segunda-feira, 14 de julho de 2025

Mais apontamentos dispersos

Foi em julho de 2018 que publiquei uma crónica com o título de apontamentos dispersos. Provavelmente faltou-me assunto para as setecentas palavras dos costume e então resolvi escrever sobre várias coisas, e com cem palavras sobre cada uma delas se cumpriu a obrigação literária! Hoje farei a mesma coisa. Pensei por momentos noutra solução, resolveria provavelmente a questão em dois ou três minutos, mas vieram-me à memória as palavras de Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que em 2007 dizia acerca da construção de um aeroporto na margem sul: “Jamais, jamais.”

Chat GPT: Nos últimos dias tive oportunidade de me insurgir contra alguns colegas meus, Professores, que me dizem recorrer frequentemente ao Chat GPT para os ajudar a escrever alguns textos. “Olha lá, é só dizeres ao Chat GPT para te construir uma síntese sobre um aluno que é preguiçoso, que não faz os trabalhos de casa, estuda pouco e se mostra pouco empenhado nas aulas, e já está. Ele escreve um texto fantástico.” Era o que mais faltava, digo eu, sejam as palavras bonitas ou menos agradáveis, aquilo que tiver de ser dito vai sê-lo por mim. Até porque o tempo que perco a dar-lhe as indicações escrevo eu o texto. Sei bem das capacidades do Chat GPT e das vantagens da sua utilização, mas dificilmente ele conseguiria ser irónico e mordaz como eu às vezes consigo ser, e nunca me daria a satisfação que tenho de chegar às seiscentas ou setecentas palavras e pensar: “Já está, consegui escrever mais uma crónica e cumprir a minha obrigação de o enviar a tempo e horas!” Portanto, recorrer ao Chat GPT para me ajudar a escrever a minha crónica: “Jamais, jamais.”

António José Seguro: Apresentou oficialmente a candidatura, com o único propósito, creio eu, de irritar o PS. E já o conseguiu. António Vitorino já anunciou que não será candidato, José Luís Carneiro tem um problema nas mãos, que está a tentar adiar até depois das eleições autárquicas, e nos últimos dias tem-se ouvido a hipótese de Augusto Santos Silva ser candidato. Para bem do próprio, e do PS, era melhor que não se metesse nessa aventura. Mais vale o PS “fechar” os olhos e apoiar Seguro, nem que isso lhe custe tanto quanto custou ao PCP apoiar Mário Soares em 1986.

Casamento em Veneza: Não fossem as notícias das últimas semanas na comunicação social e meio mundo não sabia que Jeff Bezos era o dono da Amazon, muito menos que se ia casar, e que o queria fazer em Veneza. Pelos vistos, o homem convidou umas quantas pessoas cheias de dinheiro, que resolveram ir gastar uns milhões na cidade. Eis senão quando, uns quantos indignados decidiram revoltar-se dizendo que “Veneza não está à venda!” Absurdo… Veneza está à venda há muitos e muitos anos aos milhares e milhares de turistas que por lá passam. Qual a diferença para Bezos? Obviamente o mediatismo. Este foi um casamento que levou à cidade novecentos milhões de retorno financeiro, Bezos doou três milhões a várias instituições da cidade. Irrita-me esta falsa indignação de pessoas que se calhar nada fazem pelas suas terras. (Como me irritava quanto ouvia pessoas a indignarem-se contra o Festival de Coura… quantas terras gostariam de o ter, quantas cidades gostariam de ter lá “Bezos” a casar.)

Humor em tribunal: Os noticiários têm estado nos últimos dias atentos ao desenrolar das sessões do julgamento em que o grupo musical Anjos acusa a humorista Joana Marques, de lhes ter feito perder uns milhares de euros em contratos por ter publicado um vídeo em que, aparentemente, gozava com a atuação dos mesmos quando cantaram o hino nacional. Depois de ouvir os Anjos a “tentar” cantar o hino, também eu me ri, e achei aquela entoação ridícula. (Eu não canto exatamente por isso!) Em 1987, o ator João grosso cantou uma versão rock do hino e foi processado pelo Estado. Não aprecio nada o humor de Joana Marques, mas ver os Tribunais perderem tempo com coisas destas é absurdo. Se o 25 de abril se fez para que até alguns deputados possam dizer alarvidades na casa da democracia, é deixar que os humoristas sejam julgados por quem os ouve, e lhes acha, ou não, piada. Férias: Já duas pessoas me perguntaram como estavam a correr as férias. Com a primeira ainda me ri, na segunda já fiz cara feia, a próxima arrisca-se a ouvir daquilo que nem eu vou gostar. Esta mania de pensarem que os professores têm três meses de férias no verão tem de acabar. (E agora vou-me calar, não preciso de escrever mais nada, quem me conhece sabe perfeitamente o que eu iria dizer! Além disso, já tenho mais de setecentas e cinquenta palavras!)


Crónica publicada na edição 505 do Notícias de Coura, 8 de junho de 2025




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