terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Apostas políticas!

Terminei a última crónica com umas breves considerações sobre as minhas perspetivas acerca dos resultados eleitorais das próximas eleições legislativas. Apesar de ser mais fácil fazer os prognósticos depois do jogo, como disse um dia o carismático capitão do FC Porto, João Pinto, eu prefiro arriscar e fazê-lo já. Se acertar em todas, envio logo depois das eleições a minha crónica para as empresas de sondagens em busca de um part-time bem remunerado, se falhar, arranjo assunto para escrever mais qualquer coisa!

PS: A menos que aconteça um qualquer “acidente eleitoral” do outo mundo, o PS vai ganhar as eleições. O PS, não é António Costa, pois como todos sabem nestas eleições elegem-se deputados, não se escolhe o 1.º Ministro! O objetivo do PS é obviamente alcançar a maioria absoluta, já vários analistas políticos tinham previsto eleições antecipadas, o apoio ao governo estava a desgastar o eleitorado do PCP e do BE, e sabia-se que ao mínimo sinal positivo de sondagens próximas da maioria absoluta o PS forçaria as eleições, e foi o que aconteceu. A estratégia agora é simples, culpam-se os partidos à esquerda pelo chumbo do orçamento, assusta-se o eleitorado com o fantasma do PSD de Passos Coelho e pede-se a maioria absoluta. Talvez fique perto, mas não acredito que a consiga, e assusta-me que a possa conseguir. Da única vez que o PS teve maioria absoluta, José Sócrates começou a conduzir o país para a banca rota. (Eu fui um dos culpados, também votei nele).

PSD: Vai de certeza aumentar o número de deputados na Assembleia da República, mas não terá hipóteses de formar governo, uma vez que qualquer coligação que possa fazer com os partidos à direita não é suficiente. Nem que tivesse a tentação de aceitar o apoio do Chega. Rui Rio mostra-se uma pessoa séria e honesta, mas impreparado para ser 1.º Ministro. Aliás, tanta seriedade e honestidade, aliada ao facto de ter “o coração junto à boca”, só lhe traria dissabores. Basta ver o ataque constante que sofre pelo facto de querer acabar com o sistema de saúde “tendencialmente gratuito”, o PS sente-se muito ofendido com isto, mas a verdade é que de nada vale estar essa expressão na Constituição, se cada vez mais pessoas estão sem médico de família e são obrigadas a ter seguros de saúde ou a pagar consultas em clínicas ou hospitais privados. (Também aqui falo por experiência própria).

CDS/PP: o futuro avizinha-se negro* para o partido de Francisco Rodrigues dos Santos, algumas sondagens atiram-no para o abismo, à beira da extinção. Mas se há partido em que as sondagens nunca acertam é sempre o CDS, acredito que seja pela lealdade dos militantes. Narana Coissoró, ex-dirigente do partido, afirmou há tempos que “Se pusessem um macaco à frente do partido, votava no macaco.” Vamos esperar pelos resultados, mas vai de certeza perder deputados.

BE/PCP/PEV: Coloco estes partidos juntos porque me começa a faltar espaço para escrever, não é nenhuma provocação. Têm culpa obviamente na crise política que vivemos, e vão pagar por isso. Mais o BE do que o PCP. Ambos os partidos vão perder deputados, com particular expressão o BE, o eleitorado do PCP é mais fiel. Muitos eleitores do BE vão votar PS, com a justificação do voto útil, e uma vez que António Costa já firmou que não conta com eles para nenhuma futura geringonça.

IL/Livre/PAN: Juntar estes três também não é provocação. A Iniciativa Liberal vai eleger mais deputados e se todos tiverem a qualidade intelectual de João Cotrim de Figueiredo é a Assembleia da República (AR) que ganha. O Livre dificilmente vai eleger Rui Tavares, o que é pena, fica a AR a perder um político intelectualmente bem preparado, embora algumas das propostas do seu partido sejam um “devaneio político sem sentido”. O PAN vai perder deputados, logo agora que António Costa está a pensar em aliar-se a ele para formar maioria absoluta. Por mais que eu goste muto dos animais e da natureza, algumas das propostas do PAN são um verdadeiro absurdo, destruiriam o sector primário da economia. Quase fazem lembrar o tempo em que entrou dinheiro em Portugal para se abater barcos de pesca e destruir pomares e outras culturas agrícolas, era Cavaco Silva 1.º Ministro.

Chega: Ainda bem que já não tenho muito espaço! Não vai ser a terceira força política obviamente, pode até ter muitos votos, mas não vai eleger mais deputados que BE ou PCP. Até porque ter muitos “Venturas” na AR deixava de ser uma coisa com piada para ser um absurdo.

* Na eventualidade da ex-deputada Joacine Katar Moreira ler a minha crónica, alerto-a que uso a palavra negro no sentido figurado, antevendo um período de desgraça ou infortúnio para este partido. Sinto-me na necessidade desta nota de rodapé em virtude da ex-deputada se ter indignado com o cartaz do BE onde anunciavam “compromissos claros”.

Crónica publicada na edição 425 do Notícias de Coura, 25 de janeiro de 2022.



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