terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Legislativas em trinta debates

Quando em novembro do ano passado Marcelo Rebelo de Sousa marcou eleições para 10 de março, invocou a estabilidade para garantir a aprovação do Orçamento de Estado para 2024. Ao mesmo tempo, dava tempo ao PS para se organizar internamente e dava também uma mãozinha ao PSD ao dar-lhe tempo para se conseguir afirmar como alternativa. Na minha opinião, o PS já se organizou (tem um líder que eu até apreciava, até às trapalhadas e irresponsabilidades que o caso TAP veio dar a conhecer), o PSD tarda em se afirmar como alternativa e vê cada dia que passa ex-militantes a transitar para o partido de André Ventura) e, aquilo que mais me aborrece, é que nos obriga a levar com mais de 4 meses de permanente campanha eleitoral.

Para ajudar ao esclarecimento do povo vamos ter trinta debates televisivos. Sim, trinta debates. Um exagero de tempo e de dinheiro, na minha opinião dois debates entre todos os partidos com representação parlamentar chegavam. Mas vamos lá então tentar adivinhar o resultados de alguns destes trinta desafios!

Partidos sem representação parlamentar: Este vai ser aquele que não quero de forma nenhuma perder, decerto dará para rir um bocado e para ficar com matéria-prima para quem sabe, escrever mais uma crónica. Ainda me lembro quando em 2022 o representante do ADN (Alternativa Democrática Nacional) participou no debate por videoconferência por se recusar a fazer o teste anticovid e dizer que a sua primeira medida seria, decretar o fim da pandemia! Estou curioso em saber quais serão as propostas do RIR, partido do Tino de Rans, uma personagem simpática e cuja simplicidade e bonomia não abunda na classe política.

PAN, IL e Livre: Nos debates que envolvem estes 3 partidos não tenho intenção de ver nenhum. Desde que João Cotrim de Figueiredo deixou a IL este partido perdeu esclarecimento, o seu novo líder, Rui Rocha tem demonstrado não ter argumentos nem capacidade de debate, basta lembrar o discurso que fez quando António Costa deixou o governo dizendo-lhe “Hasta la vista, adeus”. É demasiado mau. Já Inês Sousa Real do PAN não entusiasma nem os militantes do seu partido, a causa dos animais e da natureza é sem dúvida nobre, mas requer outro tipo de discurso e de ações. O PAN só conseguirá ter importância quando os seus votos fizerem falta para aprovar orçamentos. Quanto ao Livre, é um partido simpático, mas de propostas irreais. No entanto, para mim, Rui Tavares é o melhor orador e o mais educado dos deputados, chega até ser estranho ser político.

PCP e BE: Acredito que estes dois partidos vão ter melhores resultados, e acredito também que, a existir essa possibilidade, darão a mão ao PS para formar governo. As suas lideranças renovadas terão de ter muito cuidado e ser mais exigentes, da última vez que o fizeram foram castigados nas urnas. Estes são debates que certamente não colocarei na minha agenda.

Chega e PS: Este é o outro debate que não quero perder, tenho esperança de que Pedro Nuno Santos se irrite e parta mesmo para a agressão ao perder a paciência com as acusações que certamente André Ventura lhe irá fazer! Agora mais a sério, André Ventura acredita nas mentiras que diariamente diz e faz propostas que levariam à banca rota o país ainda de forma mais rápida e grave do que fez José Sócrates. Pedro Nuno Santos não mente, apenas diz que não se lembra, que aquela responsabilidade não era do seu Ministério ou que quem redigiu os contratos foram os serviços jurídicos. Afirma que vai fazer tudo aquilo que enquanto esteve no governo não fez. A acredita nas sondagens, o povo acredita. AD e PS: Este será o último debate, é tão importante que vai ser conduzido por três jornalistas dos 3 canais televisivos (RTP, SIC e TVI). De um lado teremos Pedro Nuno Santos a reivindicar tudo de bom que o anterior governo fez e a prometer fazer bem tudo o resto, do outro lado, Luís Montenegro a tentar dar credibilidade e entusiasmo a propostas que até são boas, mas em quem o povo não acredita. Quando se fala em governos à direita o povo lembra-se da Troika, quando se fala em governos à esquerda, o povo esquece as bancas-rotas. É curioso, mas talvez seja normal, mais depressa nos lembramos de quem nos salva do que de quem nos tenta matar. Este debate será a 19 de fevereiro, pelas minhas contas terei nesses dias de escrever mais uma crónica para o Notícias de Coura, obviamente que não me é difícil decidir qual é a tarefa mais importante.


Crónica publicada na edição 471 do Notícias de Coura, 30 de janeiro de 2024

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