terça-feira, 20 de setembro de 2022

A 125 azul!

Já tinha intitulada esta crónica de “Não havia necessidade Ronaldo!” Nela, iria tecer algumas considerações sobre a novela do último verão, o destino do melhor jogador português de sempre. A comunicação social arranjava todas as semanas um novo clube para Ronaldo, e ele ajudava à festa ao não se apresentar no clube com o qual tinha, e tem contrato. Naturalmente que não deu em nada, Ronaldo deverá ficar no Manchester United e vai com certeza marcar ainda muitos golos. Entretanto, a noite em que esta crónica seria escrita coincidiu com o anúncio do governo das medidas de apoio às famílias perante a inflação crescente dos últimos meses. Obviamente que não podia deixar escapar a oportunidade de fazer um título destes!

António Costa anunciou várias medidas, não pretendo alongar-me muito sobre todas elas, apenas deixar uns pequenos desabafos.

A atribuição de um suplemento extraordinário de meia pensão aos reformados pareceu à partida uma medida socialmente justa, especialmente pensado naqueles que recebem reformas muito baixas e que mal dão para sobreviver. No entanto, eis senão quando António Costa anuncia os aumentos que vai propor à Assembleia da República para 2023, percentagens inferiores às anunciadas anteriormente. Assim sendo, os pensionistas vão acabar por receber em outubro, parte daquilo que estava previsto receberem no próximo ano. Com esta proposta os pensionistas ganham zero e a oposição aproveita para acusar o governo de mais uma habilidade. Ainda assim, acho positivo, quanto mais cedo se recebe melhor, até porque infelizmente alguns provavelmente nunca iriam usufruir de aumento nenhum.

A diminuição da taxa de IVA da eletricidade de 13% para 6% deixou-me bastante contente, mas foi só até analisar com atenção a última fatura. Ora, a taxa de 13% só é aplicada de forma progressiva até aos primeiros 100 kws… feitas as contas, vou poupar 1,5€. Pouco é certo, mas multiplicado por vários meses sempre é alguma coisa. Mas pior do que a poupança ser baixa, é que os aumentos que se anunciam são assustadores (a acreditar nas declarações do Presidente da Endesa que falou em aumentos de 40%). Vamos aguardar, daqui a um mês ou dois já vai ser possível comparar as faturas e fazer as contas.

Atribuição de um cheque de 125 euros a todos os cidadãos que ganham até 2700 euros mensais. Achei fantástico! Obviamente injusto, parece-me que o teto dos 2700 euros é exagerado, além de que este apoio devia ser progressivo, significam bem mais os 125 euros para quem ganha 700 ou 800 euros do que para quem ganha 2500. Ainda assim, obviamente que é uma medida que deixa muita gente satisfeita, e associada aos 50 euros por cada descendente até aos 24 anos é algo que vai ajudar no imediato muitas famílias. Pior será em 2023 e 2024, a acreditar nas previsões de alguns economistas avizinha-se uma das piores crises de que se tem memória. A falta de fertilizantes e a falta de água, associadas aos custos elevados do gás, e até à falta dele, vão levar a uma crise alimentar sem precedentes. (Mas deixemos isso para daqui a uns meses). Voltando aos 125 euros, naturalmente que também eu fiquei satisfeito, embora saiba que mais dia menos dia me vão sair esses 125 euros da carteira, e muitos outros 125!

Tenhamos esperança, aproveitemos o resto do verão que pelos vistos ainda será longo, e como nos lembra a canção 125 azul dos Trovante: “Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar, de uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de parar…


Crónica publicada na edição 439 do Notícias de Coura, 13 de setembro de 2022.