quarta-feira, 2 de março de 2016

Será a Internet um perigo?


Foi esta a pergunta que o professor de informática fez aos seus alunos no âmbito de uma aula dedicada a esta temática e lecionada na 1.ª quinzena de fevereiro para assinalar a passagem pelo dia 9, o dia internacional da Internet segura. 
SIM, responderam os menos corajosos; NÃO, disseram com convicção os mais afoitos, julgando-se os mais fortes e conhecedores de tal terreno; Depende… disseram a medo alguns, acrescentando num tom baixinho, quase com medo de serem ouvidos: Depende da forma como a usamos. 
Era isso mesmo que o professor queria ouvir. Assim ficou com a desculpa para os questionar: - Então digam-me lá, que cuidados devem ter para que a Internet não se torne um lugar perigoso? 
Durante cerca de 30 minutos reavivámos a memória dos alunos sobre esta temática, eles já ouviram isto várias vezes, mas nunca é demais chamar este assunto a debate. Uma das principais mensagens transmitidas foi a de “pensar antes de publicar”, é fundamental perceber que depois de se publicar uma coisa, ela jamais desaparece, mesmo que seja apagada uns segundos depois, com certeza já alguém a viu, por certo já alguém a copiou, e há riscos sérios de alguém um dia a vir a partilhar. 
Num dos filmes que tivemos oportunidade de partilhar, alguns alunos disseram que a música era assustadora. E era. E o objetivo era mesmo ser, pois tratava-se de um vídeo sobre predadores online, e sob a facilidade com que se obtém informação através de perguntas simples e numa primeira impressão, inocentes. 
Como não podia deixar de ser, uma das coisas mais faladas durante esta aula/palestra/sessão de informação, foi o Facebook. Eles sabem que só devem ter amigos que conhecem; sabem que não devem aceitar pedidos de amizade sem antes verificar se aquele “amigo” será mesmo quem parece ser; sabem que devem ter cuidado com o que publicam e sabem também que não devem usar o Facebook para ofender e criticar os outros. Fazem-no? Grande parte acho que sim, mas ainda há alguns que insistem em falhar. É aí que a missão dos Pais, Encarregados de Educação, Professores e demais interessados, é a de atuar, pedagogicamente. 
Há que defenda que as crianças não deviam ter Facebook, há quem não deixe os filhos ter Facebook, há outros que criam as contas dos próprios filhos e partilham com eles a palavra-passe (o que é muito importante), há até psicólogos que dizem que os pais NÃO devem ter como objetivo ser amigos dos filhos. Não vou tecer considerações. O que eu sei é que o Facebook é uma ferramenta extremamente poderosa, pode ser viciante, é verdade, mas as potencialidades superam em larga medida os riscos. Há que a saber usar, há que saber aproveitar tudo aquilo que ela nos pode dar, há que estar atento e vigilante, no caso das crianças, super-vigilante. 
Antes de saírem da sala de aula, foi entregue aos alunos um panfleto sobre este tema. Foi-lhes dito que era para lerem em casa, junto com os Pais e Encarregados de Educação. Espero que o tenham feito! 
No final da aula de uma das turmas, um aluno questionou: 
“ – Oh Sr. Professor, quer a gente fique cheia de medo é?” 
” – Cheios de medo não”, respondi, “apenas com o medo suficiente para sempre que estiverem na Internet se lembrem das coisas que aqui falámos!” 

NOTA: O autor é professor de informática e tem Facebook, que utiliza com grande intensidade. Entre os amigos do Facebook do autor estão praticamente todos os seus alunos. Esta é uma das formas do professor “ir vigiando” alguns comportamentos dos mesmos, inclusive nas aulas em que permite o seu uso por parte dos alunos. O autor acredita que a Internet foi a melhor invenção do homem e devemos aproveitá-la ao máximo, sem nos deixarmos dominar por ela é claro, embora seja um vício mais saudável que muitos outros.

Crónica publicada na edição 289 do Notícias de Coura, 23 de fevereiro de 2016.

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