segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Vou viajar, mas só levo bagagem de mão!

Não podia de forma nenhuma deixar passar a oportunidade de escrever sobre isto!

Deputado do Chega na Assembleia da República suspeito de roubar malas nos Aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada. Usando uma expressão popular que desde há décadas conheço: “Isto não lembrava nem ao diabo!” Por mais motivos que se tentem encontrar é difícil descobrir razões para uma “proeza”* desta magnitude. Um deputado tem um vencimento bem generoso, recebe também ajudas de custo que fazem inveja a milhares de trabalhadores do país, não tinha necessidade de roubar malas para depois vender a roupa a preços simbólicos numa plataforma online. (E sobre a roupa nem me vou pronunciar sobre o facto de, ao que se suspeita, não ser vendida a roupa de criança. Espero que o caso não fique ainda mais tenebroso.) O local onde o decidiu fazer é prova suficiente para ter uma ideia da inteligência do artista! Haverá lugar mais vigiado que um aeroporto!? André Ventura deve ter ficado fora de si, ao menos teve a decência de o condenar e até pelos vistos de o pressionar a deixar a Assembleia da República. (Dizem as más-línguas que os deputados do Chega o chegaram a apertar fisicamente, deviam ter sido mais brutos, talvez resultasse. Eu não os condenaria!) Mal esteve o líder do Chega Açores, ao vir com a conversa sobre da “presunção de inocência” e “deixar à justiça o que é da justiça” ou “agora é o tempo da justiça”, fez lembrar os políticos dos grandes partidos quando têm chatices destas com os seus camaradas. Entretanto, o Sr. Deputado Miguel Arruda diz que vai meter baixa psiquiátrica, e depois volta como deputado independente, com gabinete próprio e mais de cinco mil euros por mês para despesas. Ficará bem melhor. Espero que os seus vizinhos façam alguma coisa para que o nome da sua terra não continue nas notícias por maus motivos.

Já que viajei até aos Açores, e não corro o risco da minha mala desaparecer, pois só levo bagagem de mão, vou dar um saltinho ali a Washington D.C. e dar uma ajuda ao Presidente Trump. Vi nas notícias uma imagem de Donald Trump, sentado à sua secretária da Casa Branca a assinar dezenas de despachos, em capas pretas de tamanho A4. Não havia necessidade de ser em papel, além de ser um gasto desnecessário, e “matar” imensas árvores, dá uma imagem de desorganização e atraso tecnológico. Nem sei como Elon Musk ainda não reparou nisto. Levo comigo o meu portátil e um leitor de cartões de cidadão, espero que eles me deixem usar a internet para lhes mostrar o que é a assinatura digital e a forma segura de assinar documentos online. (Peço a algum emigrante que eventualmente passe junto à Casa Branca, para meter uma fotocópia do meu artigo na caixa de correio!) Agora mais a sério, que o homem era louco já todos sabíamos, mas nunca pensei que todos os dias fizesse da loucura, lei: deportar imigrantes ilegais compreendo, agora que viajem de pés e mãos atados é desumano; que ajuste as tarifas dos produtos chineses percebo, agora fazê-lo ao Canadá é uma péssima ideia, país do qual depende em termos energéticos. Já nem vou falar da ideia absurda de querer anexar Canadá e Gronelândia. Há que fazer frente a este homem, só quando sofrer na pele as consequências das suas decisões é que o povo americano vai perceber a asneira que fez, não sei se não será tarde demais.

Para que esta crónica não seja só falar de “gente louca”, não posso falar desta vez dos candidatos presidenciais! Termino a crónica salientando a coragem do líder do PS, Pedro Nuno Santos, em reconhecer a necessidade de o país não ter as portas abertas sem criar condições dignas para quem vem trabalhar para Portugal. Controlar as fronteiras é lutar contra o tráfico e a exploração de mão-de-obra que existe no nosso país, e não é uma perceção, é um facto. Já na parte de assumirem a nossa cultura e os nossos hábitos, esteve mal. O que todos têm obrigação é de respeitar e cumprir as nossas leis.



* Uso o termo proeza não no sentido mais conhecido da palavra, ser um ato de valor ou uma façanha, mas por ser a expressão que a minha esposa usa quando eu faço alguma daquelas coisas que também não lembram ao diabo!


Crónica publicada na edição 495 do Notícias de Coura, 11 de fevereiro de 2025



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