terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Alguém nos “Livre”!

As polémicas em torno do Livre e da sua deputada Joacine Katar Moreira, começaram logo no dia das eleições, com a festa do partido a ser criticada pelas bandeiras da Guiné-Bissau. Exagero e radicalismo do povo, digo eu, num momento de alegria é natural ela ter festejado com a bandeira do seu país natal, tal como por exemplo Jorge Jesus fez quando ganhou a Copa dos Libertadores ao serviço do Flamengo.
No dia da tomada de posse, Joacine Katar Moreira chegou à Assembleia da República acompanhada do seu assessor. Até aqui nada de estranho. Surpreendente foi o facto de ele ir vestido de saia! (Este ponto de exclamação é irónico). Tornou-se de imediato no centro das atenções dos jornalistas e das redes sociais. Justificou dizendo com o facto de querer manter «o Reino Unido e a sua cultura tão rica, interessante e exótica dentro da União Europeia». Ridículo. Não as vestes, mas sim a explicação. Logo aqui foi fácil perceber que esta deputada estava mesmo decidida a marcar a legislatura.
Dias depois, foi votada na Assembleia da República uma proposta de condenação aos bombardeamentos do exército israelita sobre a população da Faixa de Gaza. Joacine Katar Moreira absteve-se. A direção do partido Livre mostrou-se preocupada, afirmando que a posição sobre a Palestina é clara desde a fundação do mesmo, pela autonomia do território e pelo reconhecimento do Estado da Palestina. Joacine justificou-se dizendo que tentou contactar o partido durante três dias, sem sucesso, e como não queria arriscar, absteve-se. Ridículo. Não o voto, mas a justificação. Ninguém acredita que durante três dias responsáveis políticos não conseguissem contactar, e mesmo que isso tivesse acontecido, a obrigação da deputada era votar de acordo com o programa do partido, a sua obrigação era conhecer as ideias que regem o partido, coisa que pelos vistos não conhece.
Mas ainda há pior. A senhora deputada não gostou da posição do partido e acusou-o de falta de apoio desde o início, dizendo que ganhou as eleições sozinha e que a direção não precisa de a ensinar a ser política. Ridículo. Ninguém ganha eleições sozinho e a verdade é que senhora deputada precisa mesmo de quem a ensine a ser política, senão veja:
- Na questão da abstenção sobre a condenação aos bombardeamentos na Palestina, a senhora devia votar de acordo com os estatutos/ideias/posições do partido pelo qual foi eleita, pois foi ao partido que os eleitores deram o voto, não a si.
- Durante a campanha eleitoral, Joacine Katar Moreira considerou uma das suas prioridades políticas a Lei da Nacionalidade. Quando chegou a altura de a entregar para discussão na Assembleia da República, falhou o prazo de entrega, não tendo entregue a sua proposta a horas. Aqui já não é ridículo, aqui é mesmo falta de responsabilidade, incompetência, ou talvez maldade… pois algo me diz que isto foi propositado.
O Livre está a colher os frutos daquilo que plantou. Escolheu uma candidata diferente, conseguiu muitos votos graças ao percurso ativista de defesa dos direitos das minorias étnicas e das mulheres da candidata. Agora, vê a sua deputada assumir uma posição arrogante e centrada em si mesma e alinhar com uma política identitária exclusiva. O Livre vai assim num caminho perigoso. Estas políticas identitárias em defesa de grupos sociais mais vulneráveis não podem ser pretexto ou desculpa para marginalizar os outros. Quando a deputada evita dialogar com o seu partido e chama de extrema-direita a quem não concorda com ela, não está a respeitar nem a liberdade, nem a democracia, nem quem a elegeu.
Não é difícil ter uma ideia do que vai acontecer nesta legislatura. Joacine Katar Moreira dificilmente deixará a sua postura egocêntrica e arrogante. Durante a legislatura será deputada, obtendo daí vantagens ao alcance de muito poucos, não só financeiras é claro! O Livre não a voltará a escolher para deputada.
O Livre nunca mais elegerá ninguém.

Crónica publicada na edição 377 do Notícias de Coura, 17 de dezembro de 2020.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Obrigado Mister!

Algures do outro lado do mundo, a mais de 9000 km de distância do nosso país, vejo um senhor de cabelos brancos com uma bandeira portuguesa vestida. Chama-se Jorge Jesus, tem 65 anos e é treinador de futebol.
Quando saiu de Portugal para treinar nas “Arábias”, os portugueses puderam ver um homem no Aeroporto que partia sozinho, emocionado e triste por deixar o país, especialmente nas condições em que o fazia, depois dos lamentáveis incidentes em Alcochete. Alguns meses depois numa reportagem sobre a vida de Jorge Jesus na Arábia Saudita, lembro-me de ver um homem rodeado de luxos, tinha tudo o queria no país do “petróleo”, mas os seus olhos não conseguiam disfarçar tristeza, aquela tristeza tão portuguesa chamada saudade.
Tempos depois vai para o Brasil. A chegada ao nosso “país irmão” não foi acolhedora, muitos lhe vaticinaram um regresso precoce a Portugal. Entre eles, Marco de Vargas, jornalista desportivo brasileiro que “gozou” com “aquele velhinho de 64 anos que só tinha ganho 3 campeonatos na porcaria do futebol português”. Pouco tempo depois, o velhinho sábio e humilde afirmou que não tinha ido para o Brasil para ensinar ninguém. Ainda assim, os brasileiros aprenderam como com trabalho se pega numa equipa a 8 pontos do 1.º lugar e se é campeão a 4 jornadas do fim do campeonato. Entretanto, leva-a à conquista de um título único.
Num fim-de-semana histórico, Jorge Jesus conduziu o Flamengo à vitória na Taça Libertadores da América e poucas horas depois sagrou-se campeão de futebol do Brasil. Alvo de imensas piadas sobre o seu português “engraçade”, Jorge Jesus nunca deixou de ser quem era, um homem trabalhador. Sempre deixou a sua marca nos clubes que treinou, sendo no Benfica que alcançou as suas maiores conquistas. Muitos insistem em lembrar-se daquele título perdido para o Porto nos minutos finais de um jogo, bem como das duas finais europeias perdidas. Não deviam. Deviam recordar os títulos que ganhou, e que foram muitos. E quanto às finais perdidas, tal como ele não se cansa de lembrar: “Perdeu-as porque esteve lá”, são muitos mais aqueles que nunca as vão perder. Talvez tivessem sido estas lembranças que nos fizeram (sim, a nós, milhares de portugueses), vibrar tanto com aquela reviravolta sobre o River Plate. Estas lembranças e aquelas mais dolorosas quando, um bando de patifes invadiu a academia do Sporting agredindo jogadores e desrespeitando um treinador que, embora não tendo sido campeão (embora o merecesse), levou o Sporting a lutar pelo título até à última jornada.
Tal como eu, creio que milhares de portugueses festejaram aquele título. Mais do que uma vitória de uma equipa de futebol, foi a vitória de um homem, um português que nos festejos vestiu a bandeira do país e emocionou-se ao dizer que tinha muito orgulho em ser português. E nós também. Os portugueses também têm orgulho em si.
Obrigado Senhor Jorge Jesus!

Crónica publicada na edição 376 do Notícias de Coura, 03 de dezembro de 2019.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Assim vai o país… e a Espanha!

Um bebé no lixo.
Algures por Lisboa, um sem abrigo ouve barulhos estranhos vindos de um contentor do lixo. Parecem-lhe estranhos para ser um gato. Voltou atrás, abriu o contentor e viu… um bebé. Bendita hora em que aquele homem lá passou. A criança salvou-se, para já. Dias depois, o Presidente da República faz questão de cumprimentar o homem, acompanhado em direto pela televisão faz uma espécie de reportagem do acontecimento. Entre abraços e selfies quero acreditar que o melhor tenha sido feito depois de desligadas as câmaras, e que aquele homem tenha sido de alguma forma “agraciado” pelo gesto que teve. Entretanto a mãe da criança, outra sem abrigo a viver nas ruas da capital, é presa preventivamente e acusada de tentativa de homicídio qualificado. Pouco depois, Varela de Matos, advogado e candidato a bastonário da ordem, entrega no Supremo tribunal de Justiça um pedido de “habeas corpus” para libertação imediata da mãe da criança. Obviamente que este senhor advogado faz isto porque precisa de tempo de antena. Não acredito que lhe tenha mordido o bichinho da justiça e da defesa dos pobres e indefesos. Apetecia-me cumprimentar o Sr. Dr. Juiz que decretou a prisão preventiva. Mesmo sem formação jurídica parece-me que de facto aquela mãe não abandonou apenas o bebé, havia imensos locais para o fazer sem colocar a sua vida em risco. Depositá-lo no lixo não era com o desejo que ele fosse encontrado. Por outro lado, “prender” aquela mãe revela-se quase um ato de misericórdia, dando abrigo, proteção e alimento a quem não o tinha. Não que o mereça, mas talvez assim encontre tempo e tenha condições para pensar bem naquilo que fez. Temo que o pior esteja reservado para o bebé, vítima das burocracias de um sistema de adoções que demora imenso tempo a entregar as crianças às famílias que as desejam. Entregar já este bebé, era dar-lhe de certeza uma família que para sempre seria a sua.

O Lítio.
João Galamba, Secretário de Estado Adjunto e da Energia foi recebido em Boticas em protesto contra a exploração do lítio. Lamentou-se aos jornalistas dizendo que “era uma pena que as pessoas não estivessem disponíveis para conversar.” Mas para conversar sobre quê? É que ao que parece, as decisões para avançar já estão mais ou menos tomadas. A exploração do lítio vai ser implantada em áreas que são reserva agrícola e reserva natural, e nenhuma das entidades responsáveis foi ouvida ou deu pareceres. O governo garante que se a declaração de impacto ambiental for negativa não haverá projeto. Faz lembrar a declaração de impacto ambiental do aeroporto do Montijo, o governo também garantiu que se a avaliação fosse negativa o aeroporto não avançaria, ainda assim, assinou o contrato de concessão das obras meses antes de ser conhecida esse estudo. Ou alguém do governo já conhecia o estudo, ou tinha garantias do seu conteúdo, ou simplesmente, adivinhou!

Espanha e as eleições!
Os nossos vizinhos foram novamente a eleições. A coisa não está fácil para a formação de um governo estável. Na anterior legislatura Pedro Sánchez não conseguiu recriar uma “geringonça à espanhola”, recusou dar cargos ministeriais ao Podemos e dessa forma nunca chegou a uma maioria que sustentasse o governo. Nas últimas horas (estou a escrever esta crónica na tarde de terça-feira, dia 12 de novembro), parece ter chegado a um acordo escrito, e desta vez, Iglesias, o líder do Podemos, até vai ser Vice-Primeiro-Ministro! (Quase faz lembrar aquela birra do Paulo Portas)! Mesmo assim, esta maioria ainda não chega. Talvez Pedro Sánchez esteja a contar com uma abstenção do PP! Mas onde eu queria chegar com todo este discurso era à razão pela qual agora parece haver entendimento à esquerda… é que a chamada extrema direita (VOX) é já a 3.ª força política do parlamento, mais do que duplica os seus resultados e chega aos 52 deputados. A esquerda que se cuide.

Crónica publicada na edição 375 do Notícias de Coura, 19 de novembro de 2019.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Assim vai o país e o mundo.


Rodrigo, o bebé sem esperança.
Rodrigo nasceu há dias em Setúbal, sem olhos, nariz e parte do crânio. Nos dias seguintes o país ouve incrédulo relatos chocantes sobre o obstetra Artur Carvalho. Conhecido como o “Dr. cinco minutos”, esta “personagem”* tem vários processos disciplinares na Ordem dos Médicos, já foi investigado em processos-crime e só agora foi finalmente suspenso. Como em muitas outras situações, só depois destas coisas virem a público é que as autoridades competentes agem. Entretanto, há crianças cujo futuro não será fácil, há famílias com vidas destruídas, tudo pela incompetência de um médico que há muito o não deveria ser.

Um camião de mortos.
Em Inglaterra é descoberto um camião frigorífico cheio de mortos. Sufocados e congelados, assim perderam a vida 39 chineses que sonhavam com uma vida melhor. Pagaram cada um cerca de 34 mil euros, para uma viagem sem fim. O condutor foi preso e, entretanto, mais algumas pessoas foram detidas. Não há palavras para descrever esta desumanidade, há alturas que se perde a esperança na raça humana. Que raça é esta que se atreve a considerar-se racional?

O rapaz da saia.
No dia marcado pela tomada de posse dos novos deputados na Assembleia da República, e depois da polémica quanto ao lugar onde “foi entalado” o deputado André Ventura, eis que a discussão se centra na roupa que o assessor parlamentar do partido Livre resolveu vestir, uma saia. Obviamente que ele tem razão quando diz que “as escolhas do que veste são dele e estão dentro da lei”, mas convenhamos, foi talvez a forma mais ousada que o senhor encontrou de dar nas vistas. Provavelmente, se fosse vestido como um homem, como provavelmente se veste a maior parte das vezes, ninguém ia reparar. Para dar um colorido à coisa, o homem ainda veio dizer que o que sabe é que “as testemunhas de Jeová nunca se metem com ele.” É melhor o povo habituar-se a isto, o partido Livre é mais dado a “dar nas vistas” pela imagem, e não tanto pelo conteúdo.

Que informação dramática!
Edward Snowden, analista informático acusado de espionagem por ter publicado documentos confidenciais sobre os sistemas de vigilância dos EUA, vem no seu livro de memórias confessar que, depois de vasculhar os arquivos da CIA, não encontrou provas da existência de extraterrestres, e tanto quanto ele descobriu, eles nunca tentaram entrar em contacto com a Terra, muito menos com os serviços de inteligência dos EUA! (Arrisco este ponto de exclamação, mas não me atrevo a escrever nenhuma piada sobre isto, embora me apeteça.) Além disto, comprova-se que o homem foi mesmo à lua e que as alterações climáticas são reais. Sobre a ida à lua não me vou pronunciar, pois sempre que olho para ela confesso que fico sem palavras só de pensar que o ser humano já lá esteve, agora sobre as alterações climáticas… não me parece que seja necessário vasculhar os ficheiros secretos de ninguém.

E assim fica cumprida mais uma crónica, escrita sem grande preparação, mas com a permanente preocupação em cumprir o prazo de entrega. Consegui resistir a escrever sobre educação, sobre as agressões nas escolas que o Ministério da Educação diz serem residuais e sobre a falta de professores em centenas de escolas e a falta de funcionários em quase todas elas. Resisto. Não que acredite que estes problemas se resolvam, mas guardando estas ideias para depois. Em tempos escrevi uma intitulada: “Está bem Sr. Ministro.”, tempos depois prometi que não deixaria que Tiago Brandão Rodrigues deixasse o cargo sem lhe dedicar uma “Está mal Sr. Ministro”. Como continua a ser o Ministro da Educação, não preciso ter pressa.

* O autor usa a palavra “personagem” no sentido mais depreciativo que a palavra possa ter.


Crónica publicada na edição 374 do Notícias de Coura, 05 de novembro de 2019.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Os novos partidos!


Apurados os resultados das eleições legislativas (estou a escrever esta crónica ainda sem estarem apurados os deputados eleitos pelo círculo da emigração), algumas coisas são dignas de registo:
- O PS ganhou folgado, embora sem maioria absoluta. António Costa já decidiu governar em minoria e está à vontade para o fazer, a direita não tem expressão para moções de censura, e a esquerda da geringonça nunca se vai aliar à direita para colocar em causa a governação. António Costa tem desta vez ainda mais motivos para ser ele o escolhido a formar governo, e desta vez até ganhou as eleições!
- O PSD perdeu deputados, perdeu expressão e perdeu a compostura. Na noite das eleições o seu líder fez um discurso de “quase vitória”. Perdeu, mas não perdeu pela margem anunciada. Perdeu, mas a culpa foi da oposição interna. Embora não sejam argumentos, até teve razão, e logo nos dias seguintes apareceram os tais opositores internos a anunciar a luta pela liderança. Em breve o PSD irá a eleições, e cá para mim, dificilmente alguém derrotará Rui Rio.
- O CDS/PP desta vez perdeu mesmo, foi quase varrido da Assembleia da República. Voltou a ser o “partido do táxi”, com apenas 5 deputados eleitos, e a líder Assunção Cristas a anunciar a sua saída, avizinham-se tempos muito difíceis para os democratas cristãos. Vai ser preciso um líder jovem, que aposte na mudança de discurso e de prioridades para que o partido volte a ter alguma esperança de ter uma voz ativa no parlamento.
- O BE manteve os seus deputados, mas perdeu votos. Logo na noite eleitoral a sua líder congratulou-se com a derrota da direita, e com a tese de que os portugueses gostaram da solução governativa da geringonça e a queriam prolongar, “oferecendo” desde logo a sua disponibilidade a António Costa. Mas pelo que se viu nos dias seguintes, a geringonça como a conhecemos, acabou. Como eu já ouvi mais do que uma vez, “sabe mais de política António Costa a dormir, que os outros todos acordados”!
- A CDU voltou a fazer aquilo que faz melhor: oposição. O discurso de Jerónimo de Sousa na noite das eleições demonstrou isso mesmo. A CDU perdeu votos e perdeu deputados. Já era previsível, fazer parte da solução governativa tinha mesmo de dar este resultado. Defender os direitos dos trabalhadores, uma maior justiça social, voltam a ser as bandeiras da CDU.
- E agora, aqueles que são a par do PS os verdadeiros vencedores destas eleições, os três “pequenos” partidos que elegeram deputados para a Assembleia da República. E destes, dois tiveram o mérito de incendiar as redes sociais: Joacine Katar Moreira, eleita pelo Livre, festejou com bandeiras da sua terra, a Guiné-Bissau, provocando logo a criação de uma petição que pretende impedir a sua tomada de posse. Enquanto escrevo esta crónica verifico que essa petição já tem mais de 21000 assinaturas. Vergonhoso. Do outro lado, André Ventura, eleito pelo Chega, um partido conotado com a extrema-direita, conhecido por ser comentador do Benfica e contra os ciganos. Engraçado ver tanta gente contra a eleição destes dois deputados, e se calhar muitas das vozes que agora se levantam são daqueles que provavelmente nem foram votar.
- Para terminar, uma palavra para a abstenção: mais de 4 milhões de portugueses não votaram, cerca de 45% da população não votou em nenhum partido. Noutros países desta Europa, quando o povo está descontente com os partidos do “costume”, vota nos partidos do “contra” … imaginem só o que seria se o povo tivesse todo ido votar no Livre, no Chega, na Iniciativa Liberal, no Aliança e “noutros que tais”. A Assembleia da República seria um local bem mais interessante!


Crónica publicada na edição 373 do Notícias de Coura, 22 de outubro de 2019.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

A época dos beijinhos e abraços!


O País está em campanha eleitoral. As eleições legislativas estão à porta e vivemos aquelas semanas “magníficas” em que os políticos se lembram do povo, visitam todas as terrinhas, andam nos mercados, nas feiras e nas festas, distribuem beijinhos e abraços, prometem mil coisas que sabem que não vão cumprir, e depois desaparecem até às próximas eleições. É claro que nem todos são assim, mas quase.*
Nestas eleições não são esperadas grandes surpresas. Acreditando nas sondagens que quase todos os dias aparecem, é certo que o PS vai ganhar, o PSD está em maus lençóis, apesar de nos últimos dias ter vindo a recuperar, o CDS-PP arrisca-se a desaparecer, mas isso já não é novidade, há anos que as sondagens os vão “quase” apagando, e eles lá se vão aguentado, BE e PCP lutam pelos votos da esquerda, atacando o partido que suportaram no governo, o BE por certo vai subir na votação, o PCP terá rapidamente de mudar o discurso repetitivo que tem desde o 25 de abril, renovar-se, sob pena de quase desaparecer. O PAN e o Aliança esforçam-se por eleger um ou dois deputados e serem decisivos na formação de um governo.
Se a minha crónica ocupasse apenas um cantinho numa página do Notícias de Coura, ficava-me por aqui, ainda por cima gosto cada vez menos de política e é difícil escrever sobre uma coisa que não se gosta sem cair na tentação de só falar mal. Como ainda me faltam 20 ou 30 linhas para a crónica ter um tamanho aceitável, vou aqui recordar algumas das coisas engraçadas, ou estranhas, desta campanha eleitoral.
O Bloco de Esquerda foi apanhado a pintar propaganda eleitoral num dos muros do Instituto Superior Técnico em Lisboa. Nada na lei impede a realização de murais de propaganda em período eleitoral, exceto em monumentos nacionais, edifícios religiosos, e edifícios do estado. Desculpem-me a franqueza, mas haja paciência para tamanha estupidez. Eu não sei como iria reagir se apanhasse a malta de um partido político, fosse ele qual fosse, a pintar propaganda eleitoral num muro ou parede da minha casa. Uns dias depois, alguns elementos do PNR (aquele partido da extrema-direita, daqueles homens carecas assustadores), pintou o muro, fazendo desaparecer a propaganda do Bloco. Como se está mesmo a ver, alguém vai ser condenado, é que “danificar material de propaganda eleitoral constitui crime punível com prisão”. Pois é, a malta do PNR provavelmente até merecia estar toda presa, mas não por isto.
O caso “Tancos” torna-se a arma de arremesso entre PS e PSD. Para os mais esquecidos, “Tancos” é aquele caso estranho das armas que desapareceram, e voltaram a aparecer algum tempo depois. Há quem diga que foram roubadas, depois os ladrões zangaram-se uns com os outros, ameaçaram denunciar-se e finalmente, encenaram a sua devolução para que ninguém pudesse ser castigado. Mas o mais grave sabe-se agora, pelos vistos há escutas que confirmam que o Ministro da Defesa da altura sabia de tudo, bem como o chefe da Casa Militar da Presidência da República. E mais, noutra escuta, o major da Polícia Judiciária Militar refere-se a uma grande personalidade como o “papagaio-mor do reino”, justificando-se depois que não se referia ao Presidente da República, podia ser o Miguel Sousa Tavares ou o Marques Mendes! Oh Senhor Major, um bocadinho mais de respeito… só faltava dizer que até podia ser o Bruno de Carvalho! Mais do que estranho, tudo isto é muito grave, e vergonhoso para o país. Na falta de argumentos e de melhores assuntos, o PSD usa isto para “atacar” o PS. Também mal fica o PS, quando se refere a tudo isto como uma “cabala” do Ministério Público. E como quase tudo parece acontecer ao PS, ainda veio o Ex 1.º Ministro Sócrates defender o ex-partido!
Quando este artigo vos chegar às mãos as eleições já terminaram. Os políticos já estarão a ocupar os seus novos lugares na Assembleia da República. Outros, não eleitos, começarão desde já a “trabalhar” para nas próximas eleições ocupar um melhor lugar na lista. Quanto ao povo, voltará a ser “quase” esquecido, as feiras e mercados serão locais menos confusos e os noticiários voltarão a ter mais acidentes, desgraças e crimes.

* O autor conhece alguns políticos que felizmente não são assim. Felizmente, a população de Paredes de Coura também.


Crónica publicada na edição 372 do Notícias de Coura, 08 de outubro de 2019.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Incêndios, youtubers e comboios.


Voltaram os incêndios. Nada que nos surpreenda, é todos os anos o mesmo martírio. O que este ano nos vem surpreender são as declarações dos responsáveis políticos. António Costa veio desde logo lembrar o povo que os primeiros responsáveis são os autarcas, são eles que estão no terreno e com a responsabilidade de tomar as medidas necessárias para a prevenção. Tem razão. Esquece-se é que provavelmente as autarquias não têm os meios necessários para tal, o Estado central só se lembra de salvar os bancos das “habilidades” dos “artistas” que os gerem. Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna, veio a terreno “atirar-se” ao autarca de Mação (uma das zonas mais afetadas pelos incêndios), acusando-o de ser comentador televisivo e passar mais tempo em frente às câmaras do que preocupado em resolver a situação, nomeadamente em acionar o plano de proteção civil. Pelos vistos, o plano não podia ser acionado pois não estava aprovado pelo Estado central.
Dias depois, eis que se descobre que dos kits de sobrevivência entregues pela proteção civil às populações, faz parte uma gola… inflamável! Que diabo… as golas foram vendidas por uma empresa cujo proprietário é marido de uma autarca do PS, foram vendidas a mais do dobro do preço de mercado, embora tenha sido um concurso publico, as empresas foram sugeridas pelo adjunto do Secretário de Estado da Proteção Civil e líder do PS-Arouca… enfim… tanta coisa insuspeita e ainda por cima entregam às pessoas uma gola inflamável. Eu até era capaz de acusar alguém, e não era difícil… já repararam que as golas são cor-de-laranja?!
Outro caso quente destes últimos dias é a polémica do “Team Strada”. Ao que parece, Hugo Strada era uma espécie de “professor” que ensinava adolescentes a tornarem-se youtubers famosos. Apetece-me aqui recordar a fantástica personagem Diácono Remédios, e questionar- “Oh meus amigos… mas o que é isto?”. Efetivamente, é mau demais para ser verdade. Não vou ralhar com as crianças, se fossem meus alunos era capaz de lhes lembrar: “Oiçam lá…. mas vocês não se lembram do que eu vos falei sobre estes youtubers?!”. Entretanto, o Ministério Público já está a investigar, e ainda bem. Não vou aqui “condenar” antecipadamente o “artista”, mas vou arriscar a dizer que alguém tem de abrir os olhos a este Pais, que “entregam” os filhos numa “escola” para aprenderem a ser youtubers. Alguns vídeos são vergonhosos. Vou-me escusar a comentar.
Para concluir esta crónica, vou escrever mais umas linhas. Primeiro porque o texto até agora ainda está pequeno, e depois porque não quero que digam que as minhas crónicas se limitam a criticar e a falar mal de tudo e de todos!
Finalmente, Portugal parece voltar a apostar na ferrovia. No final do século passado (até à década de 80), os comboios eram o mais importante meio de transporte do país. Embora lentos, os comboios ligavam grande parte do país, e muitas terras pequenas eram servidas por ele. Depois, veio a década de 90, entrou dinheiro da CEE a cântaros, e a governação de Cavaco Silva concentrou-se no cimento e no alcatrão. Aos poucos, o comboio foi esquecido, as linhas e as estações abandonadas, as autoestradas chegaram às terras pequenas, e a população foi-se embora. Foi assim com satisfação que vi na passada semana o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciar a aposta na ferrovia e a recuperação de muito do material circulante que se encontra neste momento abandonado. Não tenho dúvida nenhuma que um país bem servido pelos comboios, é um país com muito melhor qualidade de vida e com empresas mais competitivas e rentáveis. Que ninguém se esqueça que Portugal tem uma posição privilegiado no mundo, pode muito bem ser o elo entre os continentes americano e europeu. Com dois excelentes portos marítimos e uma rede ferroviária com ligação à europa, os barcos vindos da América vão parar todos aqui. Pedro Nuno Santos é um dos melhores ministros do atual governo. Provavelmente será o futuro 1.º Ministro. Daqui a dois ou três anos António Costa deixará de ser 1.º Ministro e rumará a um cargo europeu, será esse o caminho para poder ser candidato a Presidente da República em 2026. (Vamos lá ver se nessa altura ainda alguém se lembra disto para eu poder dizer: - Eu bem vos disse!)
Nos dias em que escrevi este artigo, sinto Coura como um “Mundo ao Contrário”, quando o jornal vos chegar às mãos, Coura estará certamente como um “Universo Musical de outra Galáxia”!

Crónica publicada na edição 369 do Notícias de Coura, 06 de agosto de 2019.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Final de ano letivo


Lá vou eu outra vez falar de educação! Terão de me perdoar, não fui nomeado professor, sou porque escolhi sê-lo, e é, portanto, um tema sobre o qual até sei falar, e escrever, não preciso que me façam os discursos, não tenho meia dúzia de frases decoradas e que uso conforme as ocasiões. (Dirão alguns de vós: - Presunção e água benta…; desafiem-me, escolham o local e as armas, lá estarei!)
Vou começar pelo anúncio feito há dias pelo Sr. Ministro da Educação sobre o lançamento no próximo ano letivo do Plano Nacional das Artes. Com ele, as escolas poderão nomear um Coordenador para o mesmo, e teremos residências artísticas de um ano, onde um “criador” habitará a escola promovendo a criação artística, construindo com os alunos… (blá, blá, blá). Parece-me uma ideia bonita. Não tenho dúvidas nenhumas que nalgumas escolas o Coordenador será certamente algum “artista” (professor), que terá assim algumas horas no seu horário que mais não servirão para justificar a sua própria existência, leia-se, “justificar a sua permanência na escola”. Também não tenho dúvidas, que noutras escolas, certamente na maioria, o cargo será ocupado e dinamizado por alguém que o merece e que o justificará. (Dirão vocês: - Esta última frase é para ficar bem na fotografia. – Direi eu: - É.) Não está em causa a pertinência e a importância deste tipo de projetos, o que provavelmente os responsáveis se estão a esquecer é que no âmbito das artes e das expressões, todas elas têm sido esquecidas e trocadas desde há muito tempo por mais horas de matemática, de ciências e de português, com os resultados que todos bem conhecemos. E justiça seja feita, neste aspeto o atual Ministério é talvez o menos responsável.
Também há dias, o Conselho Nacional de Educação deu-se conta de que há cada vez menos alunos interessados em ser Professores. (E deixem-me que vos diga: fazem vocês muito bem!). Segundo eles, (os sábios que o integram), a culpa era do exame de matemática exigido para o ingresso nos cursos de formação de professores. Qual a solução: recomendaram os sábios que tal exame deixe de ser exigido! Excelente solução, digo eu que “tenho a língua afiada”! Se o insucesso dos alunos é resolvido com cada vez menos exigência, porque não fazer o mesmo com aqueles que insistem em ser professores?
Estudos recentes relativos ao ano letivo anterior (2017/2018), permitem-nos saber que continua a chumbar-se muito no 12.º ano, mas as retenções estão em queda acentuada, tendo sido as mais baixas do século! Que novidade! As retenções só ainda não são nulas porque a classe docente ainda não está completamente rendida, embora cansada e consciente de que as retenções dão mais trabalho do que as transições, há professores que continuam a insistir que se os alunos não sabem, se não atingem minimamente as competências, se os seus resultados são na ordem dos 30% e se o seu comportamento é pautado por dezenas de ocorrências e faltas disciplinares, os alunos não podem transitar. Teimosos estes professores! No dia em que pautas foram afixadas, na minha escola, aqui em Paredes de Coura, ficaram-me gravadas duas frases. A primeira, de uma encarregada de educação de um aluno que dizia: “Oh Professor, do 5.º até ao 8.º não chumba quase ninguém, isto é muito bom!”. Tem razão, respondi-lhe, de facto só chumbaram 5 alunos, em mais de 300. Se é bom… isso já não lhe garanto que seja. Mais tarde, uma das minhas melhores alunas, daquelas que têm quase tudo cincos, (lá há um ou outro professor mais “ranhoso” que só dá 4!), e daquelas cuja educação é um exemplo, dizia-me: “Professor, eu esforço-me tanto para tirar 4 e 5, e depois vejo alguns, que durante o ano pouco, ou nada fizeram, ter quase o mesmo prémio, não é justo.” Habitua-te minha querida, respondi-lhe. A escola de hoje não pensa em alunos como tu, ou pensa muito pouco. A escola de hoje vive obcecada com o fim das retenções, e usa muitos dos seus recursos naqueles que não querem trabalhar. Mas não desanimes… tu estás habituada à exigência, ao trabalho, à concentração e ao estudo, quando a “vida real” te aparecer pela frente tu vais enfrentá-la sem pestanejar…
Para terminar, as obras da escola de Paredes de Coura foram inauguradas pelo Sr. Ministro da Educação. É bonito ver na placa o nome de alguém da terra. A comunidade escolar tem a obrigação de agradecer ao atual elenco camarário todo o esforço que desde a primeira hora fizeram na educação. Temos uma escola com condições excelentes. Merecem o nosso MUITO OBRIGADO. Agora só resta que sejamos todos capazes de a manter assim por muitos anos.

NOTA: O autor foi demasiado duro nalgumas afirmações sobre o atual estado da educação, nomeadamente sobre o grau de exigência dos professores. O autor desafia quem quer que seja a contrariar tais palavras. Obviamente que o autor escreve pois tem dados mais do que suficientes para o fazer, dados que não podendo ser tornados públicos, servirão de prova a quem, em privado, comigo quiser discutir tal temática.


Crónica publicada na edição 367 do Notícias de Coura, 09 de julho de 2019.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Joe Berardo, o artista!


Há uns dias, o “ainda” Comendador Joe Berardo foi à Assembleia da República para ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Sobre tudo isto, apetece-me enumerar meia dúzia de considerações:
1. Joe Berardo tem pouca memória e autonomia, lembra-se de muito pouco, só responde depois de ouvir o que o seu advogado lhe diz, e ainda se justifica dizendo que tem dislexia.
2. Joe Berardo justifica as enormes dividas que contraiu, aliás, contraíram as “sociedades ou fundações” onde ele “manda”, como uma vontade em ajudar os bancos! Fantástico! “Sacou dinheiro a um banco, para ajudar outros que estavam em dificuldades!” E agora, estão todos a “arder”! Este empresário beneficiou de favores da banca dominada pelo Estado, e ainda os acusa de ser incompetentes na atribuição dos créditos ao não avaliar devidamente o risco. Os bancos foram coniventes e incompetentes, a CGD concedeu milhões de euros em crédito para a compra de ações e onde a garantia eram as próprias ações! Ações que depois perderam valor, e quando mais garantias lhe foram pedidas, novas ações foram dadas… e assim sucessivamente, num esquema verdadeiramente “manhoso”.
3. Joe Berardo ri, de forma aliviada, para não dizer descarada, ao dizer que não tem dívidas! Quem tem dívidas são as sociedades, onde ele manda! Mas quem tem de pagar? Ele? Não! E então as obras de arte? Podem ser penhoradas? Berardo ri de novo… Hi, Hi, Hi. Goza, com uma enorme desfaçatez, com milhões de portugueses.
4. Esta comissão de inquérito mostrou-se indignada. Quase todos os dirigentes políticos se mostraram chocados. Até o Senhor Presidente da República (que se encontrava calado há mais de uma semana), veio a terreno lamentar tais declarações. Eu, como muitos portugueses (se calhar porque não percebemos nada disto), até achamos que Berardo falou aquilo que eles mereceram ouvir. Mas então, só agora se mostram indignados? Só agora é que acordaram para este tipo de esquemas que se calhar sempre existiu? O regime democrático está cheio de gente que beneficiou de esquemas destes, e de outros parecidos. Quando Joe Berardo acusa os gestores bancários de incompetência, se calhar quer dizer corrupção, mas como sabemos que ele sofre de dislexia, talvez ande a trocar as ideias.
5. A coleção Berardo vai manter-se no CCB (Centro Cultural de Belém) até 2022. O acordo já foi assinado por este governo, e será automaticamente renovado, a menos que uma das partes o denuncie. Vamos ver se próximo governo, certamente de António Costa, o vai fazer ou não.
6. Há poucos dias soubemos que o Estado Português perdeu cerca de cento e setenta obras de arte, entre elas quadros de Vieira da Silva e fotografias de Gérard Castello-Lopes. Já nada me surpreende neste meu país, Berardo continua a viver à custa das suas fundações, daqui a uns anos alguns quadros vão desaparecer, Berardo nunca será obrigado a pagar nada, pois nada tem. (Pelos vistos tem uma garagem… mas se calhar, nem um quadro do “menino da lágrima” lá tem… santa pobreza)!
E aqui ficam meia dúzia de considerações! Acho que Berardo não merecia tamanho esforço, mas na falta de melhor, foi o que consegui escrever.
Sobre outros assuntos da atualidade, nada de novo. O Benfica foi campeão, e foi-o justamente. O meu Chaves desceu de divisão, embora tenha ficado triste, foi justo, quem vende os melhores jogadores arrisca-se a jogar pior, e foi o que aconteceu. Em termos eleitorais, tudo espectável: o PS ganhou as eleições, o BE está bem vivo, o PSD a desaparecer, do CDS já pouco resta e o PCP tem urgentemente de ser ligado à máquina. Em Paredes de Coura, o PS chega quase aos 50%. A culpa é da autarquia! Aqui que ninguém me ouve, “Gostava muito que o governo central tivesse o mesmo respeito e consideração pela educação e cultura, que a autarquia de Paredes de Coura tem por aquilo que é seu. Portugal seria definitivamente melhor.”


Crónica publicada na edição 365 do Notícias de Coura, 11 de junho de 2019.

terça-feira, 21 de maio de 2019

A crise inventada!


Não queria nada gastar esta crónica a falar de educação, mas enquanto não me surge outra ideia vou escrevendo. Se daqui até ao final da folha me surgir algo melhor eu apago isto tudo e recomeço.
António Costa demonstrou esta semana ser um político inteligente. Uso a palavra inteligente no sentido mordaz da palavra, é provavelmente o político mais inteligente da atualidade, um exemplo de 1.º ministro que conseguiu ser nomeado sem ganhar eleições e, tal como se previa, conseguiu “enganar” o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português até ver aprovado o seu quarto e último Orçamento de Estado. Obviamente que tanto o BE como o PCP sabem que foram “enganados*”. Obviamente que preferem isso a deixar a direita voltar ao poder.
Esta jogada política, digo, crise política lançada por António Costa, resulta da vontade de todos os partidos políticos, com exceção do PS, de reconhecerem aos professores o tempo que trabalharam durante o tempo de congelamento das carreiras. Ao contrário do que têm dito alguns dirigentes do PS, nunca em tempo algum os professores pediram retroativos monetários. Esta é uma das mentiras, ou não-verdades como agora alguns políticos dizem, de virar a opinião pública contra a classe docente. Outra das não-verdades aos ventos anunciadas é a de que o PS nunca se comprometeu a reconhecer esse tempo aos professores, está na Resolução 1/2018 da Assembleia da República, basta ler. Não façam de nós estúpidos por favor. Por fim, refiro mais uma das não-verdades, os valores adicionais de despesa. Quase todos eles falsos, pois são tão diferentes entre os anunciados por António Costa, Mário Centeno e demais políticos, que dificilmente haverá quem não esteja errado! Mas nisto das contas, Mário Centeno tem revelado ser um verdadeiro malabarista. Mário Centeno Ministro das Finanças de Portugal é um verdadeiro mestre a dar a volta ao Mário Centeno, Presidente do Eurogrupo!
Por fim, uma última palavra para os dirigentes da oposição: Rui Rio e Assunção Cristas demonstraram bem a credibilidade que têm. E mais palavras não merecem.
Como até este momento não me ocorre nada melhor para escrever, vou deixar o texto como está, e largar um último desabafo: Sou professor há mais de 20 anos. Estou no segundo escalão de uma carreira de dez. Recebo menos agora do que em 2008! Se Portugal não voltar a ser alvo da Troika, vou-me reformar lá para 2044, isto se até lá durar (coisa que sinceramente não acredito!), e nessa altura devo estar a meio da tabela remuneratória, terei trabalhado quase 50 anos! Apesar de tudo isto, não pensem que não gosto da minha profissão, gosto muito! Mas toda este descrédito que a classe docente tem sofrido nos últimos anos faz-me olhar para a minha profissão como isso mesmo, a minha profissão. A forma de trabalho que remunera a minha vida. E é assim que tem de ser. Temos a obrigação de ser profissionais, fazer o melhor que sabemos, mas nada mais que isso. O tempo de trabalhar fora de horas, por amor à camisola ou por amor à causa pública, já lá vai. E não há ninguém que tenha o direito de o questionar. Ninguém.
 Quando esta crónica chegar aos leitores a crise política já passou, estará tudo na mesma. O povo continuará como sempre esteve, conformado, e provavelmente feliz pois o Benfica certamente já será campeão. As eleições europeias estarão à porta, e os resultados voltarão a ser os mesmos, desde 1974 que não variam muito, por que raio haveriam agora de mudar?



* o autor utiliza a palavra “enganados” no sentido mais inocente da palavra. Quem engana fá-lo pelo bem da nação, quem se deixa enganar também.


Crónica publicada na edição 363 do Notícias de Coura, 14 de maio de 2019.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Ser professor é “bué” divertido!

Ainda não é desta que faço uso deste meu espaço publico, para dizer o que me vai na alma como professor, fruto do tratamento que temos tido deste governo. A seu tempo…
Passei as duas últimas semanas a corrigir trabalhos dos meus alunos dos sétimos e oitavos anos. Foi-lhes proposto a realização de um powerpoint sobre um escritor de língua portuguesa. No guião entregue pelo professor estava tudo o que tinham de fazer, “pontinho por pontinho”, tal e qual uma receita culinária! Não será preciso dizer que muitos deles não leram as instruções, se fosse mesmo uma receita muitos dos pratos não teriam alguns dos ingredientes, alguns provavelmente ficariam crus e outros seriam de sabor impossível de descrever!
Mas vamos aos trabalhos propriamente ditos! As notas não foram boas (como deveriam ser), mas também não foram muito más! As horas e horas passadas a corrigir ficaram mais leves de suportar com as “coisas engraçadas”, que iam aparecendo! Aqui deixo algumas delas:
Numa introdução leio: “Neste trabalho vou falar do António Gedeão.” De quem?! DO António Gedeão?! Mas o António Gedeão é teu colega ou quê?! Não é assim que se faz. Olha como fez um colega teu: “Neste trabalho vou falar do Senhor Almeida Garrett.” Bem melhor!
Num outro trabalho, também sobre António Gedeão, o aluno escolhe para abordar uma obra do autor, o poema “Pedra filosofal”. Excelente escolha (embora indicada pelo professor!). Agora vais à internet e arranjas uma imagem para ilustrar o poema. E o que é que me aparece?! Uma imagem do livro “Harry Potter e a Pedra Filosofal”! Alguém anda mesmo distraído…
Noutra introdução leio: “Eu pela cara parece-me que já o conhecia…”. Ainda bem que não me fez mais nenhuma consideração com base na cara do escritor. (Eu próprio quando olho para o Miguel Sousa Tavares parece-me sempre um jornalista que odeia professores, no entanto, é um escritor fabuloso!).
Numa conclusão leio: “Com a elaboração deste trabalho aprendi a dar mais importância áquilo que realmente interessa e ajudar sempre os outros”. Se o trabalho fosse sobre o escritor Paulo Coelho eu percebia, mas assim torna-se difícil! Eu sei que “o importante é ter saúde”, mas não exageremos!
No último diapositivo (última folha para quem não estiver familiarizado com o powerpoint), os alunos tinham de colocar a Webgrafia, isto é, os sites que consultaram para a realização do mesmo. O mais despachado de todos escreve apenas: “Fui à Wikipédia.” Se escrevesse apenas “Fui à Internet”, era bem mais difícil para mim comprovar as suas pesquisas!
Para terminar, o mais hilariante de todos! Num trabalho sobre Cesário Verde, na parte em que o aluno tinha de falar de uma das suas obras, leio: “Cesario Verde est né en 1855 et mort de la tuberculose en 1886. Il est unanimemente…”. Espera lá! Isto está em francês! Não posso crer! Já me tinham aparecido trabalhos com partes em espanhol, mas em francês é a primeira vez! Calma rapaz… quando apresentares a tese de doutoramento terás de o fazer em duas línguas, mas para já chega perfeitamente o português!
Não me rio dos alunos. Rio-me com eles. Mostro-lhes estas “habilidades” não para os ridicularizar, mas para que não voltem a cometer os mesmos erros, e para que tenham consciência que muitas das falhas são por pura distração e falta de interesse, fazem por fazer, escrevem as frases e nem sequer têm o cuidado de as ler e pensar se fazem sentido. Já não me rio quando lhes digo que alunos do sétimo e oitavo ano tinham obrigação de saber escrever melhor, muito melhor. As causas dariam para escrever outra crónica, mas uma frase basta: Para saber escrever, é preciso ler… ler muito.
Como podem ver, ser professor é “bué” divertido! Será?! Lembro-me agora que se aproximam as reuniões de avaliação do 2.º período. Tenho 17 turmas, 312 alunos, para cada um é preciso lançar 5 elementos de avaliação… mais de 1500 registos! “Oh Professor… deixe lá isso! Prá semana vai ter 17 reuniões de avaliação, mas depois tem 15 dias de férias! Ah, e ganha 2000 euros por mês por isso não se queixe!” Um dia usarei uma das minhas crónicas para provar por A+B que tudo isto é falso.


* O autor colocou a palavra bué entre aspas por considerar que, embora constando dos dicionários, não faz parte do seu dicionário pessoal.

Crónica publicada na edição 361 do Notícias de Coura, 9 de abril de 2019.

terça-feira, 19 de março de 2019

O Sr. Dr. Juiz.

Não foi por falta de ideias que esta é a crónica que escrevo mais tardiamente. Vai ser enviada na manhã do dia seguinte ao prazo que sempre cumpri. Lamento-me tantas vezes da falta de ideias que agora, a fartura fez nascer a confiança de poder “deixar para hoje, aquilo que devia ter feito ontem”.
Pensei em escrever sobre educação, mas está demasiado fresca em mim alguma revolta pela forma como os professores têm sido tratados por este governo. Em tempos escrevi uma crónica intitulada “Está bem Sr. Ministro”, não deixarei que Tiago Brandão Rodrigues deixe o cargo sem lhe dedicar uma: “Está mal Sr. Ministro”.
Passou-me pela cabeça voltar ao tema de Pedrógão Grande, depois da tragédia dos incêndios, a vergonha de ver fechados em armazéns os bens que a solidariedade dos portugueses fez chegar à população necessitada. Faltam-me adjetivos para qualificar o Sr. Valdemar Alves, presidente da Câmara de Pedrógão Grande. E já agora, para o qualificar a ele e todos quantos neste país têm responsabilidades e poderes para “correr com ele”.
O terceiro tema que mereceu a minha ponderação para uma crónica foi… Conan Osiris! Este excêntrico cantor, compositor, criador, venceu o festival da canção e é já um dos favoritos à vitória na Eurovisão. A canção Telemóveis estranha-se, depois volta-se a estranhar e assim sucessivamente. Talvez um dia pegue na letra e arranje um poeta para a declamar… “Eu parti o telemóvel, a tentar ligar para o céu… pra saber se eu mato a saudade, ou quem morre sou eu.”
E depois de apresentar todos os temas, vamos lá ao escolhido, o Sr. Dr. Juiz Neto de Moura. (Oh Professor, tanta conversa e vai gastar tempo a escrever sobre isto? Sinceramente!) Depois de há uns tempos ter desvalorizado um caso de violência contra mulheres dando como exemplo o apedrejamento de mulheres adúlteras, agora o Sr. Dr. Juiz mandou retirar a pulseira eletrónica a um homem que rebentou o tímpano da mulher ao soco, dizendo ainda que agora, “qualquer normal discussão é logo tratada como violência doméstica”. Muitas vozes de indignação se levantaram, e não era para menos. Ricardo Araújo Pereira, humorista, socorreu-se da Bíblia para dizer que, “Uma advertência destas faria sentido se for enrolada, enfiada no rabo do juiz.”
Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda escreveu que “A presença de Neto Moura nos tribunais portugueses é uma ameaça à segurança das mulheres”. Bruno Nogueira, humorista (o meu favorito), bem ao seu estilo perguntou: “Como é que um animal irracional de um juiz destes anda à solta num tribunal? Não precisa de uma pulseira, é de uma coleira e de uma trela e um açaime, já agora.” E muitas mais vozes se exprimiram contra as decisões do Sr. Dr. Juiz. Foram tantas e tão mordazes que, Neto de Moura fez saber que vai processar jornalistas, humoristas e políticos que, na esfera pública, criticaram as suas decisões judiciais. O seu advogado vai ter imenso trabalho!
Estava tentado a tecer também algumas considerações sobre o Sr. Dr. Juiz, mas depois do que já li, admito que nada de diferente me ocorre, tirando a vontade de dizer meia dúzia de asneiras. Espero que o Sr. Dr. Juiz não leia o Notícias de Coura e nenhum dos seus leitores lhe faça chegar este texto, não vá ele lembrar-se de processar também “tipos anónimos que escrevem para jornais”. Se tal acontecer, sustentarei a minha defesa em dois aspetos:
1.º Escrevi sempre “Sr. Dr. Juiz”, sinal de respeito e consideração pelo Magistrado, e até lhe dediquei o título da presente crónica. Ah e tal, mas isso foi a fingir, dirão vocês! Não, em Tribunal direi que foi a sério, e como no Tribunal se fala a verdade, é isso que valerá.
2.º Justificarei tudo isto com a necessidade de escrever alguma coisa para esta crónica, na falta de ideias (!), socorri-me da polémica do momento.

E assim termino. São 7 horas da manhã de terça-feira, dia 5 de março. A crónica que normalmente é enviada segunda-feira à noite, segue dentro de momentos, hoje… dia de Carnaval! Fiquem bem!

Crónica publicada na edição 359 do Notícias de Coura, 12 de março de 2019.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A Jamaica aqui tão perto.


Algures na Jamaica (bairro), ali na margem sul, a poucos quilómetros da capital do país, a polícia é chamada a intervir perante alguns desacatos. Lá chegada, é recebida à pedrada e com violência. Tudo o que partir daí saltou para as redes socias é do conhecimento de todos: os polícias são racistas, são uns brutos que só sabem bater e tudo isto é justificado pelo tom de pele dos envolvidos. Permitam-me algumas considerações, aliás, deixem-me lá registar alguns factos, pois perante factos não poderá haver argumentos, e assim, deixo aqui meia dúzia de considerações e tenho mais uma crónica escrita, a poucos minutos de esgotar o prazo que sempre consegui cumprir.
1.º) A polícia apenas reagiu à violência com que foi recebida. Talvez tenha exagerado? Talvez. Mas quem consegue dar a outra face perante uma agressão? Até hoje apenas Deus proferiu tais palavras… a atuação da polícia em nada pode ser considerada racista. Não sou eu que digo isto, são palavras da presidente da Associação de Moradores do Bairro da Jamaica, em declarações à Rádio Renascença.
2.º) Pouco depois de tais acontecimentos, e sem conhecer os factos ou vendo apenas a parte das filmagens em que se vê a atuação da polícia, Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, partilhou imediatamente o vídeo classificando-o de “violência policial” e exigindo responsabilidades.
3.º) A cereja no topo do bolo veio depois por parte de Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo e que partilhou um texto no Facebook apelidando a polícia de “bosta da bófia”. Mais, depois disto Mamadou Ba queixou-se que foi ameaçado e que iria pedir proteção policial… (Até me apetecia sugerir-lhe que não vale a pena… de nada lhe valerá pedir proteção à bófia… segundo ele… uma bosta.)
4.º) Mas a história ainda consegue piorar… logo no dia a seguir, “uns cromos” da extrema direita fazem um direto onde confrontam Mamadou Ba… “Ouve lá… lá por seres Assessor na Assembleia da República, estás a ser pago com o meu dinheiro… 200 mil euros… lá por seres contratado pelo Bloco de Esquerda… tens de saber respeitar os portugueses…”. Enfim… nem sei o que escreva… mas esta malta da extrema direita, cá para mim, tem é inveja dos 3 contratos de prestação de serviços que o Mamadou Ba assinou com a Câmara de Lisboa, no valor de mais de 191 mil euros, mas por 4 anos… coisa pouca, isso dá por ano… (é fazer as contas!)
5.º) E vamos lá colocar mais um pouco de gasolina no fogo… sim, porque isto piora a cada parágrafo. Assistimos a ataques a algumas esquadras, arremesso de cocktails molotov, carros e caixotes do lixo incendiados. Sabe-se, entretanto, que no dia dos confrontos houve um polícia que teve de ser assistido no hospital com o lábio rebentado. Segundo declarações do detido, “eu estava a fugir à detenção e a minha mão bateu no lábio do Sr. Agente.” (Curiosa esta associação… já em 1984, andava eu na 4.ª classe, cada vez que falhava a tabuada a minha cara ia de encontro à mão do Sr. Professor…)
6.º) Para terminar em beleza, agora não com uma cereja em cima do bolo, mas com uma “carrada de chantily e frutos secos”. Na Assembleia da República, já se esperava que a extrema esquerda condenasse a polícia, e a extrema direita os moradores (isto se estas extremas lá estivessem representadas), mas eis senão quando António Costa é questionado sobre se condena ou não os acontecimentos… e responde… “A senhora só me pergunta isso por causa do meu tom de pele.” Assunção Cristas pode não ter muitas qualidades, tem uma seguramente, a de conseguir irritar profundamente o Sr. 1.º Ministro ao ponto de o fazer dizer coisas que, nem me atrevo a qualificar. E depois, o Santana Lopes é que só dizia disparates…
7.º) Ups… já chega, não preciso de esticar mais o assunto, já tenho linhas suficientes para mais esta crónica. Preferiria ter escrito sobre a fantástica conquista para Portugal com a realização das Jornadas Mundiais da Juventude em 2022, e sobre a presença mais do que justificada do Sr. Presidente da República no Panamá, embora criticada pela Associação Ateísta Portuguesa. Enfim, esperemos que nada de estranho entretanto ocorra para eu voltar a ter dificuldade em arranjar tema.

Crónica publicada na edição 357 do Notícias de Coura, 05 de fevereiro de 2019.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

2018… para esquecer.

1 – O azar de não ter eletricidade.
Um vendedor ambulante foi condenado a sete meses de prisão domiciliária. Por azar, o homem não tem eletricidade legalizada em casa. Como tal, não lhe pode ser colocada a pulseira eletrónica. Azar, vai passar os fins-de-semana na prisão.

2 – Não se atrevam a filmar.
Num curso de formação da GNR, alguns formandos são agredidos de tal forma num exercício, que muitos vão parar ao hospital. Um deles até tem de ser operado. Alguém filmou. Mais do que a prova da violência na formação, fica a ousadia de o ter feito. Foi processado o autor das filmagens.

3 – Boa sorte Sr. Dr. Juiz.
Um homem é filmado a agredir em plena via pública a mulher, grávida. Ameaça quem se tenta aproximar. Entretanto, um agente policial à civil consegue “pôr a criatura a dormir”, que depois é detida. Presente ao juiz, sai em liberdade. Não me admirava nada que tal criatura ainda vá processar quem fez as filmagens e quem o deteve. Quanto ao Sr. Dr. Juiz, que Deus lhe conceda uma criatura semelhante como genro.

4 – Aplausos para o Bloco.
O Presidente de Angola esteve em visita oficial a Portugal. Não vou entrar nas questões profundas sobre as cedências do nosso país no arquivamento do caso Manuel Vicente, apenas considerar a visita de um chefe de estado a Portugal. No Parlamento foi aplaudido, e não interessa se foi de pé ou não. O Bloco de Esquerda não aplaude. Dias mais tarde, mais uma visita de estado. Esteve cá o Presidente da China. O Bloco nem sequer apareceu. Já não admira. O Bloco só aplaudiria se fosse um daqueles presidentes “nada ditadores” da América do Sul.

5 – Um Ministério que não respeita quem tutela.
Ainda antes do Orçamento de Estado ser lei, já o Ministério da Educação se apressava a chamar os sindicatos para cumprir a negociação. Não foi surpresa que tivesse apresentado a mesma proposta que já tinha “escrito” sobre a forma de lei e que dias mais tarde seria vetada pelo Presidente da República. A falta de respeito com os professores é a imagem de marca deste governo. Um governo que acha normal que os professores das regiões autónomas tenham direitos diferentes dos professores do continente.

6 – Vozes de deputado não chegam ao céu.
O PAN, Partido Animais e Natureza, juntou-se a uma iniciativa internacional por forma a que os portugueses deixem de usar expressões populares com referências a maus-tratos animais. O PAN, pelo menos para já, não o vai fazer por iniciativa legislativa, mas desde já sugere que “pegar o touro pelos cornos” seja substituída por “pegar uma flor pelos espinhos”. Eu acho que o PAN deveria avançar com a iniciativa legislativa já, quem sabe se vai estar na Assembleia na próxima legislatura?! “Não deixes para amanhã…”.

7 – Tanto fica por escrever.
Brexit; Bombeiros, Coletes amarelos; Estivadores; Greves; Incêndios; Tancos; Ronaldo… enfim, tantos assuntos que dariam mais meia dúzia de linhas para que esta crónica ficasse maior, mas, mais vale ficar por aqui. Talvez 2019 venha a ser um ano tão normal que eu precise de temas para o futuro.
Desejos sinceros de um excelente 2019 a todos!

Crónica publicada na edição 355 do Notícias de Coura, 08 de janeiro de 2019.