terça-feira, 7 de junho de 2022

Futebol, Festival e Fátima.

Esta era uma daquelas crónicas que me preparava para intitular de Coisas Dispersas 2. Só depois de escrever sobre o futebol e o festival é reparei nas iniciais, o terceiro F não foi difícil de aparecer, surgiu como que… por magia!

Futebol

A época de futebol está prestes a acabar, tendo já terminado a principal competição interna, o campeonato. O FC Porto foi um justo vencedor. Sérgio Conceição ganhou três campeonatos em cinco épocas num dos períodos mais difíceis do clube por ter estado sob a alçada do fair-play financeiro da UEFA. Sem conseguir contratar grandes estrelas e obrigado a vender todos os anos os melhores, ter sido campeão três vezes é de assinalar, lançando para a ribalta muitos jovens talentos e recuperando alguns jogadores que já pareciam perdidos. Os rivais, muitos deles às vezes com más intenções, diziam que quem ganhava os campeonatos era o Pinto da Costa, mas estes últimos não, estes, mais do que muitos outros, têm a quase total responsabilidade do treinador. O Sporting voltou a fazer um excelente campeonato, e é bom ouvir o treinador sentir-se insatisfeito. Há uns anos, ficar em segundo lugar seria bom para o clube, agora o espírito é outro, e isso é muito bom, para o Sporting evidentemente. Já o Benfica voltou a ficar aquém das expetativas, muito elevadas pelo treinador Jorge Jesus quando voltou ao clube, devia ter pensado que se calhar era melhor não voltar ao local onde foi feliz. Avizinham-se grandes mudanças, o Presidente é outro, o treinador será alemão e prevê-se uma grande debandada de jogadores. Nos grandes clubes os sócios não costumam ter muita paciência, ou isto corre bem já no primeiro ano, ou avizinham-se dificuldades. Fiquei feliz pela conquista do Porto, mas mais estaria se o meu Chaves já tivesse subido à primeira divisão. Ainda vai jogar o play-off com o Moreirense, dependendo desse desfecho a minha satisfação ou não com a presente época futebolística. Quase me esquecia da taça de Portugal, onde o Porto vai defrontar o recém despromovido Tondela. Curioso, também em 2010 o meu Chaves esteve pela primeira vez numa final da taça, e uma semana antes tinha também descido de divisão.

Festival

Sem grandes surpresas, a acreditar nas previsões das casas de apostas, a Ucrânia venceu o Festival Eurovisão da Canção. Numa edição em que Portugal ficou em nono lugar com uma canção lindíssima de Maro, o voto popular deu a vitória a um país em guerra. Já em 2016 a Ucrânia tinha vencido com a canção “1944”, “música em honra da bisavó da cantora e que lembrava um ataque ocorrido na II Guerra Mundial com a deportação dos Tártaros da Crimeia”. Nunca saberemos se a Ucrânia ganharia o festival em condições normais, isto é, se não estivesse a ser completamente destruída pela guerra. A votação do público mostra à Rússia de que lado estão os europeus, é apenas mais um sinal do seu cada vez maior isolamento. (Excetuando naturalmente o Partido Comunista Português, que ainda esta semana demonstrou repúdio pelo apoio do Governo português à adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, dizendo tratar-se de uma submissão aos interesses dos EUA e uma ameaça às fronteiras russas.)

Fátima

Já sem as restrições sanitárias dos últimos dois anos, o Santuário da Cova da Iria voltou a receber milhares de peregrinos. Embora em menor número do que era habitual, voltaram a ver-se grupos de peregrinos a pé pelas estradas, uma imagem que dá vida e cor às estradas portuguesas no mês de maio. Depois de dois anos de muitos sacrifícios, é visível no olhar dos visitantes a esperança e a alegria em voltar a um local de fé. E mesmo para quem não acredita, as imagens provam que há ali qualquer coisa… A fé pode não mover montanhas, mas dá força e coragem para as escalar, o que é ainda melhor. Melhor que ver desaparecer um obstáculo, é ultrapassá-lo.


Crónica publicada na edição 433 do Notícias de Coura, 24 de maio de 2022.



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