Voltaram os
incêndios. Nada que nos surpreenda, é todos os anos o mesmo martírio. O que
este ano nos vem surpreender são as declarações dos responsáveis políticos.
António Costa veio desde logo lembrar o povo que os primeiros responsáveis são
os autarcas, são eles que estão no terreno e com a responsabilidade de tomar as
medidas necessárias para a prevenção. Tem razão. Esquece-se é que provavelmente
as autarquias não têm os meios necessários para tal, o Estado central só se
lembra de salvar os bancos das “habilidades” dos “artistas” que os gerem.
Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna, veio a terreno “atirar-se”
ao autarca de Mação (uma das zonas mais afetadas pelos incêndios), acusando-o
de ser comentador televisivo e passar mais tempo em frente às câmaras do que
preocupado em resolver a situação, nomeadamente em acionar o plano de proteção
civil. Pelos vistos, o plano não podia ser acionado pois não estava aprovado
pelo Estado central.
Dias depois, eis
que se descobre que dos kits de sobrevivência entregues pela proteção civil às
populações, faz parte uma gola… inflamável! Que diabo… as golas foram vendidas
por uma empresa cujo proprietário é marido de uma autarca do PS, foram vendidas
a mais do dobro do preço de mercado, embora tenha sido um concurso publico, as
empresas foram sugeridas pelo adjunto do Secretário de Estado da Proteção Civil
e líder do PS-Arouca… enfim… tanta coisa insuspeita e ainda por cima entregam
às pessoas uma gola inflamável. Eu até era capaz de acusar alguém, e não era
difícil… já repararam que as golas são cor-de-laranja?!
Outro caso
quente destes últimos dias é a polémica do “Team Strada”. Ao que parece, Hugo
Strada era uma espécie de “professor” que ensinava adolescentes a tornarem-se
youtubers famosos. Apetece-me aqui recordar a fantástica personagem Diácono
Remédios, e questionar- “Oh meus amigos… mas o que é isto?”.
Efetivamente, é mau demais para ser verdade. Não vou ralhar com as crianças, se
fossem meus alunos era capaz de lhes lembrar: “Oiçam lá…. mas vocês não se lembram
do que eu vos falei sobre estes youtubers?!”. Entretanto, o Ministério Público
já está a investigar, e ainda bem. Não vou aqui “condenar” antecipadamente o
“artista”, mas vou arriscar a dizer que alguém tem de abrir os olhos a este
Pais, que “entregam” os filhos numa “escola” para aprenderem a ser youtubers.
Alguns vídeos são vergonhosos. Vou-me escusar a comentar.
Para concluir
esta crónica, vou escrever mais umas linhas. Primeiro porque o texto até agora
ainda está pequeno, e depois porque não quero que digam que as minhas crónicas
se limitam a criticar e a falar mal de tudo e de todos!
Finalmente,
Portugal parece voltar a apostar na ferrovia. No final do século passado (até à
década de 80), os comboios eram o mais importante meio de transporte do país.
Embora lentos, os comboios ligavam grande parte do país, e muitas terras
pequenas eram servidas por ele. Depois, veio a década de 90, entrou dinheiro da
CEE a cântaros, e a governação de Cavaco Silva concentrou-se no cimento e no
alcatrão. Aos poucos, o comboio foi esquecido, as linhas e as estações
abandonadas, as autoestradas chegaram às terras pequenas, e a população foi-se
embora. Foi assim com satisfação que vi na passada semana o Ministro das
Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciar a aposta na
ferrovia e a recuperação de muito do material circulante que se encontra neste
momento abandonado. Não tenho dúvida nenhuma que um país bem servido pelos
comboios, é um país com muito melhor qualidade de vida e com empresas mais
competitivas e rentáveis. Que ninguém se esqueça que Portugal tem uma posição
privilegiado no mundo, pode muito bem ser o elo entre os continentes americano
e europeu. Com dois excelentes portos marítimos e uma rede ferroviária com
ligação à europa, os barcos vindos da América vão parar todos aqui. Pedro Nuno
Santos é um dos melhores ministros do atual governo. Provavelmente será o
futuro 1.º Ministro. Daqui a dois ou três anos António Costa deixará de ser 1.º
Ministro e rumará a um cargo europeu, será esse o caminho para poder ser
candidato a Presidente da República em 2026. (Vamos lá ver se nessa altura
ainda alguém se lembra disto para eu poder dizer: - Eu bem vos disse!)
Nos dias em que
escrevi este artigo, sinto Coura como um “Mundo ao Contrário”, quando o jornal
vos chegar às mãos, Coura estará certamente como um “Universo Musical de outra
Galáxia”!
Crónica publicada na edição 369 do Notícias de Coura, 06 de agosto de 2019.