Ainda não é desta que me aventuro a falar das “minhas” pessoas de Coura. Estava quase decidido a fazê-lo. Em primeiro lugar porque estava sem ideias, e em segundo porque o cansaço nestes dias tem sido tal que quando chego a casa já só tenho forças para comer, tomar banho e dormir. (Podia queixar-me de passar nalguns dias 12 horas na escola, mas não vou fazê-lo, sabe-se bem que os professores trabalham pouco! Mesmo aqueles que aceitam muitas extraordinárias por semana para se encherem de dinheiro!) Sobre as “minhas” pessoas de Coura estou com grande dificuldade em escolher o segundo de quem vou falar. O primeiro é o Zé João da Pastelaria Courense. Tenho quase a certeza de que foi lá que tomei o 1.º café em Coura, em julho de 2006, tenho a certeza de que foi lá que tomei o último quando em julho de 2019 parti rumo ao sul. Entre estas datas, algumas centenas de cafés, a mesma simpatia e boa disposição de sempre, e aquela expressão que me habituei a ouvir e ainda hoje uso por achar tão bonita “Bom dia pela manhã!” Enquanto não me decido a escolher quem se seguirá, resta-me cumprir o compromisso e redigir mais uns parágrafos. E faz-se luz!
Afinal, também me engano. Lá se vai a minha esperança de ser melhor que Cavaco Silva. Deixo aqui esta confissão, mesmo sabendo que muitos dos leitores do Notícias de Coura já se esqueceram daquilo que escrevi na última crónica. Afirmei ter a certeza de que as provas de aferição correriam mal, pior ainda que no ano anterior. Enganei-me. Apesar de ainda faltar realizar a última prova (realiza-se amanhã, pois estou a escrever esta crónica no dia dezassete), o balanço tem sido positivo, apesar da rede de internet do Ministério da Educação estar cada vez pior, e de cada vez menos routers de acesso à mesma funcionarem (diz-se que por falta de pagamento do Estado), as provas têm corrido bem. Já relativamente à utilidade das mesmas, isso é outra conversa, terei certamente oportunidade de voltar a este assunto. Mesmo que esteja novamente enganado, prometo que voltarei. Nem que seja para criticar o governo caso não tenha a coragem política de acabar com elas.
O título desta crónica surgiu-me, não da lembrança deste meu engano, mas pelas memórias que o teatro me vai trazendo dos tempos felizes que vivi em Paredes de Coura. Aproxima-se o Fitavale, esse fenómeno único em que os grupos de teatro do Vale do Minho vão estrear as suas criações aos municípios vizinhos. Este ano a coisa está a ser diferente. As Comédias do Minho têm essa habilidade de nos surpreender constantemente. Pelo que tenho lido e visto, andam os grupos de teatro a estrear peças nas suas próprias terras. Então e meu TAC? Pois bem, fiquem sabendo que dia 29 deste mês ocorrerá uma autêntica maratona de teatro no Centro Cultural de Paredes de Coura! Vão lá estar os grupos de teatro de amadores todos! É a estreia do TAC, naturalmente não a posso perder! Enquanto tiver saúde, tudo farei para estar sempre presente na estreia de um grupo de teatro que tantas horas de alegria e verdadeira felicidade me proporcionou!
Nesta altura, apenas algumas pessoas poderão esboçar um sorriso ao ler este título! O TAC estava em cena, a representar a talvez mais cómica obra de Molière, O Avarento. Surpreendido pela minha deixa, que não tinha sido dita tal qual estava escrita no guião, aquele que comigo contracenava diz-me baixinho: “Você enganou-se!” Apanhado de surpresa por tamanha ousadia, lá lhe disse entre dentes a deixa dele, na qual pegou e a peça seguiu! Esta é das muitas coisas do teatro que jamais esquecerei! Esta e tantas outras, muitas delas tendo como ponto comum o ator em causa, e pelo qual sinto um grande carinho!
Até já. Vemo-nos no dia 29, no Centro Cultural de Paredes de Coura!
Crónica publicada na edição 481 do Notícias de Coura, 25 de junho de 2024

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