segunda-feira, 3 de abril de 2023

Regressos inoportunos

Gouveia e Melo 

Treze militares da Marinha Portuguesa recusaram-se há uns dias a partir numa missão de acompanhamento de um navio russo que passou na Madeira. Pelo que se apurou, os militares afirmaram que se a missão fosse salvar vidas não se teriam recusado a embarcar, não sendo esse o caso, e alegando inúmeras limitações técnicas do navio, manifestaram a sua recusa perante o comandante. A missão não foi assim cumprida. Não sabemos se o navio russo cometeu alguma ilegalidade quando passou ao largo de Porto Santo, mas por certo não teve a ousadia de pescar alguma espécie protegida, os interesses russos são outros, como infelizmente bem sabemos. O caso tornou-se um problema nacional, e ao ouvir as declarações de algumas entidades, nomeadamente do chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, e do senhor Presidente da República, Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, estamos perante um dos casos mais graves de insubordinação do nosso país. Eu não percebo muito desta coisa da disciplina militar, nem devo tecer grandes considerações pois fui considerado inapto para o serviço militar e ainda me atrevi a escrever numa revista nacional que as 36 horas que passei na inspeção militar foram das horas mais inúteis da minha vida mas, haja paciência… quando ouvi um militar a dizer que “nas Forças Armadas primeiro faz-se a missão, e depois é que se reclama”, também eu pensei: - Olha que grande parvoíce, era o que mais faltava. Imagino logo uma cena de humor engraçada para qualquer comediante:

General: - Soldado, atire-se já deste 30.º andar para apanhar aquele inimigo.
Soldado: - Meu General, sem para-quedas sou capaz de me aleijar.
General: - Cumpra a missão soldado, reclama depois.

O que aconteceu é que os 13 militares vão ser alvo de um inquérito criminal, e não sei se os problemas de falta de segurança que alegam que o navio tinha lhe vão ser suficientes para os desculpabilizar do não respeito pelas ordens militares. Tudo lamentável, mas o pior foi a atitude prepotente de Gouveia e Melo, quando ao vivo e a cores, isto é, pela televisão, apontou o dedo aos militares e julgando-os publicamente, falando em insubordinação, desobediência e indisciplina. Em nenhum momento pareceu preocupar-se com a segurança dos seus homens, apenas em fazer ver que quem manda é ele, e que não vai tolerar nada que coloque isso em causa. Como cidadão deste país gosto que haja este tipo de autoridade, mas em sede própria, em privado. Em público vi isto como uma forma do senhor Almirante se mostrar aos portugueses. Já lhe dediquei palavras de louvor pela responsabilidade única que teve no combate à pandemia. Devia deixar que os portugueses o recordassem por isso. Se pensa em algo mais, está no seu direito, mas há pelo menos uma pessoa que não lhe dará o voto.

Cavaco Silva

Não gosto nada de falar de Cavaco Silva, mas não posso perder a oportunidade de dar mais uma alfinetada no PSD e também no PS. Convidado pelo Presidente da Câmara de Lisboa para falar do seu programa de erradicação das barracas de há 30 anos, Cavaco Silva, destilou ódio e raiva no atual governo e nas suas políticas de habitação. Como dizia Herman José, “Não havia necessidade!” As políticas atuais no setor da habitação são fracas já por si, dificilmente terão algum sucesso. E as de Cavaco tiveram sucesso pela pressão do então Presidente da República Mário Soares, não fosse a sua atuação e o governo de Cavaco Silva pouco ou nada tinha feito nessa altura. Ao destilar ódio pelo atual governo, Cavaco Silva faz mal em primeiro lugar ao seu partido, se o atual PSD já entusiasma pouco o país, imaginá-lo à semelhança de Cavaco só piora a situação. E a culpa também é do PS, não fossem as lutas internas que levaram o PS a não apoiar Manuel Alegre, Cavaco nunca teria sido Presidente da República, e não teria atualmente o tempo de antena que lhe insistem em dar.

Donald Trump

Apareceu há dias a incitar, mais uma vez, os seus apoiantes à revolta. Afirma que vai ser preso na terça-feira, dia 21 de março. A mim parece-me um excelente dia para tal, prender o ex-Presidente americano será sempre uma boa notícia, e não faltam certamente motivos para o justificar. Embora seja um excelente tópico para uma crónica, não vou esperar até amanhã. Deixo esta crónica por aqui, são quase nove e meia da noite do dia 20 de março, segunda-feira. Hora de enviar esta crónica com destino a Coura.


Crónica publicada na edição 452 do Notícias de Coura, 28 de março de 2023.



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