terça-feira, 2 de maio de 2023

Os políticos não são todos iguais.

Andei afastado da minha residência por uns dias, fruto de uma semana de pausa letiva que como professor tive direito! Eu, e muitos milhares por esse país fora. Nestas alturas de pausa letiva só estão normalmente na escola alguns professores que fazem parte das direções. A carreira docente é mal paga, é pouco reconhecida, mas ainda tem muitas coisas que eu aprecio, e esta é uma delas, ter uns dias de pausa na altura do Natal, outros na Páscoa… no verão a história já é outra, pelo menos no que me diz respeito. Chegado à casa, e perdoem-me esta acentuação, mas foi uma das coisas que me ficou de Coura, lá encontrei o nosso jornal no meio de tantas encomendas e correspondência. Já o esperava, ele chega sempre dois dias antes da mensagem da Gorete a alertar para o prazo de envio da minha crónica, e a mensagem já me tinha sido entregue! Como é costume, só comecei a pensar num assunto quando o prazo de envio se aproximou e desta vez fui salvo pelo próprio Notícias de Coura, que trazia uma notícia “Via Verde de Vítor”, sobre a qual não posso deixar de escrever algumas coisas.

Melhor do ler a entrevista ao Presidente Vítor Paulo, é conseguir ouvir a sua voz em todas as palavras, e mais, se tirassem da entrevista todas as referências geográficas, políticas e pessoais, quem o conhece não teria dificuldade em reconhecer as suas palavras. O Vítor é mais do que o Presidente da Câmara de Coura, é um Courense, apaixonado pela terra, que está no lugar de Presidente, e isso faz toda a diferença. Muito antes de ir para Coura, e sem saber muito bem onde ficava, já tinha ouvido falar da terra, por causa do Festival. Hoje, que já lá não estou, continuo a ouvir referências ao festival, mas ainda há dias ouvi uma pessoa dizer “não é lá que fizeram uma fábrica de vacinas?”. Por vezes, lá vemos ou ouvimos os responsáveis autárquicos Courenses num programa de televisão ou rádio a promover os eventos e os produtos da terra. A gestão política atual da autarquia não precisa de discursos nem de apoios escritos, à população basta olhar à sua volta, ver e sentir para perceber se está ou não bem entregue, e a nível local o povo normalmente vota nas pessoas e não nos partidos. E tem votado bem, muito bem.

Falar de obra nesta altura é muito mais do que falar da inauguração recente da ligação à autoestrada A3. Ela vai ser útil sobretudo aos parques empresariais. Quem vai a Coura ao festival rock, ao mundo ao contrário, à feira mostra, à feira da truta e até ao Fitavale, não vai deixar de ir só pelo facto de não ter autoestrada. Acredito que em Coura não aconteça o que se passa em muitas outras terras do nosso país, chega a autoestrada, e em vez das pessoas virem, vão embora.

Diz Vítor Paulo ao filho que “O mundo não pertence aos fortes, mas aos fracos com capacidade de adaptação e que lutam sempre”, e tem sido este espírito que tem levado Coura a um patamar atingido por muito poucos. Há terras com orçamentos dezenas de vezes superiores e que não têm uma escola como a que já foi minha, não têm um Centro Cultural, não têm uma agenda cultural diversificada e permanente ao longo do ano e, acima de tudo, não têm gente que ame tão fervorosamente a sua terra como os Courenses.

Coura tem a sorte de ter um Vítor Paulo genuíno, e uma equipa autárquica capaz de dirigir a terra com ousadia, com esperança, e sobretudo com amor. É por eles que posso dar o título que dei a esta crónica.

Sobre os Courenses, termino com uma frase que ouvi ao Senhor Janeca numa noite, no Centro Cultural, “Eles podem-nos comer, mas não nos vão conseguir c@g@r!”

Crónica publicada na edição 454 do Notícias de Coura, 25 de abril de 2023.



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