terça-feira, 16 de outubro de 2018

O verão continua quente!

1- A estupidez das praxes
Na Universidade de Évora, um jovem foi filmado com a cara no chão em cima de farinha e mãos debaixo dos joelhos. À volta dele, vários estudantes tentam impedir a cena de ser filmada. Na Universidade da Beira Interior, dois jovens foram levados durante a noite para o meio da serra, foram despidos, obrigados a rastejar e ainda agredidos. A primeira situação foi já denunciada pelo Bloco de Esquerda, sobre a segunda, já foi feita queixa nas autoridades. De uma vez por todas alguém com autoridade tem de tomar medidas para que estas situações não se repitam. Esta “cambada de atrasados”, que sob a proteção do traje académico humilha, agride e maltrata os caloiros tem de uma vez por todas ser banida das universidades. E se não forem as próprias universidades a “dar-lhe guia de marcha”, tem de ser o governo. Um país que se diz civilizado não pode permitir que estas coisas aconteçam. Há mil e uma maneiras de integrar os caloiros no espírito académico, deixem de ser atrasados. (Perdoem-me a linguagem violenta, mas este assunto irrita-me profundamente.)


2 – O sorteio do juiz

Ivo Rosa vai ser o juiz de instrução do processo Marquês, aquele em que está acusado o antigo 1.º Ministro, José Sócrates, e envolvidos também Ricardo Salgado e Armando Vara. A designação do juiz foi feita por sorteio e através de um computador. A sorteio estavam apenas 2 juízes, Ivo Rosa e Carlos Alexandre. Nos primeiros minutos o programa bloqueou, mas depois acabou por responder e deixar de fora Carlos Alexandre, o juiz que acompanhava o processo, e que José Sócrates já tinha tentado afastar do processo algumas vezes por considerar imparcial. Os advogados dos acusados já se mostraram satisfeitos com a escolha do juiz, afirmando mesmo, “finalmente neste processo há um juiz legal…”, eu quase apostava que esta frase foi dita em português, com sotaque do Brasil! Experimentem lá!
Mais… já há quem faça piadas até com o nome do juiz. Lá por ter o apelido Rosa isso não deveria ter nenhuma conotação política, até porque José Sócrates já não é filiado no PS. A satisfação da defesa deve-se provavelmente ao facto de o juiz ser conhecido como “o juiz arquivador”. São vários os processos, bem conhecidos e mediáticos, onde este Sr. Juiz iliba toda a gente. Neste país é tudo gente honesta, o Ministério Público é que vê maldade e corrupção em todo o lado. (https://blasfemias.net/2018/09/29/ivo-rosa-o-juiz-arquivador/)


3 – Que Brasil é este?

Depois de Lula da Silva ter sido impedido de se candidatar à presidência, e impedido também de dar entrevistas, parte do Brasil, e do mundo, está assustado com as sondagens. O candidato, alegadamente da extrema direita, Jair Bolsonaro, corre a passos largos para a vitória. Mas será assim o homem tão radical? Vejamos algumas das suas propostas: - Metralhar a Rocinha (forma eficaz de acabar com o tráfico de droga na maior favela do Brasil), provavelmente os traficantes fugiam todos e os inocentes eram abatidos; - Porte de armas de fogo, isentas de taxas, para o “cidadão de bem” pois segundo ele, “Você não combate violência com amor, você combate com porrada, pô”; - Pretende colocar um militar no Ministério da Educação, e lutar contra a distribuição de material didático sobre sexualidade, aquilo a que chamou, “o kit gay”, pois como afirmou, “Seria incapaz de amar um filho homossexual, preferia que ele morresse num acidente do que se me aparecesse com um bigodudo"; - Em vários discursos como deputado, defendeu “a esterilização dos mais pobres como forma de conter a criminalidade e a miséria”… enfim… não vale a pena gastar mais linhas… é assustador. - Como pode o povo estar a pensar a votar num candidato assim? Pode, pois pode… ali perto, outro povo das Américas votou num candidato chamado Donald Trump. E apenas porque me atrasei a escrever esta crónica, tive a oportunidade de ver há alguns minutos uma notícia onde Trump, diz estar apaixonado por Kim Jong-Un.
E por falar em loucos*, deixo-vos uma frase de Albert Einstein: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”


* O autor refere-se a Albert Einstein como louco, no sentido da imprevisibilidade e do descontrolo. Só assim poderia ter tido a ousadia de pensar em mudar o mundo, e a coragem de o fazer.



Crónica publicada na edição 349 do Notícias de Coura, 9 de outubro de 2018.