No passado dia 20 de abril o mundo foi surpreendido quando o Papa Francisco apareceu aos fiéis na varanda da Basílica de São Pedro para a bênção "Urbi et Orbi". Com uma enorme fragilidade na voz para ler o seu discurso, aquele homem fraco e doente teve ainda forças para dar a volta à praça e saudar os fiéis. Tudo isto em pleno dia de Páscoa, o dia da ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, da promessa na vida eterna. E mesmo para quem não foi capaz de ver nisto um sinal, o dia seguinte foi a prova de que há nas questões da fé algo que nos transcende, um acontecimento que não passa de um facto, (alguém frágil e doente, morrer), fazem-nos acreditar em mais alguma coisa. Nem que seja por necessidade de precisarmos de acreditar em algo melhor que nós, algo que justifique a nossa existência, algo que nos faça ter esperança em combater as asneiras e disparates que fazemos nos dias que vamos vivendo. A morte de Francisco não é só a morte do Papa, é o desaparecimento de um homem bom, o exemplo de alguém que o mundo admirava, pelo exemplo e pelas palavras. Ouvi um artista português dizer na rádio que, tendo estado junto a Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude de Lisboa, “mesmo não acreditando em Deus, estar junto ao Papa deu-me uma vontade de acreditar, para com ele poder rezar.” Francisco deixa-nos um vazio que temos medo de não ver preenchido. Depois de João Paulo II ficou-se com a imagem de um Papa simpático e acolhedor, e o medo de nunca se voltar a ter outro assim. Felizmente tivemos Francisco. Apetece-me ouvir de novo as palavras de João Paulo II, “Não tenhais medo.”, o conclave começa dentro de dias e aproxima-se o 13 de maio. Depois de Francisco, não podemos voltar atrás.
Uma semana depois mais um apagão. Desta vez colocou o nosso país sem energia elétrica durante mais ou menos 10 horas. E pior do que sem energia elétrica, foi ter estado sem comunicações. De um momento para o outro, os portugueses viram-se sem comunicações móveis, sem internet e sem redes. E agora!? Que fazer!? Muitos descobriram que podiam ir para a rua falar com os vizinhos, fazer uma caminhada, jogar às cartas com os filhos ou simplesmente ler um livro. Outros, talvez alarmados porque na rádio alguém disse que a situação podia durar horas, ou dias, apressaram-se a comprar água, velas e rádios a pilhas, isto obviamente aqueles que tinham dinheiro físico (moedas e notas)! Estranhei de facto ver filas enormes de gente a meter combustível e comprar água, e assustava-me pensar que a situação pudesse durar dias… seria decerto a anarquia. Os políticos não perderam tempo a atirar as culpas de uns para os outros. Mesmo sem ter conhecimento sobre a matéria, e não me apetecendo fazer uma pesquisa sobre o assunto, acredito que Portugal tem barragens suficientes e eólicas mais do que bastantes para se autossustentar, ou se não tem, podia perfeitamente ter. Mas percebo que estejamos dependentes da Europa, mais propriamente da nossa vizinha Espanha, por uma questão de preço. É triste ser um país pobre. Nas próximas semanas teremos mais alguns apagões no nosso país. Desde logo o apagão futebolístico que irá atingir um dos grandes clubes de Lisboa, pois só um será campeão. Pode ficar tudo decidido no próximo fim-de-semana, antes ainda desta crónica chegar às mãos dos leitores do Notícias de Coura, embora prefira que os verdes ganhem, não irei sofrer se for ao contrário, pessoalmente já sofri com o apagão que atingiu nas últimas semanas o meu Desportivo de Chaves, pois já não é este ano que regressa à primeira divisão. Politicamente, tenho a certeza de que no próximo dia dezoito haverá alguns apagões, desde logo o da estabilidade política pois só por milagre a coisa será diferente. Mas sobre apagões políticos deixo isso para a próxima crónica, cujo título já tenho preparado: Eleições legislativas: quando serão as próximas?
Crónica publicada na edição 501 do Notícias de Coura, 13 de maio de 2025

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