terça-feira, 19 de setembro de 2023

Regresso ao trabalho

Agosto já lá vai. Os emigrantes já regressaram aos seus países (seus pois é neles que governam a vida), o algarve já está transitável, os professores regressam aos poucos às escolas e em breve os alunos voltarão às ruas para irem aprender, ou pelo menos, para irem para a escola. Eu também já voltei ao trabalho, não o da escola que esse por agora é pouco, mas sim o de cumprir a minha obrigação de escrever a minha crónica a tempo e horas. Para variar, não está fácil. Além de estar com alguns sintomas de gripe e sem vontade de fazer seja o que for, luto para não chamar a esta crónica “O beijo espanhol”, onde não seria difícil encher uma página de considerações sobre o beijo na boca que o Presidente da Federação Espanhola de Futebol deu a uma jogadora aquando da entrega do troféu de campeãs do mundo. Acho que este assunto não merece mais do que o muito protagonismo que já lhe foi dado. (Pois, mas eu acabei por lhe dar mais 4 linhas…)

Assim, não me resta outra alternativa que não seja a de enunciar aqui dois ou três assuntos, que estão na ordem do dia e que podem em breve ser objeto de reflexão mais profunda, ou seja, capazes de me ocupar uma crónica inteira.

Espanha: (Outra vez Espanha? Sim, mas agora não é para falar do beijo!) Houve eleições no país vizinho. O PP ganhou as eleições, mas nem que se coligue com o VOX (um partido de extrema-direita, perigoso, uma espécie de Chega, mas sem André Ventura), não vai conseguir formar governo. O PSOE ficou em segundo lugar, mas à boa maneira portuguesa, e democrática obviamente, está mais perto de formar uma coligação de governo, nem que para isso seja preciso negociar com Puigdemont, o líder independentista catalão que está fugido da justiça desde 2017. Pedro Sánchez acusa o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo de fazer perder tempo à Espanha ao insistir numa investidura “fake”, mas esquece-se que quem levou Espanha para esta situação foi ele próprio, ao convocar eleições antecipadas. Não sopram bons ventos de Espanha, não acredito que esta solução dure muito, em menos de dois anos Espanha terá de novo eleições.

Educação: A falta de Professores é um assunto preocupante. Desde a descredibilização da classe docente promovida por Maria de Lurdes Rodrigues que nunca mais se viveram tempos pacíficos. No tempo de Passos Coelho mandaram-nos emigrar e agora sofrem-se as consequências. Acho inacreditável como tanta gente com responsabilidades não se deu conta que por volta do ano 2030 metade dos Professores estaria reformado. Ninguém fez nada para atrair jovens para a profissão, e pior, nada de concreto continua a ser feito. Tenho saudades do PS de Guterres, pelo menos dizia que a educação era uma paixão. Para este PS, tudo o que diga respeito aos Professores é para varrer para debaixo do tapete. António Costa irrita-se sempre que o assunto são os Professores… se a esposa em vez de ser professora trabalhasse na TAP, teria António Costa também estas irritações!? 

Inflação: O Banco Central Europeu continua na sua senda de subir taxas de juro e mesmo assim não há meio de a inflação estagnar ou começar a descer. As famílias com crédito à habitação desesperam e as empresas transportadoras tremem sempre que os preços dos combustíveis sobem. No dia em que escrevo esta crónica vai-se reunir o Conselho de Estado. Seria bom que se discutissem a sério medidas económicas e fiscais urgentes para fazer face a tudo isto. O Senhor Presidente da República disse há dias que "há mais vida para além do défice e agora temos folga para essa vida", há, pois, que passar das palavras aos atos.


Crónica publicada na edição 462 do Notícias de Coura, 12 de setembro de 2023