitoral, daquelas “vitórias de pirro” semelhante à do PS de António José Seguro nas Europeias de 2014! 

2. Caos nas urgências: a polémica estalou quando os enfermeiros do Hospital de Faro partilharam fotografias chocantes, dezenas de doentes em macas nos corredores. A ordem dos enfermeiros apelou para que os enfermeiros de todo o país seguissem o exemplo dando a conhecer as situações em que a dignidade humana era posta em causa. O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Guimarães, também visado nalgumas publicações, insurgiu-se contra a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Para este senhor, o importante é preservar o direito à privacidade dos doentes, em vez de lhe garantir cuidados médicos dignos. Ainda sobre este tema, alguém afirmou que quando algum Ministro vai visitar um hospital, são dadas ordens para esconder as macas e dar uma imagem de normalidade. Enfim, nada de anormal neste país. Quanta gente não se preocupa em limpar a casa porque vai receber visitas?! 

3. O Presidente da República vetou as alterações à Lei do financiamento dos partidos, aquela que o Parlamento aprovou “mais ou menos” às escondidas, sobre a qual se fizeram várias reuniões mas pelos vistos sem atas, e na qual aproveitando as sugestões de alteração propostas pelo Tribunal Constitucional, acrescentaram mais algumas coisinhas, como por exemplo o “alargamento de devolução do IVA a todas as atividades partidárias”. Coisa inocente. Não me admira que PS e PSD o fizessem, agora o BE e especialmente o PCP é que me deixa incrédulo. Sempre “com a boca cheia” na defesa dos trabalhadores e condenando o grande capital, e no fundo, interessados apenas em encher os próprios bolsos. Isto de querer a devolução do IVA é uma coisa sem vergonha. 

4. Aproximam-se novos episódios na crise governativa da Catalunha. Depois da aplicação do artigo 155º através do qual o executivo espanhol assumiu o controlo da governação da Catalunha e das eleições que deram a vitória ao Ciudadanos, apesar dos Independentistas terem maioria para não os deixar formar governo, eis que Puigdemont, exilado na Bélgica, afirma querer ser nomeado chefe do governo e tomar posse à distância! Isto seria uma coisa extraordinária! Enfim. Vamos esperar pelos novos “episódios”, mas a coisa não está fácil para os “nuestros hermanos”! 

E assim me preparo para terminar mais uma crónica. Sem grande entusiasmo pelos temas é certo, mas satisfeito por ter cumprido o meu compromisso. Vamos lá ver se entretanto acontece algo verdadeiramente interessante, motivador ou provocante, para eu não ter de passar por mais umas horas angustiantes. 

Crónica publicada na edição 333 do Notícias de Coura, 23 de janeiro de 2018.