Acordei espantado um dia destes com uma mensagem da META informando-me que a minha conta do Instagram tinha sido bloqueada por causa de uma publicação que violava as normas. Espantado, lá tentei perceber o que se tinha passado, mas sem efeito. Estranhei ainda mais pois nada tinha publicado que pudesse provocar tal situação, às vezes publicava umas críticas políticas, mas nada que justificasse tamanho castigo. Tentei perceber qual a publicação, mas em vão, restou-me tentar desbloquear a conta, colocar palavras-passe e códigos recebidos por mensagem, mas a resposta foi: a sua conta foi apagada permanentemente.
Em condições normais ficaria danado, zangado, revoltado, mas a minha atual condição médica obriga-me a respirar três ou quatro vezes antes de me zangar… não vá o coração pregar-me uma surpresa. Apenas fiquei triste, bastante triste. E não por ter perdido a conta do Instagram com quase três mil seguidores, ou a conta do Instagram do meu Clube de Fotografia da escola com quase mil seguidores, mas sim pela conta do Facebook. Publicações à parte, entristece-me perder acesso a tantas memórias da vida nos últimos vinte anos, tantos eventos, tantas histórias, tanta gente. Sempre defendi que uma das coisas boas das redes sociais são guardar memórias, e quando as vivências são muitas, este registo é uma grande ajuda. Por enquanto, ainda guardo na memória tudo aquilo, mas com o passar dos anos a nossa memória desgasta-se, e chegamos provavelmente a um ponto que algumas delas se apagam, se confundem, se baralham.
A solução até é simples, criar uma conta e recomeçar tudo de novo, mas tudo isso seria demasiado doloroso, e não vale a pena. Até porque é impossível voltar a recuperar tudo. Apesar de já ter outra conta, criei-a apenas para utilizar o Messenger e ter contacto com um conjunto de pessoas que não quero perder. Alguns de vocês provavelmente até receberam um pedido de amizade de um Luís Lopes parecido comigo. Sou eu mesmo, mas não o mesmo de outros tempos. Quanto a publicações, talvez me fique apenas pela partilha das crónicas no Notícias de Coura, ou outras pequenas partilhas de trabalhos, na certeza que tudo aquilo que lá colocar, estará de certeza publicado noutro local, num local que não esteja sujeito ao escrutínio de um algoritmo que não me atrevo aqui a adjetivar, sob pena do Tinoco me bloquear, e com razão.
Quanto ao Instagram, eu gostava mesmo daquilo, e era uma fonte incrível de recursos e inspiração para muitos dos trabalhos de fotografia, mas pessoalmente, e como dizia o outro: “É, é… mas vou abandonar, tenho uma consulta agora às cinco!” Profissionalmente não o poderei fazer, e obviamente que terei de o voltar a usar para o meu Clube de Fotografia da escola. Pessoalmente, talvez me renda aos Chineses, e a acreditar nalguns números, o TIKTOK é atualmente a rede social mais usada no mundo.
Até em termos de saúde, sabe-se que a dependência das redes sociais é prejudicial, acarreta problemas de visão, dificuldades em dormir, dores de cabeça, dores de costas ao passarmos tanto tempo dobrados, enfim, tanta coisa boa, mas que obviamente ignoraria por completo se pudesse voltar a ter acesso às minhas contas.
E assim, com este triste relato estou prestes a terminar mais uma crónica. Que estaria eu a escrever se isto não me tivesse acontecido? A desabafar sobre o imenso trabalho que tem recaído sobre alguns professores por causa da realização das provas ModA? A dar os parabéns à Seleção Portuguesa pela conquista da Liga das Nações? A indignar-me com as últimas manifestações de violência de grupos de adeptos e grupos de extrema-direita? A mostrar-me triste e chocado com os conflitos no Médio Oriente? Nunca saberei. Só espero que não me aconteça nada parecido que me sirva de inspiração para a próxima crónica.
Crónica publicada na edição 504 do Notícias de Coura, 24 de junho de 2025

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