terça-feira, 1 de julho de 2014

Agora sim, a Vila do Rock!


Acabei a minha última crónica, aquela em que eu estava especialmente irritado, anunciando aos leitores que se me perdoassem essa, talvez numa próxima (esta), eu arriscasse a entrar nos meandros da política. Agora que chega a altura de colocar as palavras no papel, sinto-me diante de um pelotão de fuzilamento, sem saber quais as palavras mágicas que me possam libertar desta obrigação, que me possam livrar de entrar em terrenos que me assustam, e pelos quais, sinceramente, não nutro grande admiração.
Uma das formas de me desculpar, seria argumentar com a minha incapacidade de me interessar pelos assuntos da política, e aproveitar o facto de estar a escrever esta crónica depois do primeiro jogo da nossa seleção no Mundial do Brasil 2014. E seria mais fácil porque a nossa seleção perdeu. Como devem imaginar, o terreno da censura e da acusação é muito mais fértil que qualquer outro. Que poderia eu dizer?
- Que a nossa seleção está recheada de estrelas que pensam mais na sua imagem que no bem comum da equipa?
- Que Portugal perdeu porque não se habituou ao país, às altas temperaturas, ao elevado grau de humidade? (A seleção alemã chegou lá primeiro, apesar de nós, em tempos, termos sido os primeiros. Pedro Álvares Cabral era um treinador mais prevenido!)
- Que Portugal perdeu porque jogou mal, e jogou contra uma das melhores seleções do Mundo?
- Que é melhor perder o primeiro jogo, pois só dessa forma Portugal é capaz de fazer contas, é só quando fazemos contas é que somos capazes de jogar melhor?
Poderia fazer mais algumas perguntas (tenho mais 4 ou 5 entaladas no espírito, ainda da raiva que sinto por termos perdido), mas não vou fazer desta crónica um pretexto para expor a minha dor e revolta, até porque acredito, sinceramente, que quando este jornal vos chegar às mãos, a nossa seleção estará perto do apuramento, e fará um grande mundial. É a minha sincera convicção.
E desta forma, não me resta alternativa, terei mesmo de escrever alguma coisa sobre política. Vou-me debruçar, nas linhas que me restam, sobre uma das temáticas do momento: “Paredes de Coura – a Vila do Rock”. Como todos sabem, pois leram a edição 249 deste jornal, trata-se de um projeto de criação de uma imagem de marca e da promoção e difusão da terra, associando-a ao evento, que sem dúvida lhe dá um local no mapa: o Festival.
Sinto uma enorme satisfação por, em maio de 2013, ter dedicado uma das minhas crónicas ao tema do Festival, e ao facto de achar que era ainda pouco aproveitado pela terra, face ao mediatismo que tinha (e tem), e face especialmente aos milhares de visitantes que faz chegar a estas paragens. Como já na altura referi, e insisto em escrever, noventa e cinco por cento das pessoas com que me vou cruzando fora daqui, quando lhes digo onde estou, exclamam: Ah, a terra do Festival! Só lá fui uma vez, há muitos anos, ao festival rock!
Mais do que uma decisão política, é acima de tudo uma decisão inteligente e necessária, e que não tenho dúvidas que trará imensos benefícios à terra, e que servirá de isco para criar mais eventos, trazer mais visitantes e tornar o festival ainda mais importante para a dinamização da região.
Desta vez não vou fazer notas de rodapé para justificar a minha independência partidária, até porque vivendo em democracia, tenho direito a essa escolha. Da mesma forma que dou o mérito a esta ação, sou bem capaz de condenar aqueles que vivem, na sombra de alguns blogs, a atacar os investimentos e apoios dados ao Festival. Sim, ainda há gente que por aqui não sabe que este já foi considerado um dos 5 melhores festivais da Europa, e no ano passado foi o melhor festival português realizado fora do ambiente urbano!
E sabem quem vos diz isto? Alguém que apesar de estar há 8 anos em Paredes de Coura, ainda nunca foi ao Festival. Mas não é isso que me impede de ver a excelência e a grandeza de algo extraordinário!


Crónica publicada na edição 251 do Notícias de Coura, 24 de junho de 2014.

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