terça-feira, 3 de agosto de 2021

Finalmente de férias!

Estou a escrever este artigo quando já só me resta um dia de trabalho para entrar de férias! Já!? Pois já! Mas não fiquem a pensar que vou já de férias até meados de setembro! O tempo em que os Professores tinham dois ou três meses de férias de verão já lá vai! Alguns ainda têm quase isso, mas isso é outra conversa! Este foi um ano letivo extremamente duro. Começou em setembro com muitas medidas que nos condicionaram o trabalho, as máscaras, as bolhas, o desfasamento das turmas, as portas e as janelas abertas, o afastamento entre as crianças (tantas e tantas vezes esquecido). Depois, no final de janeiro viria o pior, voltámos todos para o ensino à distância e por lá ficámos durante dois meses. A pausa letiva da Páscoa de uma semana serviu apenas para as reuniões de avaliação, estamos a trabalhar sem parar há praticamente 6 meses. Estamos todos cansados, e não é apenas um efeito secundário da vacina! Antes de ir para férias, deixo alguns desabafos sobre o que se passa na educação:

Matemática: O programa da disciplina vai mudar pela sexta vez nos últimos 30 anos. Daquilo que li, desta vez vai ser suprimida a numeração Romana e as medidas agrárias! Vou deixar isto para uma crónica inteira, de facto, a numeração Romana e as medidas agrárias são coisas sem interesse nenhum, nem utilidade! No ensino, como em áreas fundamentais como a saúde e a justiça, a estabilidade devia ser um pilar fundamental, não dependente da ideologia política de quem nos governa. Não tem sido o caso. Não vou escrever muito sobre a matemática, já o fiz algumas vezes, é uma disciplina da 1.ª divisão, tem sido das que mais tem ocupado as preocupações dos governantes nas últimas décadas. Resultados? Estão à vista.

Provas de Aferição: Ainda este ano letivo não terminou, o próximo vai começar com as mesmas medidas de combate à pandemia que o anterior, e já o governo se antecipou a publicar um calendário escolar (obviamente necessário), cheio de datas para imensas provas de aferição. Já muitas vezes critiquei estas provas e volto a fazê-lo, e continuarei a fazê-lo enquanto não vir soluções ou estratégias decididas em função dos seus resultados. Até hoje, o que é que mudou com as Provas de Aferição? Nada. Sobre as escolas são despejadas orientações e despachos, sem nunca se avaliar qual o seu impacto nas aprendizagens dos alunos. Os resultados da aferição que se aproxima vão trazer como conclusão aquilo que todos já sabem: que nestes últimos dois anos os alunos viram as suas aprendizagens comprometidas pela pandemia que vivemos, e que aprenderam pouco, e que os alunos com mais dificuldades e com problemas sociais, menos aprenderam ainda. Não é preciso ser bruxo para prever isto.

Promessas e anúncios: Foi com satisfação que ouvi o Senhor Ministro da Educação anunciar que a diminuição dos alunos por turma iria continuar. Mas depois refleti e pensei: Mas para continuar, já devia ter começado, coisa que ainda não aconteceu. Já quase parecem aqueles anúncios da contratação de auxiliares de ação educativa para as escolas, se contratassem tantos quantos prometem, as escolas teriam mais auxiliares que alunos! Mas sobre o tamanho das turmas, vou também deixar casos concretos para uma próxima crónica.

Imprecisões nos Exames Nacionais: A elaboração dos exames nacionais do ensino secundário é um processo elaborada por equipas experientes de professores, analisados por consultores, validados cientificamente por professores do ensino superior, verificados e testados por outros tantos especialistas, e ainda assim, todos os anos há gralhas, há imprecisões, há questões dúbias e constantes ajustes aos critérios de correção. Não devia acontecer. Não devia, mesmo.

Vou agora de férias durante uns dias. Quando voltar a escrever já estarei de novo a trabalhar, e às tantas até posso usar os resultados dos exames nacionais como tema de inspiração para a próxima crónica!

Crónica publicada na edição 414 do Notícias de Coura, 27 de julho de 2021.



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